
Estudioso do movimento pentecostal, pastor analisa a essência do avivamento espiritual e os desafios da Igreja brasileira
07/05/2025
País cristão
09/05/2025
Por Lilia Barros
As Escrituras Sagradas revelam que o casamento é uma instituição divina, estabelecida por Deus desde o princípio (Gn 2.18). Ele foi criado para que o homem e a mulher vivessem em harmonia com base nos ensinamentos do Senhor. Além disso, o apóstolo Paulo, em sua carta aos Efésios, já deixava claro que o matrimônio é a representação simbólica do relacionamento entre Cristo e a Igreja, refletindo o compromisso duradouro entre os crentes e o Salvador (Ef 5.25-31) e enfatizando que, na vida a dois, é fundamental manter, incondicionalmente, a aliança de amor e fidelidade.

Foto: Arquivo pessoal
Na Palavra de Deus, há registros de uniões bastante conhecidas pelos cristãos. Entre elas, está a de Jacó e Raquel (Gn 29). Ele, por amar a moça profundamente, trabalhou durante 14 anos para se casar com ela. Embora tenham enfrentado grandes crises no relacionamento, Jacó continuou demonstrando seu amor por Raquel, provando que um casamento forte se constrói por meio do consenso e comprometimento contínuos, mesmo em tempos difíceis. Outra história relevante é a de Priscila e Áquila (At 18.2,3; 18-28; Rm 16.3,4). Este era um judeu que, com sua esposa, fabricava tendas. Convertidos a Cristo, eles se tornaram amigos de Paulo e lideraram uma igreja que se reunia na casa do casal (1 Co 16.19); ambos se arriscaram para ajudar o apóstolo (Rm 16.4).

Foto: Arquivo pessoal
Diante de tantos desafios que podem surgir, não faltam boa literatura e ótimos conselhos para quem é solteiro e pretende se casar. Em seu livro Deus forma casais (Graça Editorial), Derek Prince e Ruth Prince chamam a atenção dos leitores para a importância de os noivos se prepararem para o enlace matrimonial. Passar de solteiro para casado é uma das transições mais importantes e desafiadoras que pode acontecer na vida de uma pessoa, escrevem eles, destacando que a preparação precisa ser cuidadosa. Caso contrário, será como mergulhar em uma piscina bem funda sem saber nadar. Os resultados são, geralmente, desastrosos! Por isso, na obra, os autores aconselham: Faça do favor divino o objetivo mais supremo em sua vida, e, assim, você poderá, confiantemente, deixar para Ele a escolha, o preparo e a provisão de seu cônjuge.

Foto: Arquivo pessoal
Pensando justamente na questão da escolha, a reportagem de Graça/Show da Fé ficou interessada em saber, de pastores e estudiosos, a resposta para a seguinte pergunta: Existe um momento ideal para o tão sonhado “sim” diante de familiares e amigos? O questionamento é relevante quando se considera que, só em 2024, foram registrados 921,4 mil casamentos nos cartórios de registro civil do Brasil, segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ARPEN). As pessoas que pretendem se casar neste ano de 2025 poderiam meditar um pouco sobre alguns conselhos que nossos entrevistados deram.
Sem precipitação – Na opinião do Pr. Kerliab da Silva Soares, da Catedral da Vitória Church, em Ubatuba (SP), não existe época específica para que homem e mulher fiquem noivos e se casem. “A Bíblia ensina sobre a importância de discernir e tomar decisões sábias”, observa o ministro, o qual aconselha os futuros cônjuges a namorarem por um a três anos, no máximo. “Esse tempo permite que avaliem o caráter um do outro, amadureçam emocional e espiritualmente e confirmem se estão preparados para assumir tal responsabilidade”. O pregador assinala que namoros longos podem sinalizar medo, imaturidade ou acomodação. “Quando se prolonga demais essa fase, pode haver estagnação e incerteza no compromisso. No entanto, a análise primordial não é sobre o tempo em si, mas quanto à maturidade e clareza a respeito do objetivo do namoro,” conclui.

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O Pr. Neilson Barreto Santos, líder regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em São Carlos (SP), concorda com o Pr. Kerliab Soares e afirma que o futuro casal deve pensar sobre algumas questões a fim de garantir que esse passo seja dado no momento certo. “É uma resolução importante para qualquer pessoa. Por isso, é necessário estar preparado, tanto em relação à estrutura emocional quanto material”. Santos também defende que, embora não seja uma regra, “estar com a situação financeira estruturada é o ideal” e que o namoro é a fase para conhecer o outro, identificar as afinidades e diferenças e buscar a orientação de Deus. “Muitos se casam rápido para fugir do pecado, mas pode acontecer de não estarem preparados para aquela união”, esclarece o pastor, o qual recomenda fugir da precipitação e da ansiedade, pois o casamento significa uma decisão para toda a existência. “A pressa é um fator que atrapalha, e se casar na emoção pode trazer consequências desastrosas”. Neilson Santos completa que o Altíssimo preenche de paz o coração de quem ora e pede a direção do Senhor. “Deus não une casais para se separarem”, afirma ele, referindo-se ao texto de Mateus 19.6.

