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Jesus impactou a história, fazendo milagres, e tornou-Se o maior influenciador do planeta
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Mensagens inspiradoras
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Por Marcelo Santos
No passado, o Brasil era predominantemente um destino para missões estrangeiras. No entanto, após algumas décadas, esse cenário mudou completamente: o país se tornou uma das cinco maiores potências missionárias do mundo ao lado dos Estados Unidos, da Coreia do Sul, das Filipinas e da Nigéria. Para o Rev. Paulo Feniman, 51 anos, líder da Cooperação Ibero-Americana de Missões (COMIBAM) e da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), trata-se de um fato que transforma, de maneira significativa, o patamar de influência da igreja evangélica brasileira no mundo. Entretanto, ele lembra que, apesar de o movimento missionário ter crescido por aqui, essa é uma alta bastante recente se comparada a nações com longa tradição de missões, como os Estados Unidos. “Nos últimos 50, 60 anos, especialmente a partir dos anos de 1980, houve um avanço, mas ainda estamos amadurecendo”, ressalta Paulo, que é também diretor-executivo da Missão para o Interior da África (MIAF), agência que coordena missões sul-americanas em diversas partes do continente africano.
Autor do livro Re-encontrando o caminho da missão, Feniman acredita ser fundamental a preparação de longo prazo dos obreiros, levando-se em conta o ciclo de vida das missões e das famílias envolvidas. “A missão transcultural é um desafio contínuo e exige preparo constante, tanto no aprendizado de novas culturas como na busca por soluções inovadoras”, avalia o pastor e missionário da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil em Londrina (PR), que possui formação em Teologia pela Faculdade Teológica Sul-Americana (FTSA) e em Computação Gráfica pela Universidade Norte do Paraná (Unopar). Casado com Patrícia, 49 anos, e pai de Felipe, 21, e Gabriela, 14, Feniman conversou com a reportagem de Graça/Show da Fé para falar sobre os desafios no campo missionário transcultural, as questões financeiras, a formação dos missionários e a incorporação da tecnologia às missões.
Quais são os principais desafios missionários da igreja evangélica brasileira?
Precisamos investir mais no treinamento de missionários e aumentar a eficácia do trabalho. Também é fundamental cuidar desses servos, especialmente quando retornam ao Brasil, considerando, por exemplo, os casos de filhos educados no exterior ou aqueles que estão próximos de se aposentar e precisam de planos de apoio financeiro. Outro desafio é manter o foco nos povos não alcançados, área na qual temos progredido, mas que ainda exige amadurecimento e planejamento mais detalhado.
Como garantir que as missões tenham apoio financeiro estável e duradouro?
Essa questão sempre foi um desafio no movimento missionário brasileiro. Entretanto, não acredito que seja pela falta de participação da igreja que, de maneira geral, tem investido em missões e cresce como reflexo desse apoio. Temos uma moeda e uma economia voláteis e custos quase sempre dolarizados. Por isso, é preciso buscar diferentes alternativas de sustentabilidade, os projetos devem ser menos dependentes e possuir fontes de recursos variadas, além de planos locais de negócios que gerem sustento. É importante simplificar as operações missionárias, reduzir custos e desenvolver propostas com estruturas mais eficientes.
Em contextos culturais diferentes, qual é a melhor maneira de evangelizar sem desrespeitar as crenças e tradições locais?
O primeiro passo é manter um espírito de aprendizagem. Os missionários não devem chegar ao campo com a perspectiva de que sabem tudo e que têm todas as soluções para as questões daquela comunidade. Abordagens etnocêntricas e prepotentes devem ser evitadas porque ignoram elementos culturais que poderiam servir como pontes para a pregação da Palavra. Os dois primeiros anos da missão exigem dedicação ao aprendizado da língua e da cultura local. Compreender profundamente o contexto é essencial para compartilhar as Boas-Novas de maneira respeitosa e relevante para cada realidade específica.
Que tipo de formação é essencial para os missionários que vão encarar novos desafios culturais e espirituais?
A formação é crucial, mas deve ser adaptada à área de atuação de cada missão. Para quem se dedica à plantação de igrejas, há um tipo específico de preparação; já para aqueles que trabalham com tradução da Bíblia ou ensino teológico, outro. Atualmente, a AMTB distribui uma série curricular mínima que orienta o treinamento básico necessário para todos os evangelizadores. Porém, a preparação deve ser contínua, especialmente no campo. O aprendizado da cultura e da língua precisa ser aprofundado antes e durante a missão.
Quais ferramentas ou estratégias digitais podem auxiliar o trabalho missionário em regiões distantes?
Estamos atrasados no uso da tecnologia no campo missionário. Há muitas ferramentas disponíveis que ainda não utilizamos de maneira plena. O filme Jesus e as Bíblias em áudio são bons exemplos de recursos que podem ser extremamente úteis em regiões sem energia elétrica ou sem infraestrutura adequada, já que são acessíveis com uso de baterias. Projetos que lançam mão de inteligência artificial e publicidade digital têm sido eficazes, especialmente em contextos muçulmanos, por exemplo.
Unir a pregação presencial ao evangelismo virtual é importante para a expansão do Evangelho?
A presença física continua sendo insubstituível. A tecnologia deve ser vista como um apoio, e não como uma substituta à pregação presencial. É fundamental adotarmos políticas claras sobre a utilização das ferramentas tecnológicas. A interação deve ser face a face, conforme o exemplo de Jesus, que visitou pessoalmente muitas localidades. O discipulado, a comunhão e a vida em comunidade precisam continuar sendo presenciais. O desafio é equilibrar o uso das ferramentas digitais com a essência do Evangelho, que é relacional e vivencial.
Paulo Feniman
Pastor, missionário e teólogo