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Foto: Steve Wiesner / Unsplash

Paternidade no século 21

Apesar das transformações sociais, o pai continua sendo uma figura essencial na família, como ensina a Palavra

Por Patrícia Scott

O lavrador Rogério de Jesus Diniz, 48 anos, sempre desejou ter filhos. Contudo, as incertezas quanto ao futuro fizeram com que ele adiasse esse sonho por bastante tempo. Somente depois de se converter ao Evangelho, teve a coragem necessária para enfrentar tal situação. “Quando conheci a Palavra, assistindo ao Show da Fé, fui alcançado pelo Senhor. Onde havia dúvidas, a fé me deu esperança de dias melhores”, testemunha ele, que é pai de Lucas Gabriel, 14 anos, e Marcos Vinícius, 11. 

O lavrador Rogério de Jesus Diniz com a esposa e os filhos: “Quando o filho possui uma boa referência de pai, não tem dificuldades para honrá-lo, segundo ensina a Bíblia [Êx 20.12]”
Foto: Arquivo pessoal

No entanto, Rogério está ciente de que o mais difícil da paternidade não é sustentar os meninos financeiramente, e sim criá-los na Palavra, pondo em prática o que as Escrituram dizem: E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor (Ef 6.4). “Quando o filho possui uma boa referência de pai, não tem dificuldades para honrá-lo, segundo ensina a Bíblia [Êx 20.12]”, opina Rogério Diniz, que congrega na Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD), no centro de Caratinga (MG). 

O Pr. Luiz Carlos Neri Sobrinho, responsável pela IIGD no bairro Eldorado, em Porto Velho (RO), concorda com Diniz. “Os pais devem dar bons frutos para influenciar os filhos a seguirem a Cristo”, ensina o líder, pai de Carollyne, 21 anos, Carlos Eduardo, 15, e Luiz Davi, 6. “Muitos desejam que os filhos tenham boa conduta ou façam algo que, por vezes, eles mesmos não praticam”, aponta o pastor, para quem as incumbências da paternidade, na época em que vivemos, são inúmeras. “Entretanto, a responsabilidade de ajudar os filhos a encontrarem seu propósito de vida é prioritária.” Para Sobrinho, cabe aos pais conduzir seus descendentes na direção do plano do Altíssimo. “Eles são as flechas, e nós somos os valentes que vão direcioná-los para o alvo do Senhor”, prega, referindo-se ao Salmo 127.3,4: Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão. Como flechas na mão do valente, assim são os filhos da mocidade.  

O Pr. Luiz Carlos Neri Sobrinho com os filhos: “Eles são as flechas, e nós somos os valentes que vão direcioná-los para o alvo do Senhor”
Foto: Arquivo pessoal

“Missão de pai” – O aposentado Valdionir Ferreira da Cruz, 70 anos, partilha da mesma opinião. “Os filhos não são nossos, e sim herança do Senhor. É preciso prepará-los para cada experiência, positiva ou negativa”, destaca ele, obreiro da IIGD na Taquara, na zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), e pai de Cleiton, 32 anos. Cruz conta que o filho passou um pouco da hora do nascimento e que, por isso, cresceu com algumas limitações motoras. “Ensinei que é necessário o amor próprio e estimulei nele o desejo de se realizar”, relata o aposentado, acrescentando que, atualmente, o jovem trabalha como auxiliar administrativo em uma empresa e é obreiro na casa de Deus. “Sou muito feliz com a minha missão de pai.”

