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Especialistas e pastores destacam a importância de ensinar aos filhos sobre finanças

Happy young Caucasian mother and little daughter save money in piggybank dream think of wealth future. Smiling mom and small girl child feel economical provident make investment. Savings concept.

Foto: Fizkes / Adobe Stock

Por Daniele Vieira

Quando se trata da formação dos filhos, especialistas são unânimes ao afirmar que os pais devem ensinar sobre administração de finanças. Economistas garantem que a forma como crianças e adolescentes se relacionam com o dinheiro impactará a fase adulta. Tais lições de gestão responsável dos recursos não se limitam a aspectos práticos; estas também incluem princípios morais, espirituais e éticos que podem guiá-los ao longo da vida. À luz da Bíblia, a educação financeira é muito mais que instruir sobre poupança ou investimentos: trata-se de cultivar um caráter íntegro, sábio e generoso nos indivíduos, para que compreendam o dinheiro como uma ferramenta, em vez de um fim em si mesmo. Assim, ao incorporar na dinâmica familiar valores das Escrituras, como trabalho árduo, planejamento, generosidade e contentamento, eles viverão com fé, equilíbrio e propósito.

A administradora de empresas Francilene Santos aconselha: “O mais importante é começar a poupar, criando e fortalecendo esse hábito. Depois, ir diversificando os investimentos gradualmente”
Foto: Arquivo pessoal

A pesquisa Finanças para os filhos: dinheiro é coisa de adulto?, realizada pela Serasa – empresa de análises e informações para decisões de crédito e apoio a negócios – em parceria com o instituto de pesquisa Opinion Box, mostrou que 56% dos pais nunca falaram do assunto com seus genitores na infância, mas oito em cada dez dizem conversar com os filhos sobre finanças. Curiosamente, o levantamento aponta que 72% dos pais não fazem poupança ou investimentos financeiros para os filhos.

Visão de futuro – A administradora de empresas Francilene Santos, especialista em mercado financeiro e pós-graduanda em docência de Educação Financeira, afirma: “Estabelecer um investimento para os filhos é uma maneira de preparar o futuro com sabedoria, conforme a Bíblia ensina”. Citando Provérbios 13.22 (O homem de bem deixa uma herança aos filhos de seus filhos, mas a riqueza do pecador é depositada para o justo), ela esclarece que dar aos filhos o exemplo prático de poupança e planejamento serve de inspiração para que eles valorizem o uso consciente dos recursos financeiros e tomem boas decisões.

A empresária Priscila Rossi aponta que “os pais podem começar abordando os quatro pilares da educação financeira infantil: ganhar, gastar, poupar e doar”
Foto: Arquivo pessoal

Olhando a longo prazo, a especialista orienta que sejam feitos investimentos mais seguros, os chamados títulos de renda fixa, como Tesouro Direto (Tesouro Selic) e CDBs (Certificados de Depósito Bancário) de bancos confiáveis. “São ferramentas prudentes, alinhadas ao princípio bíblico de agir com sabedoria e evitar riscos desnecessários”, argumenta.

Francilene Santos apresenta outra alternativa: a poupança. Embora apresente um dos menores rendimentos entre as opções disponíveis no mercado brasileiro, é uma opção simples e segura para objetivos de curto prazo. “O mais importante é começar a poupar, criando e fortalecendo esse hábito. Depois, ir diversificando os investimentos gradualmente.”

Foto: Arte sobre foto de PIX OF WORLD AI / Adobe Stock

De acordo com a administradora, à medida que os filhos crescem, surge a necessidade de inseri-los nas práticas financeiras. Ela cita que crianças, em especial as que gostam de consumir, precisam aprender desde cedo o valor do contentamento e da mordomia. “É importante ajudá-las a diferenciar ‘desejos’ de ‘necessidades’, mostrando que nem tudo o que se quer é essencial ou benéfico.” Francilene acrescenta que os pais devem estabelecer limites claros para o consumo e pequenas metas de poupança. Dessa forma, os filhos entenderão que é preciso esforço para adquirir algo de valor. “É um ato de planejamento responsável e amoroso, que pode servir para a educação, em momentos de crise, e na condução dos filhos até o início da vida adulta de maneira mais estável,” considera.

A empresária Priscila Rossi, idealizadora do projeto Escola da Educação Financeira Infantil, aconselha que os temas financeiros sejam inseridos no dia a dia, aproveitando o fato de que a rotina das crianças é sempre cheia de oportunidades. “Os pais podem começar abordando os quatro pilares da educação financeira infantil: ganhar, gastar, poupar e doar”, aponta a empresária. Rossi incentiva o uso de ferramentas práticas, jogos educativos, histórias ou até atividades lúdicas, como organizar uma feira ou planejar uma compra. “Encoraje também a participação da garotada nas decisões financeiras da família. Crianças e adolescentes podem, por exemplo, escolher entre as diferentes opções de passeio, respeitando sempre o orçamento da casa.”

Para a professora de Matemática Íris Louzada, as escolas podem e devem ser locais de aprendizado da educação financeira
Foto: Arquivo pessoal

Segundo ela, outra porta de entrada para inserir os filhos nas finanças é a mesada, por ser uma maneira de ajudá-los a lidar com o dinheiro e, desse modo, adquirir noções básicas de economia e gastos. “A mesada pode ser iniciada por volta dos seis ou sete anos”, afirma, ressaltando que deve ser definido um valor compatível com a realidade financeira da família, a idade da criança e as responsabilidades que ela terá com o dinheiro. “Separe a mesada em três cofrinhos: gastos, metas e doação”, aconselha a especialista, alertando que essa quantia não deve ser utilizada como prêmio ou castigo, e sim com constância, para que a criança aprenda a administrá-la.

