Vida Cristã
14/09/2021
Missões – 267
01/10/2021
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Foto: Ryan Franco / Unsplash

Bem-estar conjugal

Pesquisa aponta que casamentos saudáveis combatem o estresse e contribuem para uma vida mais longa

Por Ana Cleide Pacheco

Alimentação saudável, exercícios físicos e check-up anual. Todas essas são medidas importantes para manter a saúde em dia e promover longevidade. Porém, diversas pesquisas realizadas nas últimas décadas têm demonstrado que o casamento também é um promotor de bem-estar físico e mental. Um estudo divulgado por cientistas da Universidade Carnegie Mellon, no Estado da Pensilvânia (Estados Unidos), mostrou que os níveis de cortisol (hormônio do estresse) são menores entre casados em comparação com solteiros. Isso significa menos riscos de doenças cardíacas e aumento da imunidade.

Outro estudo, publicado na revista médica The American Journal of Epidemiology, apontou que o casamento interfere também na longevidade. Segundo a sondagem, homens casados podem viver até 17 anos mais que os solteiros. Entre as mulheres, o tempo de vida das casadas é ainda maior: 23 anos. Para chegar a essas conclusões, pesquisadores da Universidade de Louisville, no Estado do Kentucky (EUA), analisaram os resultados de 90 estudos, com dados compilados ao longo de 60 anos, compreendendo informações de mais de 500 milhões de pessoas.

Luzinária Costa Rêgo, com o marido, Idalécio, e as filhas Yasmin, Isabela e Carolina: o importante é não buscar satisfazer somente os próprios desejos e as suas vontades, mas prestar atenção ao que fará o cônjuge feliz Foto: Arquivo pessoal

Contudo, não é possível afirmar que a vida a dois é sempre perfeita e, por via de consequência, totalmente livre de fatores desencadeadores de estresse. Isso porque um dos maiores desafios de qualquer casamento é superar diferenças. Afinal, a vivência conjugal é o encontro de duas pessoas com histórias distintas que precisam construir juntas algo totalmente novo. Não raramente, cada cônjuge precisará renunciar a uma parte da própria “bagagem” que carrega a fim de abrir espaço no “armário” que ambos passarão a compartilhar.

Para aoperadora de máquinas Luzinária Costa Rêgo, 44 anos, casada há 19 com o garçom Idalécio Soares da Costa, 43, a renúncia é um ponto crucial para a manutenção do casamento. Para ela, abdicar de alguns gostos, algumas práticas e até de opiniões para dar espaço a gostos, costumes e opiniões do outro é o segredo – desde que esse exercício seja feito por ambas as partes. “É comum que um goste de sorvete e o outro de açaí; um aprecie um bom filme e o outro uma volta no parque; um prefira churrasco, o outro não. Isto é, de fato, comum porque somos indivíduos e temos valores diferentes”, exemplifica Luzinária, assinalando que o importante é não buscar satisfazer somente os próprios desejos e as suas vontades, mas prestar atenção ao que fará o cônjuge feliz. “É como diz Filipenses 2.4: Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros”, ressalta ela, que é membro da Igreja Internacional da Graça de Deus em Cidade Serôdio, em Guarulhos (SP), e mãe de Yasmin (15), Isabela (14) e Carolina (11).

Yna Célia de Lira Alexandre de Abreu, com o marido, Charles de Abreu, e a filha Anelisa: “Acredito que o casal que teme a Cristo tem uma vida mais feliz” Foto: Arquivo pessoal

Lealdade e verdade – Ter Cristo como a base do casamento também faz toda a diferença, na opinião da cake designer Yna Célia de Lira Alexandre de Abreu, 43 anos. Ela é casada, há 17 anos, com o motorista particular Charles de Abreu, 45, e, desse relacionamento harmonioso e abençoado, nasceu a jovem Anelisa, 15 anos. “Acredito que o casal que teme a Cristo tem uma vida mais feliz. Além disso, devemos prezar pelo respeito e o amor, pela cumplicidade, lealdade e a verdade, sempre”, pontua.

