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01/06/2022Medicina e Saúde – 277
01/08/2022Característica feminina
Mulheres são mais solidárias que os homens, dizem estudos
Por Evandro Teixeira
As diferenças físicas entre homens e mulheres são bastante óbvias e independem de qualquer tipo de investigação para serem percebidas. Entretanto, a ciência tem descoberto que, para além das patentes distinções entre os dois sexos, existem características bem menos perceptíveis. Um levantamento realizado em 2021 pelo instituto de pesquisas Pew Research Center, nos Estados Unidos, mostrou que as mulheres tendem a se identificar mais com a dor do outro do que os homens. É a chamada empatia: quando um indivíduo procura se colocar no lugar de outra pessoa que esteja em situação de sofrimento ou de vulnerabilidade.
Para desenvolver o estudo, os pesquisadores expuseram os participantes a ver e ouvir relatos de pessoas que estavam passando por adversidades. Entre as mulheres, 71% informaram sentir tristeza por aqueles que estavam em situações desfavoráveis. Entre os homens, esse percentual foi bem menor: 53%. Uma parcela maior de mulheres (46%) também informou sentir frequentemente o desejo de ajudar aqueles que padecem. Entre os homens, apenas 34%.
A sondagem do Pew Research reforça o que já havia sido demostrado em estudo similar levado a efeito em 2018 pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra. No levantamento dos cientistas ingleses, dados de 46 mil pessoas foram cruzados para descobrir o papel da influência genética no nível de empatia dos seres humanos. Até então, considerava-se que a empatia era um traço de personalidade, desenvolvido durante a infância e por meio das experiências de vida. Os participantes tiveram seu quociente de empatia medido por meio de um questionário, o qual revelou que as mulheres atingiram pontuação média maior que a dos homens no inquérito: de um total de 80 pontos, elas alcançaram 50, em média, contra 41 deles.
Essência da mulher – A pastora e psicóloga Ana Lúcia Moreira Rodrigues acredita que as mulheres evidenciam uma empatia natural, dada pelo Criador. Segundo ela, o Texto Sagrado menciona mulheres cujas ações de bondade são muito evidentes. Pastora da Igreja do Evangelho Quadrangular em Santa Eugênia, Nova Iguaçu (RJ), ela lembra que, em Êxodo, por exemplo, é registrada a atitude empática das parteiras hebreias. Ana Rodrigues recorda que essas mulheres salvaram a vida de diversos bebês que deveriam ser assassinados por ordem de Faraó (Êx 1.15-17). “Elas demonstraram muita compaixão, colocando-se no lugar das mães”, observa a líder.
De fato, a Bíblia endossa essa capacidade feminina em outras passagens. Por exemplo, quando menciona Dorcas, que continuamente praticava atos de caridade (At 9.36-39). Em Romanos, Paulo cita o nome de Febe, que servia à igreja de Cencreia, hospedando muitos irmãos, inclusive o próprio apóstolo (Rm 16.1,2). Na mesma carta, ele também menciona Maria, uma mulher que trabalhou muito pelo ministério do apóstolo (Rm 16.6). Para a Pra. Cristiane Rosa da Silva, da Igreja do Evangelho Quadrangular de Fanchem, em Queimados (RJ), o cuidado e o zelo com o próximo constituem a essência da mulher. “Ela se organiza para fazer isso com excelência.”
No entanto, a psicóloga Christiane Romano Vieira Lima alerta que, apesar de existir maior predisposição natural feminina à empatia, essa característica só fará parte do repertório comportamental do indivíduo – mulher ou homem – que aprender a desenvolvê-la. Portanto, é algo que precisa ser ensinado desde cedo, em casa. Dessa forma, expor a criança a ações relacionadas à empatia pavimentará o caminho para que ela se torne um adulto que conseguirá se colocar no lugar do outro. “Tanto o ambiente familiar quanto o escolar podem e devem ser a porta de acesso para esse aprendizado”, defende.
Íntima compaixão – A cientista social Rosângela Paes Romanoel enfatiza a influência do contexto social na construção de comportamentos empáticos. Ela defende a ideia de que, ao internalizar valores associados à empatia, a pessoa conseguirá reproduzi-los mesmo em um ambiente que não estimule esse tipo de atitude. “Ela terá uma compreensão mais clara do que o outro possa estar sentindo ou passando em determinada situação”, explica.
