
Segurança alimentar
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Protagonistas nos tempos bíblicos, elas desempenharam papéis relevantes para cumprir os planos de Deus
13/03/2025
Por Marcelo Santos
Nos dias atuais, a pornografia se tornou um dos vícios mais acessíveis e silenciosos. Seu impacto tem afetado milhões de pessoas mental, emocional e espiritualmente. Em uma era tecnológica, de fácil acesso digital, esse ato aprisiona jovens e adultos em um ciclo compulsivo que, progressivamente, desafia cristãos de todas as faixas etárias. Um recente estudo do Grupo Barna, instituto de pesquisas norte-americano, publicado no segundo semestre de 2024, revela que a maioria dos pastores americanos (57%) e líderes de jovens (64%), nos Estados Unidos, estão lutando contra o vício em pornografia. O levantamento, O Fenômeno Pornô: O Impacto da Pornografia na Era Digital, debruçou-se sobre cerca de três mil entrevistas com adolescentes, adultos e lideranças de igrejas evangélicas nos EUA. Os dados indicam que 57% dos cristãos praticantes – que frequentam comunidades religiosas –, admitem acessar conteúdos pornográficos regularmente, e esse número aumenta para 66% entre jovens de 13 a 24 anos.

Foto: Divulgação / Graça Editorial
Em seu livro No altar da idolatria sexual (Graça Editorial), o pastor, escritor e palestrante norte-americano Steve Gallagher, fundador do Ministério Vida Pura, descortina a gravidade do pecado da compulsão sexual. O autor, que ainda na adolescência se tornou dependente de pornografia e viveu nesse mundo nefasto por 12 anos, lembra-se de como era estar dentro do ambiente eclesiástico sendo um compulsivo sexual. Eu me sentia um verdadeiro hipócrita quando ia à igreja. Sempre tive uma sensação desagradável de que as pessoas na igreja sabiam de alguma maneira o que eu estava fazendo em secreto. Quando finalmente comecei a andar em vitória, fui liberto para conseguir olhar as pessoas nos olhos, sabendo que eu nada tinha a esconder. Como Salomão descreve: Fogem os ímpios, sem que ninguém os persiga; mas qualquer justo está confiado como o filho do leão (Pv 28.1), escreve Gallagher, indicando que essa dependência transcende todos os grupos socioeconômicos, raciais e étnicos: A ideia do pervertido sexual de um homem mirrado e imundo, saindo debaixo de alguma pedra, foi banida nos últimos anos, visto que cada vez mais são descobertas personalidades “respeitáveis” nessas situações comprometedoras. Na verdade, quanto mais altamente respeitável for o viciado em sua vida pública, mais vergonha ele terá e maior será seu medo de ser descoberto e exposto.

Foto: Arquivo pessoal
No Brasil, o cenário não parece ser tão distante do revelado pela pesquisa do Grupo Barna e do que o Pr. Steve Gallagher expõe em seu livro, uma vez que a facilidade de acesso à web é uma realidade no país, e o vício em pornografia atingiu também os cristãos brasileiros. Quem já viveu essa realidade sabe exatamente o que o autor diz sobre os enormes danos causados por essa prática pecaminosa.
O Pr. Richard de Vargas Vieira, 31 anos, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Cachoeirinha (RS), relata que a pornografia se infiltrou ainda na infância dele. “Eu devia ter mais ou menos 10 a 12 anos quando tive o primeiro contato com revistas que o meu avô guardava em casa”, recorda-se. No entanto, Vieira declara que a dependência se instalou de fato na adolescência, aos 15 anos, com a descoberta de fotos e vídeos. O caminho para a libertação foi longo, mas ele encontrou solução na fé. “Só quando conheci Jesus fui liberto”, testemunha. O pastor reforça que esse jugo só começou a ser quebrado ao iniciar uma comunhão mais profunda com Deus e com a igreja.

Foto: Marcelo Santos
Antes disso, o ministro sofreu danos na vida sentimental, porque tinha uma visão distorcida sobre o sexo oposto. “A pornografia ofusca a lente pela qual enxergamos o mundo e as pessoas, principalmente o sexo que nos atrai, no meu caso, o feminino. Além disso, desencadeia uma expectativa ‘cinematográfica’ que não será saciada de modo natural em um relacionamento”, observa, enfatizando que a dependência vem acompanhada da masturbação, hábito que gera um ciclo de insatisfação e expectativas fora da realidade. O pastor acentua que a compulsão em pornografia causa estresse, ansiedade e disfunção erétil. Desse modo, a interação com o cônjuge fica menos satisfatória, prejudicando, assim, a intimidade do casal.
Na verdade, explica Vieira, a compulsão é uma armadilha que oferece uma versão distorcida da satisfação sexual projetada por Deus. Ele menciona que a pornografia moderna, amplificada pelo livre acesso aos conteúdos digitais, atua como uma maneira de “enganar” os desejos naturais. “O mundo cinematográfico pornográfico, hoje mais ‘evoluído’ em decorrência das plataformas de conteúdos adultos digitais, é criado de modo a atrair e prender o sujeito que o consome”, afirma. Em razão disso, ele pontua que a melhor proteção contra tal prática é não dar brecha ao inimigo, resistindo de imediato a qualquer material com esse teor, seja nas redes sociais, seja em outras mídias.

