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Submissão feminina, à luz da Bíblia, não é sinônimo de opressão, mas fonte de bênçãos
Por Patrícia Scott*
A palavra submissão se refere à condição em que alguém é obrigado a obedecer ou sujeitar-se a outrem. Denota uma disposição para aceitar uma situação de subordinação; docilidade. A Bíblia é precisa ao falar da submissão da mulher ao seu marido em diversas passagens, sendo o texto de Efésios 5, um dos mais conhecidos: Vós, mulheres, sujeitai-vos a vosso marido, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido. Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela (Ef 5.22-25).
Abordar esse tema, de acordo com a Palavra de Deus, no momento em que movimentos feministas reivindicam igualdade de gênero, pode parecer retrógrado e inadequado. No entanto, é necessário registrar que há um erro de interpretação desses grupos: a visão bíblica a respeito da mulher não é de inferioridade e de incapacidade em relação ao sexo masculino. Tampouco o texto bíblico pode ser usado para justificar quaisquer formas de desrespeito, humilhação ou agressão às mulheres. Paulo falava de uma maneira que demonstrava sua alta consideração pelas mulheres e pelo trabalho que desempenhavam, destaca o escritor e conferencista norte-americano Kenneth E. Hagin (1917-2003), no livro A questão feminina, publicado pela Graça Editorial. [Leia, no final desta reportagem, o quadro Sujeição em amor]
Na verdade, as Escrituras apontam sempre para o cuidado, a preservação, o respeito e a valorização do sexo feminino. Por isso, submeter-se ao marido transcende a simples obediência ou uma atitude de subordinação passiva. “Não é sobre silenciar ou diminuir a mulher, mas sobre formar uma parceria em que ambos, marido e esposa, apoiam-se e se respeitam mutuamente, procurando o melhor um para o outro em todas as áreas da vida”, informa a Pra. Sabrina Matias, da Igreja Missão Praia da Costa, em Vila Velha (ES). De acordo com a líder, o ideal do Senhor é que homem e mulher sejam parceiros, que trabalhem juntos e apoiem um ao outro com o objetivo de promoverem um ambiente de harmonia e de suporte mútuo diante das adversidades. “Em um sentido mais amplo, a submissão é parte da ética cristã de serviço, colocando as necessidades dos outros à frente das próprias, o que é uma demonstração de amor e humildade.”
Mulher virtuosa – A Pra. Anisia Luite, da Igreja do Nazareno em Mesquita (RJ), acredita que, por causa do pecado, do autoritarismo e da violência, a submissão da mulher, que deve se restringir ao casamento, foi passada, de geração em geração, de maneira distorcida. Ela explica que, na verdade, o casal deve estar “debaixo da mesma missão” estabelecida pelo Senhor, em amor. “A submissão ao marido, que é submisso ao Senhor, traz bênçãos para a esposa. Ela é protegida por Deus e por ele”, ressalta Anisia, assegurando que tal postura gera também felicidade, prosperidade, segurança e clareza do seu propósito. “Os filhos sentem orgulho, e o marido expressa amor. E a comunidade a identifica como bem-aventurada.”
O Pr. Fabiano Sousa, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no bairro Dirceu, em Teresina (PI), afirma que a “submissão traz bênçãos”, como o reconhecimento, assim informa Provérbios 31.28-31 (Levantam-se seus filhos, e chamam-na bem-aventurada; como também seu marido, que a louva, dizendo: Muitas filhas agiram virtuosamente, mas tu a todas és superior. Enganosa é a graça, e vaidade, a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada. Dai-lhe do fruto das suas mãos, e louvem-na nas portas as suas obras). Por outro lado, segundo o ministro, as consequências da insubmissão são nefastas em virtude da quebra da ordem divina, tais como “o afastamento do Senhor e os problemas com os filhos”.
De acordo com Sousa, falar que a mulher deve ser submissa ao homem não significa dizer que ela seja inferior a ele ou que tenha de anular a própria maneira de pensar. Na opinião dele, é justamente o contrário, pois a Bíblia garante que a mulher sábia edifica o seu lar (Pv 14.1). O ministro também destaca a importância do papel do marido em relação à esposa. Segundo o texto de Efésios 5.25, ele deve amá-la como Cristo amou a Igreja. “Sacrificando-se pela mulher a ponto de estar preparado para dar a própria vida.”
Para o Pr. Wellington Gomes da Silva, da Igreja da Graça no Centro de Delmiro Gouveia (AL), sendo o casamento uma relação de reciprocidade, cabe ao homem e à mulher cumprir seus papéis, conforme a Palavra, tendo em mente que os dois se completam e, assim, contribuem para formar uma família saudável. “Tudo o que Deus faz é perfeito. Em momento algum, Ele diminuiu a mulher. Pelo contrário, ela tem um papel fundamental para o desenvolvimento familiar”, expõe Wellington. Citando o texto de Gênesis 2.18 (E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele), ele lembra que “o marido é o responsável pelo lar, e a mulher, ajudadora” e que o Altíssimo a criou da costela do homem. “Não foi da cabeça, para a mulher não mandar no homem, nem do pé, para não ser pisada por ele.”