Seriedade na decisão – Já o Pr. João Batista da Silva, auxiliar na Igreja Batista Shalom Ebenezer em Santo André (SP), observa que o namoro deve ser encarado com seriedade – considerando o envolvimento emocional – e ter como objetivo o matrimônio. “Se uma das partes não pensa em se casar, não deve namorar, porque, certamente, alguém sairá ferido”, aconselha. Silva pontua que ambos devem estar cientes das responsabilidades que virão e declara que o conhecimento mútuo e as boas condições financeiras podem fazer o namoro evoluir para o casamento. Entretanto, ele admite que podem existir situações inusitadas que propiciarão casamento, tal como aconteceu com Isaque e Rebeca. “Foi algo especial preparado por Deus”, assevera o pastor batista, citando o texto de Gênesis 24.29.

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Do ponto de vista do Pr. Paulo César Sabino, líder estadual da IIGD em Pernambuco, é preciso fazer algumas perguntas e, dependendo das respostas, será possível indicar se os futuros cônjuges estão seguindo o caminho certo. “O namoro os tornou pessoas melhores? Proporcionou uma aproximação maior com Deus? Há condição financeira para o sustento do lar? Ele gosta de trabalhar? Ela demonstra respeito e cuidado com seus pais? Após refletirem sobre essas questões, eles podem começar a considerar o casamento, caso ambos progridam em diversas áreas”, sublinha Sabino, o qual aproveita a oportunidade para dar um testemunho pessoal. “Minha esposa, Cristina, e eu melhoramos em todos os aspectos: um ajudou o outro a crescer. Construímos muitas coisas juntos, e o nosso namoro não nos fez retroceder, mas avançar.”


Foto: Arquivo pessoal
Experiências de casais – Antes do tão esperado “sim” na igreja, ao som da marcha nupcial, ou, ao assinarem a certidão de casamento, muitos noivos vivenciam conquistas que determinarão a etapa seguinte. No caso da enfermeira Marilene de Almeida Souza, 44 anos, e do metalúrgico Ewerton Gomes de Souza, 45, as vitórias foram: a formatura na faculdade e um emprego. “A gente já tinha sete anos de namoro e um de noivado, porém decidimos concluir os estudos e começar a trabalhar antes de darmos o próximo passo, para não dependermos da família”, relata Marilene, que congrega, ao lado do marido, na Primeira Igreja Batista em Vila Velha (ES). Porém, ela reconhece que, durante o noivado, ambos estavam ansiosos para começar a vida a dois. No entanto, ela lembra que a busca por uma moradia e a conquista da segurança financeira os fizeram adiar os planos. “Como diz o ditado: ‘Quem casa quer casa’. Por isso, decidimos esperar até alcançar estabilidade nas finanças. Afinal, como poderíamos nos casar sem ter nada?”, questiona Marilene, casada há 17 anos.
Recém-casados, o missionário Pedro Henrique Acosta do Nascimento, 21 anos, e a técnica de enfermagem Thais Gabriela da Costa Ferreira, 20 anos, se conhecem há oito anos. Curiosamente, passaram a namorar só em 27 de novembro de 2024, quando Thaís percebeu que o amava, ao contrário de Pedro que, logo de início, teve a convicção de que, um dia, ela se tornaria sua esposa. “Durante anos, tentei me aproximar dela, mas não havia reciprocidade”, recorda-se ele, acrescentando que, à medida que o tempo passava, os sentimentos dele por Thais aumentavam. “Permaneci orando e dizendo para mim mesmo e para o Senhor: ‘Ela vai ser minha esposa’. Então, fiz um propósito com Deus e, depois de não ver mudança nela, desisti”, revela o jovem, membro da Assembleia de Deus em Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense.

Nesse tempo, ocorreu um fato inusitado: Thais começou a se aproximar dele, e estava determinada a conquistá-lo. “Após um longo período, passei a enxergá-lo de uma maneira diferente, com um olhar cheio de amor, e abri meu coração”, compartilha ela, explicando que, embora os dois tenham despertado em ocasiões diferentes para a descoberta dos sentimentos, desde o início do namoro, ambos já tinham decidido pelo casamento. “Estamos vivendo os nossos sonhos alinhados aos planos de Deus”, confidencia Thais, certa de que essa aliança, consagrada ao Senhor, é para sempre, até que a morte os separe.