
Igrejas evangélicas são parte importante na inserção no mercado de trabalho
15/08/2025
Por Evandro Teixeira
A busca pela longevidade tem sido uma constante na história humana. Ao longo dos séculos, o homem tem procurado formas de prolongar a vida a partir de hábitos saudáveis, como se alimentar bem e fazer exercícios físicos, ou por meio de avanços científicos e tecnológicos. No entanto, pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, descobriram recentemente que a fé exerce forte influência naqueles que desejam ter uma vida longeva e com qualidade.
O estudo, publicado na conceituada revista médica Journal of the American Medical Association (JAMA), mostra que pessoas que frequentam a igreja vivem mais do que aqueles que não seguem nenhuma crença. De acordo com a análise dos estudiosos, fazer parte de uma comunidade cristã e visitá-la semanalmente reduz em 50% o risco de morte. Os pesquisadores constataram também outros benefícios da prática, como a redução dos níveis de depressão, a ajuda na recuperação da dependência química, os menores índices de suicídio e a melhoria do bem-estar. Em resumo, o levantamento aponta que as igrejas, anunciadoras da mensagem transformadora do Evangelho, são o espaço ideal para a promoção de uma vida longa e feliz.

Foto: Arquivo pessoal – modificada por IA
Para a teóloga Glair Alonso Arruda, mestre e doutoranda em Ciência da Religião, os resultados da pesquisa de Harvard apresentam dois pontos fortes: a ampla amostragem e o longo prazo de acompanhamento – foram analisados dados de 70 mil pessoas em um período de 16 anos. Segundo ela, dependendo da metodologia de avaliação das informações coletadas, é possível falar da confiabilidade do estudo ao associar a frequência assídua à igreja com um menor risco de mortalidade. “É presumível que a melhora na qualidade de vida pode resultar do maior engajamento social e da prática de hábitos saudáveis que, normalmente, fazem parte da rotina de quem costuma ir aos cultos.”
No entanto, a especialista diz que há um fator limitante para esse tipo de conclusão, tendo em vista que seria preciso considerar outras variáveis, como condições socioeconômicas, o país em que o estudo foi realizado, o perfil étnico do grupo pesquisado e a religião professada anteriormente, a fim de entender os resultados como princípios universais. Contudo, na opinião de Arruda, independentemente dessas questões, “de modo geral, a religiosidade, como expressão autêntica de fé e prática, provê sentido para a vida, oferece oportunidades de serviço ao próximo e fornece pertencimento à comunidade de fé” e é essencial para o bem-estar de qualquer pessoa.

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Fé e ciência – Estudos semelhantes ao de Harvard já revelaram resultados similares, mas, entre os cientistas, as questões que relacionam fé e ciência seguem sendo tratadas como “inconclusivas”. Porém, os autores da pesquisa da universidade estadunidense defendem os resultados obtidos, destacando que as constatações apresentadas não podem ser ignoradas. Para a cientista social Rosângela Paes Romanoel, há resistência no cenário científico em reconhecer os efeitos positivos da religiosidade porque os cientistas não conseguem explicar esse fenômeno. “Trata-se de uma experiência de fé vivida por quem conhece o poder de Deus. Os homens da ciência podem mensurar os resultados, mas desconhecem o processo.”

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Ela ressalta também que os estudiosos não compreendem a transformação operada pela Palavra do Senhor, testemunhada pelos evangélicos diariamente e bastante conhecida no universo cristão. Segundo Rosângela, essa mudança – seja a partir da libertação dos vícios, seja por meio de uma cura física, mental ou emocional – gera reflexos visíveis na vida daqueles que buscam a Cristo. Portanto, os resultados do levantamento, sublinha a especialista, são frutos diretos das ações evangelísticas das igrejas, as quais cumprem seu papel espiritual e social. “As comunidades cristãs oferecem conhecimento e suporte. Dessa maneira, transformam os comportamentos e a mentalidade de seus membros.”
Em contrapartida, há quem lembre que, no exercício da fé, por vezes, o cristão passa por situações adversas, como o enfrentamento de uma doença. Nessas circunstâncias, é preciso cautela, por mais encorajamento que a crença possa gerar. “A oração não substitui o efeito dos medicamentos e das terapias. Não podemos parar um tratamento médico apenas por achar que estamos curados”, adverte o teólogo Antônio José Alves Lima. Para ele, há duas maneiras erradas de pensar que são diametralmente opostas e precisam ser rechaçadas: aqueles que orientam os fiéis a abandonar os remédios e as orientações da Medicina e, por outro lado, o desprezo de médicos à fé dos pacientes como forma de defender os aspectos científicos. “As lideranças devem ter cuidado ao tratarem do tema, mas os médicos também não devem menosprezar as pessoas que, mesmo mantendo o tratamento, buscam a cura na fé”, afirma o estudioso. Ele exalta ainda o importante trabalho das capelanias hospitalares, as quais dão suporte emocional e espiritual aos doentes. “Esse atendimento é primordial pois leva esperança aos que estão lutando pela vida.”