Atuando no ministério de casais da Igreja Sara Nossa Terra da Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), ela acredita que é importante, além de respeitar as diferenças, não ter expectativas de mudar o outro. “Como sempre digo, casamento não é conto de fadas. Portanto, precisamos viver a realidade do dia a dia, e, se houver respeito, todos ficarão em paz. Quando aconselho um casal, digo: coloquem Jesus no relacionamento, porque o cordão de três dobras não se rebenta fácil”, afirma Yna de Abreu, fazendo referência ao texto de Eclesiastes 4.12 (Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade – ARA).

Deise Miranda Fonseca de Souza, com o marido, Lincoln, e as filhas Isabela e Gabriela: “Com a ajuda de Deus, conseguimos ter um casamento feliz e equilibrado” Foto: Arquivo pessoal

A pedagoga Deise Miranda Fonseca de Souza, 45 anos, viveu momentos desafiadores logo no início de seu casamento com o coordenador de materiais Lincoln Azevedo Guedes de Souza, 46. “Foi muito difícil. Fomos duas pessoas criadas de forma distinta, tínhamos opiniões divergentes, e havia imaturidade. Por pouco, nosso casamento não foi a pique”, lembra-se Deise, que está casada há 22 anos e é mãe de duas filhas – Isabela Fonseca de Souza, 20 anos, e Gabriela Fonseca de Souza, 10 anos.

Ela relata que o apoio recebido de familiares e pastores foi essencial para que os dois pudessem ajustar as diferenças. Para ela, respeito, renúncia e amor são ingredientes imprescindíveis para o relacionamento a dois. “Foi nos dada a oportunidade de enxergar nossas falhas e tratar feridas. Realmente, acredito que, quando respeitamos um ao outro, renunciamos àquilo que não faz bem para o relacionamento e buscamos uma comunicação sincera. Com a ajuda de Deus, conseguimos ter um casamento feliz e equilibrado”, defende a pedagoga, membro da Assembleia de Deus Vitória em Cristo em Macaé (RJ).

Sílvia Cristina da Silva Costa, com o marido, Wilson, e a filha Anna Beatriz: “A comunicação é tudo em um casamento” Foto: Arquivo pessoal

“Equilíbrio emocional” – A comerciante Sílvia Cristina da Silva Costa, 39 anos, também ressalta a importância da comunicação entre os cônjuges. “Realmente, a falta de diálogo é uma questão muito séria. Às vezes, um pensa uma coisa e acha que o outro tem de adivinhar o que ele ou ela está pensando. Mas não é assim que funciona um bom relacionamento”, alerta a comerciante, destacando que, se houver um ambiente propício à conversa franca, quaisquer questões podem ser resolvidas. Ela diz que essa “regra” vale inclusive para as situações mais desafiadoras, como aquelas que envolvem as finanças do casal. “A comunicação é tudo em um casamento”, declara Sílvia, casada há 15 anos com oentregador de compras Wilson Eugênio de Souza Silva, 40, e mãe de Anna Beatriz (12). Os três congregam na Comunidade da Aliança em Marambaia, na cidade de São Gonçalo (RJ).

A Pra. Lilian Rodrigues da Silva Alves, 45 anos, também ressalta a relevância da comunicação entre os cônjuges. “Se não nos expressamos bem, não há troca ou intimidade. Dizer o que sente, pretende, sonha, ou o que angustia e incomoda é ser honesto”, assinala a líder, lembrando que o ato de comunicar não ocorre apenas verbalmente e que o olhar, os gestos e as expressões podem dizer até mais do que as palavras. “Se um casal não se comunica, não há casamento. Além disso, é preciso haver equilíbrio emocional, respeito e a presença de Deus. Esses são fatores preponderantes em uma boa relação a dois”, opina a pastora, da Igreja Videira, em Braga (Portugal), onde atua como missionária.

A Pra. Lilian Rodrigues da Silva Alves, com o marido, Sylas Coelho Alves, e os filhos David Leonard e Nathan Lucas: “Se um casal não se comunica, não há casamento” Foto: Arquivo pessoal

Ela acrescenta que outro aspecto importante é saber que o amor é uma decisão, e não um sentimento imediatista, como a paixão. “Amar nos faz suportar, acompanhar, erguer, seguir em frente mesmo que, pelo caminho, tenha havido embates e dores. Casada há 23 anos com o Pr. Sylas Coelho Alves, 48, e mãe de dois filhos (David Leonard, 17, e Nathan Lucas, 11), ela acredita que as diferenças e dificuldades do relacionamento são superadas pela alegria de ter o outro perto e saber que a felicidade está em pequenos momentos e em atitudes. “A paixão é necessária e deve ser alimentada, pois, sem ela, não há romance, e o relacionamento fica cansativo. Mas o amor é, de fato, uma atitude.”