Foto: Arquivo pessoal
Libertação em Jesus – O psiquiatra Eduardo Tischer, membro do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC), argumenta que a dependência de pornografia não define o indivíduo e deve ser enfrentada com acolhimento e compreensão. “A pessoa não é o vício, que é algo desenvolvido na vida do indivíduo.” De acordo com Tischer, trata-se de um comportamento que pode gerar consequências bastante negativas, podendo desencadear um ciclo perigoso de prazer e sofrimento no cérebro. Ao consumir esse tipo de conteúdo, o sistema de recompensa do cérebro é ativado, liberando dopamina, o neurotransmissor responsável por gerar sensações de prazer e por motivar a sua busca. Porém, explica o especialista, essa constância desequilibra o cérebro, causando uma espécie de “gangorra” entre prazer e sofrimento.
Tischer assinala que, com o tempo, esse consumo pode evoluir para tolerância, exigindo sempre mais estímulo para alcançar a mesma sensação inicial de prazer. Tal comportamento, conhecido como craving (fissura, em inglês), leva muita gente a desenvolver um consumo compulsivo de pornografia. Esse desequilíbrio cerebral impacta outras áreas, já que o prazer gerado pelo consumo frequente de material pornográfico exige mais tempo e atenção do indivíduo, reduzindo o foco em atividades cotidianas. O psiquiatra revela que essa dependência pode afetar o sono, o trabalho e até os contatos pessoais. “A busca constante pelo prazer digital e imediato da pornografia substitui o investimento em relações mais saudáveis e autênticas.”
Eduardo Tischer pontua que, devido à disponibilidade instantânea de conteúdos variados com um simples clique, o espaço digital contribui para que muitos desenvolvam compulsões na área sexual. Para combater esse problema, ele aconselha que o acometido busque apoio espiritual e o autoconhecimento a fim de superar a condição. “Acreditar que Deus ama e acolhe, sem julgar, é fundamental para o processo de recuperação”, pontua Tischer, incentivando os que estão nessa situação a procurar ajuda. “A luta contra esse vício não é um caminho solitário,” conclui.

Foto: Arquivo pessoal
Dependência oculta – Atento ao assunto, o Pr. Victor Martins, 37 anos, líder regional da Igreja da Graça em Ribeirão Preto (SP), conta sua experiência. “Aos 12 anos, ganhei uma revista pornográfica do meu pai, dando início a uma jornada de vício que durou mais de dez anos”, compartilha Martins. O pastor afirma que encontrou a verdadeira libertação ao experimentar uma transformação contínua em Cristo, realçando o papel fundamental das Escrituras nesse processo. “A busca pela Verdade na Bíblia, como em Romanos 12.1,2, foi o que me libertou”, enfatiza. Para ele, a libertação exigiu esforços específicos a fim de remover os “gatilhos”, forçando-o a buscar em Jesus, por meio de uma dedicação genuína, uma profunda mudança moral e espiritual.
De acordo com Martins, a compulsão em pornografia representa um desafio espiritual e emocional. “Ela anda nas sombras, e o primeiro passo para se libertar dela é reconhecer que é um vício tão perigoso quanto qualquer outro”. O pregador ressalta que, ao contrário do alcoolismo e do tabagismo, a pornografia causa uma dependência que, muitas vezes, mantêm-se oculta, dificultando ainda mais o resgate do indivíduo. Segundo o ministro, a vitória sobre esse mal exige um movimento diário para exercer uma sobriedade moral, permitindo que o próprio testemunho possa, em algum momento, inspirar e ajudar outras pessoas.
Líder do ministério Jovens que Vencem (JQV) da IIGD em São Paulo, o Pr. Allan Costa Souza, 31 anos, avalia que o consumo de pornografia entre jovens cristãos cresce a cada ano, fato que faz muitos acreditarem ser normal e inevitável tal prática. “Hoje, por consumirem inúmeros conteúdos pornográficos, vários deles carregam esse comportamento para a fase adulta, considerando ser o correto”, lamenta. Souza defende que a leitura da Bíblia, a oração e um ambiente de aconselhamento, no qual a juventude possa falar de suas lutas sem prejulgamentos, sejam um caminho eficaz para romper com a pornografia. “É necessário um espaço acolhedor para que as feridas sejam compartilhadas sem constrangimento. Assim, existe a possibilidade de conversar, dar uma palavra, orar e discipular.”