Compromisso financeiro – Além do ambiente familiar, as escolas podem e devem ser locais de aprendizado da educação financeira. É o que pensa a professora de Matemática Íris Louzada. A educadora mostra aos alunos, a partir de cálculos, o valor que eles deveriam economizar da mesada. Ela explica como aplicar os recursos, realizar uma economia criativa a partir da venda de alguns produtos para complementação de renda e a desenvolver o hábito da pesquisa de preço. Adquirir essa percepção, observa a docente, é essencial para os jovens na sociedade consumista na qual estão inseridos. “O ensino financeiro se faz necessário, porque traz conscientização sobre o que é necessidade e o que é supérfluo.”

A educadora Nara Célia Batista de Santana de Araújo Santos avalia que o conhecimento sobre educação financeira está diretamente vinculado à formação de cidadãos disciplinados
Foto: Arquivo pessoal

Mãe de três filhos, Íris exercita em casa os ensinamentos que passa na escola. Ela conta que, quando seu filho mais velho tinha cinco anos, propôs aos avós que trocassem os presentinhos por dinheiro, para que ele pudesse guardar. “Como estávamos no início do ano, dei duas opções de datas para que escolhesse uma e nesta utilizasse o dinheiro poupado. O objetivo era mostrar o que poderia ser comprado com a quantia guardada.” Ele optou pelo Dia das Crianças, e, quando chegou nessa data, fizeram a contabilidade juntos e foram a uma loja. “Chegando lá, mostrei o que poderia comprar com o dinheiro que possuía. A surpresa foi tão grande que ele se transformou em um poupador e permanece assim até hoje, aos 23 anos de idade.”

Com as filhas mais novas, a professora repetiu a fórmula. “As meninas pesquisam preços e têm a mesma visão do irmão com relação ao dinheiro: poupar sempre para obter algo mais à frente”, frisa, assinalando que essa postura é reflexo de uma geração consciente e empreendedora, que sabe o valor do dinheiro e não desperdiça recursos.

A Pra. Rosana Alavarce lembra: “Temos de ensinar aos nossos filhos que tudo o que plantarmos colheremos, quer sejam boas ações, quer sejam más”
Foto: Arquivo pessoal

Pensamento semelhante tem a educadora Nara Célia Batista de Santana. Ela avalia que o conhecimento sobre educação financeira está diretamente vinculado à formação de cidadãos disciplinados. “O aprendizado quanto ao uso correto do dinheiro torna as pessoas mais responsáveis, permitindo que tenham, efetivamente, uma vida bem-sucedida e adotem uma atitude saudável com suas finanças,” conclui.

Obediência e semeadura – A Pra. Rosana Alavarce, da sede regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Volta Redonda (RJ), lembra que as Escrituras Sagradas apresentam padrões que devemos seguir no trato com o dinheiro, fornecendo diversas mensagens valiosas sobre o planejamento de investimentos. Entretanto, a ministra acentua que cabe a todos nós, antes de iniciar qualquer projeto, consagrá-lo ao Senhor. Declarando o texto bíblico: Os pensamentos do diligente tendem à abundância, mas os de todo apressado, tão-somente à pobreza (Pv 21.5), ela aponta que tudo deve ser feito de maneira organizada e com estratégia. “A criação de Deus foi arquitetada antes de ser executada, e tudo o que o Senhor criou é bom.”

O Pr. Diogo Bulhões esclarece: “É preciso que crianças e adolescentes aprendam com a Palavra de Deus, pois ela sempre oferece as orientações corretas, proporcionando, inclusive, visão de futuro”
Foto: Arquivo pessoal

Para a pastora, o ensino da educação financeira aos filhos não deve estar limitado a bens materiais. “Vai muito além disso, pois está ligada à Lei da Fidelidade – Honra ao SENHOR com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e trasbordarão de mosto os teus lagares (Pv 3.9,10) –, à Lei da Obediência – a fim de que haja a colheita das bênçãos do Senhor como resposta às práticas dos Seus ensinamentos (Dt 28.1-14) – e à Lei da Semeadura – Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7). “Temos de ensinar aos nossos filhos que tudo o que plantarmos colheremos, quer sejam boas ações, quer sejam más. É importante plantar a semente certa para a colheita de bons frutos. Se ensinarmos esses princípios, com certeza, nossos filhos serão prósperos.”

Por sua vez, o Pr. Diogo Bulhões, líder estadual da IIGD em Goiás, cita José, filho de Jacó, como excelente exemplo para os jovens no que diz respeito a planejamento e investimento de recursos com sabedoria. “José orientou o Faraó do Egito a reservar uma parte da colheita para o plantio, pois tempos difíceis estavam por vir para aquela região. Assim, haveria alimentos suficientes para abastecer a nação”, recorda-se  o ministro. Mencionando Gênesis 47.20 (Assim, José comprou toda a terra do Egito para Faraó, porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome era extrema sobre eles; e a terra ficou sendo de Faraó), o pastor informa que, segundo o Texto Sagrado, José comprou toda a terra do Egito para o Faraó e, durante a preparação para o período de escassez, utilizou também as reservas que havia acumulado como provisão para adquiri-las. “É preciso que crianças e adolescentes aprendam com a Palavra de Deus, pois ela sempre oferece as orientações corretas, proporcionando, inclusive, visão de futuro”, esclarece Bulhões, reforçando o que disseram os entrevistados desta reportagem de Graça/Show da Fé: ao ensinar finanças aos filhos, com base nos princípios bíblicos, é possível ajudá-los a compreender a importância de trabalhar com dedicação, ser generoso, não ser ganancioso e buscar pela sabedoria do Alto para alcançar uma vida financeira equilibrada e alinhada aos valores cristãos.


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