“Modelo natural” – Para a também missionária Keila Araújo Santiago, 38 anos, existe certa ignorância sobre o que é o amor. Casada há quatro anos com o missionário Caio Santiago e membro da Igreja Presbiteriana da Gávea, zona sul do Rio de Janeiro (RJ), ela conta que já ouviu, muitas vezes, maridos e esposas frustrados dizerem frases como: o amor acabou ou não sinto mais o que sentia. Outros, segundo ela, alegam que se casar foi um erro, que se uniram à pessoa errada, foram precipitados ou forçados a se casarem, como em casos de gravidez indesejada. “Porém, na verdade, existem mais pessoas infelizes no casamento por fazerem o que é errado do que por terem se casado com pessoas erradas”, avalia Keila.

A missionária Keila Araújo Santiago, com o marido, Caio: “Existem mais pessoas infelizes no casamento por fazerem o que é errado do que por terem se casado com pessoas erradas” Foto: Arquivo pessoal

Além disso, a missionária acredita que a sociedade atual conspira contra o casamento e a família, e seus ataques estão cada vez mais fortes. De acordo com ela, os principais influenciadores da sociedade – tais como pessoas da mídia, da política e os professores nas escolas e nas universidades – estão se tornando ou já são contrários ao casamento. Ela pensa que, hoje, poucas pessoas têm relacionamentos sólidos e duradouros e, diante da grande quantidade de casais com problemas ou separados, as novas gerações tendem a desacreditar da vida a dois. “Antigamente, os casamentos eram mais sólidos. Os filhos tinham nos pais um modelo natural de como se comportar em um relacionamento. Atualmente os pais, muitas vezes, são um retrato do que não fazer. É importante que nós, cristãos, sejamos exemplos positivos para a próxima geração, com as nossas atitudes”, conclama. [Leia, ao lado, o quadro União feliz]

O Pr. Célio Augusto Ferreira Castelo, com sua esposa, Pra. Carla: “Não temos dúvidas de que o casamento é uma bênção e nele encontramos meios para uma vida plena de alegria e prazer” Foto: Arquivo pessoal

A Bíblia registra que o matrimônio é uma bênção para o homem e a mulher, pois o próprio Deus declarou: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele (Gn 2.18). Portanto, segundo as Escrituras Sagradas, a união matrimonial não é uma instituição falida, como muitos insistem em apregoar, mas uma aliança de vida – importante até mesmo para a manutenção da saúde e da longevidade, como mostram os estudos citados no início desta reportagem. “Não temos dúvidas de que o casamento é uma bênção e nele encontramos meios para uma vida plena de alegria e prazer”, apregoa o Pr. Célio Augusto Ferreira Castelo, 46 anos, da Igreja Metodista de Cascadura, zona norte do Rio de Janeiro (RJ). Conforme o líder, o relacionamento conjugal, de fato, é constituído por desafios, mas estes podem ser perfeitamente superados quando o Senhor é convidado a participar do casamento. “Creio que, com um matrimônio construído em Deus, é possível vencer as dificuldades cotidianas, ser feliz e bem-sucedido.”

União feliz

A Palavra de Deus contém a receita para o casamento estável, que promove bem-estar físico e emocional. Um matrimônio bem-sucedido é fundamentado no Senhor e nos princípios por Ele estabelecidos para a vida conjugal. Dentre eles, destacam-se:

Amor incondicional

O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

(1 Coríntios 13.4-7 – ARA)

Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.

(Colossenses 3.14 – ARA)

Fidelidade

Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, como cerva amorosa e gazela graciosa; saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê atraído perpetuamente.

(Provérbios 5.18,19)

Portanto, guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja desleal para com a mulher da sua mocidade.

(Malaquias 2.15b)

Perdão

Então, Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete.

(Mateus 18.21,22)

Suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.

(Colossenses 3.13)

(Fonte: Bíblia Sagrada)


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