O Pr. Wagner Escatamburgo, da Assembleia de Deus Ministério Vale das Virtudes, no bairro Inocoop, em Campo Limpo (SP), enfatiza que, dentro do contexto bíblico, a mulher “é a parte mais frágil”. Mencionando a passagem de 1 Pedro 3.7 (Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações), o ministro assembleiano avalia que o homem precisa identificar o limite da esposa e fazer com que o relacionamento conjugal não seja um peso. “Se não soubermos tratar a nossa esposa, nossas orações serão interrompidas, diz a Bíblia. O marido precisa proporcionar confiança à mulher para que ela se submeta”, acrescenta ele, destacando que quanto mais o homem amar sua mulher, mais ela se submeterá voluntariamente.
Submissão e santificação – O Pr. George Sousa, líder regional da Igreja da Graça em Brusque (SC), diz que, desde o princípio, a mulher foi criada por Deus para ser protegida e cuidada pelo homem (Gn 2.22). No entanto, ele frisa que, “apesar de ambos terem o mesmo valor diante do Senhor, ocupam posições diferentes na família”. Sousa recorda que, em Efésios 5.23, o apóstolo Paulo afirma: Marido é a cabeça da mulher. Segundo o pastor, quando há compreensão e prática desse texto bíblico, “o casal se fortalece, e a família cresce no cumprimento do propósito divino, trazendo proteção ao casamento e à mulher”.
O líder assinala que a submissão não é escravidão. “É o auxílio na missão que Deus deu ao marido e só é válida se estiver atrelada à Palavra.” Ele diz que essa prática de obediência leva a esposa à santificação, tal como aponta Efésios 5.25,26,28: Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra […] Assim devem os maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo.
Ao ser questionado por nossa reportagem sobre o tema, o pastor respondeu também acerca de uma dúvida comum no meio evangélico: a submissão ao marido descrente – e que, por exemplo, não aprova que a esposa vá à igreja. Nesses casos, George Sousa ensina que a mulher deve observar 1 Coríntios 7.13,14: Porque o marido descrente é santificado pela mulher, e a mulher descrente é santificada pelo marido. Doutra sorte, os vossos filhos seriam imundos; mas, agora, são santos. Na opinião dele, a mulher não deve abrir mão do casamento, mas precisa se manter fiel ao Todo-Poderoso. “Ela precisa orar para que haja a santificação do marido, pois, fazendo assim, estará santificando também os filhos”, declara o líder, indicando que a esposa não tem de obedecer ao marido caso isso a afaste dos caminhos do Senhor. “Isso seria negar Jesus, o que a mulher cristã jamais deve fazer.”
A Pra. Dayane Vilela, da Igreja da Graça em Coqueiral de Itaparica, na cidade de Vila Velha (ES), afirma que Deus deu às mulheres todas as diretrizes para que tenham uma vida confortável, produtiva e frutífera, deixando claro que isso incluía a sujeição ao marido. “A mulher deve entender que ultrapassar o limite da submissão acarreta o desmoronamento de sua estrutura emocional, espiritual e física”, prega Vilela, acrescentando: “a própria casa também fica em risco”. A ministra cita o caso da rainha Ester, esposa do rei persa Assuero, como exemplo de submissão e de sabedoria. “Seja inteligente. Submeter-se aos preceitos do Altíssimo irá gerar milagres e maravilhas em sua vida. Não resista nem ultrapasse os limites dos ensinamentos que o Senhor determinou em Sua Palavra para que possa desfrutar de Suas bênçãos”, aconselha.
SUJEIÇÃO EM AMOR
Na obra A questão feminina (Graça Editorial), o evangelista norte-americano Kenneth E. Hagin (1917-2003) explora o papel da mulher no lar e na igreja, como apresentado no Novo Testamento. O autor demonstra o valor que a Palavra de Deus dá ao sexo feminino, citando, por exemplo, o momento em que o apóstolo Paulo escolhe algumas mulheres para serem cooperadoras de seu ministério: Priscila, Trifena, Trifosa e Pérside – mencionadas em Romanos 16.3 e 12.
Hagin escreve também que a atitude de Jesus para com as mulheres é um exemplo para todos os homens e que ninguém poderia tratá-las com maior consideração do que o próprio Senhor Jesus Cristo (p. 14). Ao falar da submissão feminina no lar, o autor destaca Sara como um modelo de esposa, conforme descreve o apóstolo Pedro (p. 25): Como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós sois filhas, fazendo o bem e não temendo nenhum espanto (1 Pe 3.6).
O evangelista faz adiante uma importante ressalva. Não é racional argumentar que toda esposa deve obedecer sempre a seu marido em tudo. […] Se um marido irado, fora de si, exige que a esposa mate um dos filhos, ninguém, em seu juízo perfeito, diria que ela deveria obedecer a ele. Bem, se ela não deve obedecer nessa situação, existem muitas outras situações em que ela também não deveria obedecer, pois envolvem coisas erradas! Nenhum marido pode dar uma ordem contrária a qualquer um dos mandamentos do Senhor (p. 31).
E, finalmente, Hagin chama a atenção para o imperativo registrado em 1 Pedro 3.1-7 (sede sujeitas ao vosso próprio marido): A palavra grega, traduzida no Novo Testamento como submeter, sujeitar e submeter-se, é hipotasso. Ela é usada em 1 Pedro 3.1 e em outros textos no sentido de que os cristãos devem submeter-se uns aos outros. […] A que tipo de sujeição isso se refere? Certamente, […] não queria dizer que os irmãos deviam ser escravos uns dos outros […]. Como você vê, é uma sujeição de amor, à lei do amor, assegura o autor, na página 36 do livro. (*Colaborou Élidi Miranda)