O aposentado Valdionir Ferreira da Cruz com o filho Cleiton: “É preciso prepará-los para cada experiência, positiva ou negativa”
Foto: Arquivo pessoal

Na Bíblia, há diversas passagens em que o Criador é chamado de Pai. O cuidado e o zelo dEle por Seus filhos é o exemplo máximo para todos os pais terrenos. Os princípios bíblicos de paternidade têm norteado o empresário Lucemir Martins Corrêa, 53 anos, obreiro da Igreja da Graça no Centro de Nova Iguaçu (RJ). Pai de três filhos, Douglas, 32 anos, Diogo, 26, e Danielle, 23, ele conta que, certa vez, reuniu os filhos para lhes falar acerca de Roboão, que preferiu seguir os conselhos dos amigos em vez de ouvir os anciãos (1 Rs 12.1-18). “Expliquei a eles que já havia vivido mais e experimentado o agir de Deus. Então, poderia orientá-los melhor do que qualquer colega.” Corrêa acredita que uma das funções paternas é ser o porto seguro dos filhos. “A decisão final vem do pai em prol de um bem maior”, defende. [Leia, no final desta reportagem, o quadro A paternidade de Deus]


Indicações de leitura

:: Pai inteligente influencia o filho adolescente – Jaime Kemp, o conselheiro familiar, ensina como os pais podem ajudar na criação dos filhos, moldando o caráter dos adolescentes, para que, assim, eles causem um impacto positivo em suas gerações.

:: Guia bíblico de paternidade espiritual – Bayless Conley desafia o leitor a ser pai espiritual daqueles que precisam de ajuda. Para o autor, é indispensável os pais serem referências de fé na vida dos filhos, testemunhando e exalando o amor, o poder e a autoridade do Senhor.

(Fonte: Graça Editorial)

Fotos: Divulgação / Graça Editorial


Papel de autoridade – A psicóloga e pedagoga Tereza Cristina Bello Matsumoto lembra que o pai tem valor significativo no desenvolvimento infantil. Ela esclarece que os pequenos buscam uma figura paterna para completar seus referenciais de vida familiar. E, dessa forma, mesmo que não tenha o pai biológico por perto, a criança observará outra pessoa com quem tenha contato, como um tio, um avô ou o pai de um amigo próximo. “Ter o pai na família facilita a compreensão, a imposição da ordem e os limites.”

Lucemir Martins Corrêa com os três filhos (Danielle, Diogo e Douglas): “A decisão final vem do pai em prol de um bem maior”
Foto: Arquivo pessoal

As mudanças sociais e culturais, por outro lado, levaram os pais a se aproximarem dos filhos, de acordo com a psicóloga Mônica Borges. “Hoje, eles participam mais das tarefas familiares, enquanto as mulheres constroem seu espaço no mercado de trabalho.” No entanto, ela observa: essa proximidade não deve desconfigurar a autoridade paterna, que precisa ser utilizada para dar orientações seguras e gerar confiança e independência nos filhos. “Estabelecer limites, regras e chamar a atenção, quando necessário, é fundamental.”

Segundo Borges, a paternidade deve ser construída a partir do desejo consciente do homem de integração com os filhos desde pequenos. “A ausência da figura masculina pode produzir conflitos no desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança e acarretar distúrbios de comportamento”, adverte a psicóloga. “Pai e mãe sempre serão distintos, mas a função de um complementa a do outro”, conclui. 


Palavra para os pais

Foto: Jude Beck / Unsplash

O que retém a sua vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, a seu tempo, o castiga (Pv 13.24).

Coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais (Pv 17.6).

O justo anda na sua sinceridade; bem-aventurados serão os seus filhos depois dele (Pv 20.7).

O que a seu pai ou a sua mãe amaldiçoar, apagar-se-lhe-á a sua lâmpada e ficará em trevas densas (Pv 20.20). 

Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele (Pv 22.6).

Os olhos que zombam do pai ou desprezam a obediência da mãe, corvos do ribeiro os arrancarão, e os pintãos da águia os comerão (Pv 30.17).

(Fonte: Bíblia Sagrada – ARA)



A paternidade de Deus

Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus no seu lugar santo (Sl 68.5).

Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó (Sl 103.13,14).

Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão nos não conhece, e Israel não nos reconhece. Tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a antiguidade é o teu nome (Is 63.16).

Mas, agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai; nós, o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos (Is 64.8).

Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus (Mt 5.48).

Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus (Mt 23.8,9).

Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele (1 Jo 3.1).

(Fonte: Bíblia Sagrada – ARA)



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