Foto: Arquivo Graça / Rodrigo Di Castro
Seguindo a mesma linha de raciocínio, o Pr. Josias Cruz, 56 anos, da IIGD no Méier, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), ressalta a necessidade de o crente ter fé e compromisso contínuo com a Palavra para vencer a compulsão. “A Bíblia alerta sobre a força da tentação. Em Tiago 1.14,15, há o registro sobre o desejo que atrai e engana o ser humano. Desse modo, a pessoa que é tentada nessa área deve estar em permanente vigilância”, comenta ele, conhecido como o “pastor do amor” por seu trabalho no ministério de casais.
O ministro do Evangelho aponta que a pornografia leva ao isolamento, por causa da culpa e da vergonha, sentimentos que dificultam a caminhada rumo à libertação. Ele também lembra que a meditação em alguns versículos é essencial para haver cura. A pornografia, observa Josias, prejudica profundamente a visão bíblica acerca da pureza e santidade, desvia os padrões morais e corrompe o coração, inclusive, quanto ao adultério. o Mestre disse: Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela (Mt 5.27,28).
O pastor esclarece que a dependência de pornografia gera uma ilusão quanto à intimidade conjugal, causando frustrações que podem levar à infidelidade, conforme registra Hebreus 13.4: Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará. Além disso, ele ratifica que tal prática cria uma barreira espiritual que compromete a comunhão com o Altíssimo, como descreve o profeta Isaías: Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça
(Is 59.2). Cruz entende que o antídoto para alguém se livrar da pornografia é a verdadeira transformação da mente, conforme o apóstolo Paulo orienta em sua carta aos Romanos (Rm 12.2). O pregador completa: “Para que haja a restauração da genuína intimidade com o Senhor e com o cônjuge”.
19 Comments
Existe uma forma de entrar em contacto com os membros dessa Revista? Careço de ajuda.
Caríssimo,
O e-mail da redação é: editor@revistagraca.com.br
Essa é uma realidade em que eu me encontro e peço ajuda pra poder ser liberto desse jugo. Desde tento dar um basta nisso, mas é muito difícil, socorro!!!
Olá, eu li esta mensagem, e digo mesmo que careço de ajuda, tanto espiritual, como psicológica. Cinco minutos atrás estava vendo conteúdos adultos. Mas Deus viu que já era demais e me fez entrar no Facebook, e vi a publicação deste site. Estava lendo a matéria e percebi que preciso de ajuda.
Nossa redação está orando por ti.
Muito obrigado pela mensagem.
Obrigado. Já é a hora de me levanta. Peço a Deus que me ajude a vencer o vício do sexo.
Gostaria tanto que me ajudasse. Que Deus me ajude a vencer este vício inútil.
Nossa redação está orando por ti.
Existe forma de eu entrar eu entrar em contato com os donos desta revista careço de ajuda
Sr. Antonio, entre em contato através de nosso e-mail: editor@revistagraca.com.br
Paz!
Estou há 10 anos lutando contra a pornografia e a masturbação. […] Como cristão e até tendo me sentido chamado para ser ministro do Evangelho como pastor, tenho me ausentado muito do meio das pessoas porque luto há muitos anos contra esse vício e não consigo vencer. Por várias vezes pensei em desistir. Preciso muito de ajuda e, por isso, cliquei em saber mais logo que vi essa chamada de matéria.
Nossa redação está orando por ti. Aconselhamos o senhor a buscar aconselhamento pastoral em alguma igreja evangélica próxima de sua residência.
Peço esse livro por favor.
Caríssimo, o livro de Steve Gallagher pode ser adquirido aqui: https://spovo.com.br/produtos/livro-no-altar-da-idolatria-sexual/
Sou diretor de jovens há três anos. O vício pela pornografia faz de mim um dos piores líderes… O maior perigo que corro é que gosto desse vício e estou ciente das suas consequências. Há como alguém me ajudar? Por favor…
Sofro bastante com esse vicio e não consigo superar.
Eu reconheço que preciso de ajuda, já fiz jejum de um mês e mesmo assim não deu resultado. Posso até parar por um tempo, mas depois volto a cometer o mesmo erro. Confesso que isso têm me tirado da presença de Deus porque me sinto culpada. O pior é que não consigo contar a ninguém. Sofro sozinha. Ajudem-me, por favor.
Caríssima, nossa redação ora por ti. Recomendamos que busque aconselhamento com um pastor da igreja mais próxima de sua casa e que se achegue a Deus em oração. Ele é um Deus perdoador, de amor. Ele quer ver arrependimento — e é o que você demonstra em suas palavras. Leia a Palavra, especialmente Salmo 32:1-7,10, que diz o seguinte: Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano. Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. Pelo que todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas a ele não chegarão. Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento. […] O ímpio tem muitas dores, mas aquele que confia no Senhor, a misericórdia o cercará.