Relação complexa – Pensamento semelhante tem o teólogo Ronaldo Viana da Silva. Ele reconhece que, embora eficiente, a ciência ainda não apresenta solução para todas as condições, e isso abre brechas para a fé agir. O estudioso admite, porém, que a relação da crença com os conhecimentos científicos ainda é de difícil compreensão para muitos. Isso porque, para certas pessoas, confiar na Medicina pode ser entendido como incredulidade. “Ambas podem coexistir, oferecendo base emocional e tratamento eficaz, sem abrir mão dos cuidados médicos”, ressalta.

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O teólogo acredita que as igrejas podem contribuir para a qualidade de vida à medida que disponibilizam acompanhamento espiritual e social. Além disso, salienta que as pregações, as orações e o senso de propósito possibilitado pela fé são relevantes no processo de cura das pessoas. Entretanto, o estudioso ressalta que a eficácia dessa vivência é variável, pois depende de como o tema é abordado pelas congregações e de que maneira os indivíduos entendem e aplicam os ensinamentos bíblicos transmitidos pela liderança. “A mensagem bíblica é fundamental para que as pessoas vivam de forma mais saudável”, acrescenta Ronaldo, destacando que a qualidade de vida também é influenciada pelas amizades.
O mesmo raciocínio é compartilhado pelo Pr. Daniel de Souza Miranda, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no bairro Raimundo Melo, em Rio Branco (AC). Ao falar do poder transformador da Palavra de Deus, ele cita o texto de Romanos 1.16: Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.Segundo o ministro, o Texto Sagrado garante uma vida abundante aos cristãos (Jo 10.10). No entanto, ele entende a dificuldade de os cientistas reconhecerem os efeitos positivos da prática religiosa. “Essa experiência não pode ser vivenciada como um experimento realizado em laboratório. A fé é um dom dado por Deus para quem ouve e pratica a Sua Palavra”, esclarece Miranda, fazendo menção a Romanos 10.17: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.

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Organismo terapêutico – Já o Pr. Leonardo Luís Távora da Silva, da Primeira Igreja Batista de Irajá, na zona norte do Rio de Janeiro (RJ), analisa que a comunidade evangélica é um organismo vivo e terapêutico. “Muitas pessoas feridas e machucadas chegam à casa de Deus marcadas pelas mazelas da vida antes de conhecerem o Senhor Jesus. Elas são tratadas e têm sua história de vida restaurada.” Segundo ele, ao se aproximar do Criador, muita gente é levada a reconhecer a grandeza do Pai celestial e, consequentemente, a dependência dEle. “Por meio da confissão dos pecados, o perdão divino é liberado”, esclarece, assinalando que isso ocorre mediante arrependimento sincero, condição fundamental para o estabelecimento da comunhão entre o ser humano e Deus, como registra Davi no Salmo 32.5: Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado.

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No ponto de vista de Leonardo da Silva, a Igreja precisa lembrar aos membros que, independentemente da religião, todos enfrentam dificuldades que podem levar ao adoecimento. “Apesar da fé que a pessoa professa, quando o corpo adoece, a mente também está sujeita à enfermidade.” Nesse caso, segundo o pastor, convém aplicar as palavras de Jesus registradas em João 16.33: Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.
Seguindo a mesma linha de pensamento, o Pr. Luciano Moreira de Sá, líder da Igreja da Graça no centro de Magé (RJ), elucida que, ainda que a ciência não consiga explicar os efeitos positivos da fé, o Texto Sagrado apresenta diversas respostas. Uma delas, proferida por Salomão, dá a exata medida dessas coisas: O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar os ossos (Pr 17.22). O pastor salienta que o estudo apenas confirma o que os cristãos já vivem na prática: “Quem caminha com Deus e se alimenta de fé e esperança experimenta a cura da alma, do corpo e da mente”.

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O ministro assevera que, diferentemente da ciência, a fé não precisa ser provada repetidamente para mostrar a sua existência; as experiências cristãs servem para fortalecê-la. “Não existem mecanismos que possam medi-la. Às vezes, de forma invisível, ela entra em ação, pois o agir divino não cabe dentro de fórmulas humanas”, prega o líder, assinalando que, enquanto os cientistas tentam entender esse fenômeno, a Palavra continua transformando, libertando e renovando mentes e corações. Ao longo desse processo, os servos do Senhor acumulam vivências. “Os cristãos também sofrem questões físicas, mentais ou emocionais. Por isso, a Igreja precisa ser o lugar onde as pessoas possam obter a cura em todas as áreas para desfrutar de uma vida longeva e feliz”, conclui Luciano de Sá.