Já a Pra. Kennie Ladeira Mendonça Campos prefere usar o termo compaixão em vez de empatia. Afinal, destaca ela, essa é a palavra usada em várias passagens bíblicas, entre elas, o texto de Mateus 14.14: E Jesus, saindo, viu uma grande multidão e, possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos. Entretanto, segundo a líder, que está à frente da Igreja Metodista em Ubás, na cidade de Carapebus (RJ), os dicionários de língua portuguesa não conseguem expressar a profundidade real do termo. “Ter compaixão é mais do que se colocar no lugar da outra pessoa. Significa padecer com ela”, informa. A pregadora entende que, de fato, esse é um traço marcante da personalidade feminina, e, por isso, a mulher é capaz de assumir grandes responsabilidades, como cargos de liderança. “Devido ao seu olhar mais atencioso, elas podem dar conta de detalhes que os homens talvez não consigam perceber.”
Além da liderança, o olhar empático da mulher sobre o outro também faz com que elas assumam diversas funções nas comunidades cristãs. Na sede regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Uberaba (MG), por exemplo, 70% das pessoas envolvidas nas atividades da congregação pertencem ao sexo feminino. Para a líder daquela congregação, a Pra. Maria Marta Ramos Pinto, esse percentual deixa evidente a preocupação feminina com aqueles que sofrem. “Elas estão à frente dos grupos de visita aos lares, terceira idade, evangelismo, arrecadação e distribuição de alimentos e roupas”, enumera. A líder assinala que esse comprometimento se deve à facilidade que têm de perceber as necessidades alheias. “Elas ouvem e observam mais o que acontece à sua volta.”
Principal modelo – Na sede estadual da IIGD no Piauí, a participação feminina também é maior que a masculina em várias áreas. É o que constata o Pr. Raimundo Nonato Silva Viana, ministro auxiliar daquela congregação na capital, Teresina. Ele frisa, porém, que, independentemente de ser homem ou mulher, todos os cristãos devem seguir o exemplo de empatia deixado por Jesus. “A Igreja que tem Cristo como Senhor deve seguir Seus passos levando amor e graça aos menos favorecidos”, ensina, citando a parábola do bom samaritano (Lc 10.25-37). [Do editor: leia, no final desta reportagem, o quadro A diferença no cuidado, que fala de um “manual” – escrito pelo pastor e conferencista britânico Derek Prince (1915-2003) e publicado no Brasil pela Graça Editorial – capaz de ajudar os crentes na tarefa de ajudar órfãos, viúvas, pobres e oprimidos]
O Pr. Edson Tadeu Ferreira da Silva Júnior, líder regional da Igreja da Graça em Rio das Ostras (RJ), faz coro com seu colega de ministério Raimundo Viana. “Tanto a mulher quanto o homem deveriam ter o mesmo sentimento de empatia.” O ministro ressalta que nosso principal modelo de comportamento é Jesus, conforme orientação do apóstolo Paulo: Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave (Ef 5.1,2). Segundo Edson, quem ainda não tem empatia deve desenvolvê-la. Em sua opinião, uma ótima forma de fazer isso é justamente se envolver na obra de Deus. “As experiências servirão de subsídio para o desenvolvimento da sensibilidade necessária para perceber a dor do outro”, conclui.
A diferença no cuidado
Na obra Órfãos, viúvas, pobres e oprimidos: descubra o amor de Deus pelos necessitados, o pastor e conferencista Derek Prince demonstra diversas formas como o cristão pode fazer a diferença no cuidado com os necessitados. Ele observa que isso é possível mesmo àqueles que alegam falta de tempo para manifestar apreço pelas pessoas. Na verdade, o autor defende que o cristão deve desenvolver um estilo de vida que inclua a ajuda àqueles que precisam.
Veja algumas orientações de Prince:
– Pesquise programas úteis que já funcionem em sua comunidade e envolva-se neles. Há igrejas cuidando dos necessitados com programa de alimentação e moradia? Junte-se a elas.
– Leve pacotes de biscoito no carro para dar aos necessitados.
– Doe tempo ou recursos a grupos de ajuda humanitária. Quando o número de desastres naturais aumenta, essas organizações, geralmente, são as primeiras a chegar para atender aos que precisam de abrigo e alimentos.
– Procure uma família em dificuldades na sua igreja. Convide-a para jantar ou almoçar fora. Ajude-a em suas dificuldades de casa ou pague a conta de luz dela, se for o caso.
(Fonte: Graça Editorial)