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Foto: Ion Chiosea / 123RF

A jornalista Elis Amâncio, 40 anos, especialista em Marketing Digital, concorda com Lopes. Ela entende que as pessoas precisam ser ensinadas a checar a origem das informações. Se, no conteúdo publicado, consta que foi o órgão X ou a pessoa Y que fez aquela declaração, o correto, na opinião da jornalista, é verificar diretamente no site ou nas redes sociais do suposto emissor para checar se há alguma informação oficial sobre aquilo. Se não for possível o acesso à internet, ela argumenta que vale a pena telefonar para algum órgão oficial. “Infelizmente, existem pessoas interessadas em disseminar notícias falsas por diversos motivos. O combate eficiente às fake news depende de cada um”, destaca Elis, membro da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte (MG).

A jornalista Elis Amâncio, especialista em Marketing Digital, entende que as pessoas precisam ser ensinadas a checar a origem das informações: “O combate eficiente às fake news depende de cada um” Foto: Arquivo pessoal

Fatos comprovados – Para a jornalista e pesquisadora Anna Cristina Brisola, realmente a sociedade precisa ser mais bem instruída para lidar com o problema em questão. Ela salienta que, à medida que os cidadãos compreendem os mecanismos de desinformação e as características das fake news e dos boatos, eles começam a conter, por si mesmos, o avanço e a divulgação desses conteúdos mentirosos. Como pesquisadora, Brisola desenvolve estudos na área de Desinformação, Fake News, Competência Crítica em Informação e Cidadania pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e entende que ensinar a população a identificar as notícias falsas não é um processo simples. “O ser humano é programado para aceitar melhor as informações que combinam com suas crenças.”

A jornalista e pesquisadora Anna Cristina Brisola afirma que “o ser humano é programado para aceitar melhor as informações que combinam com suas crenças” Foto: Arquivo pessoal

Com o intuito de demonstrar sua afirmação, ela deu o seguinte exemplo, comparativo e didático: “Se gosto de chocolate, tendo a acreditar mais facilmente em uma notícia que diga: ‘Comer chocolate ajuda a emagrecer’ do que em outra que diga: ‘Comer chocolate pode levar ao diabetes’.” De acordo com Anna Brisola, várias informações chegam às pessoas sem muitas explicações, e, apesar de existir um oceano de fontes disponíveis para avaliar a veracidade delas, elas preferirão crer no que lhes convém. “Este é o maior malefício da pós-verdade: a escolha daquilo em que se quer acreditar, baseada em sentimentos, crenças, vontades, e não nos fatos comprovados, pesquisas, aprofundamento e racionalidade. Por isso, é importante atentar para essas características em nós mesmos”, orienta.

O marquetólogo e especialista em Estratégias On-line, Fábio Henrique de Oliveira Martins: “O que precisamos fazer, como cidadãos, é deixar de divulgar conteúdos não confiáveis, pensando que, em sociedade, somos responsáveis por nossos atos” Foto: Arquivo pessoal

Outro desafio na contenção dessas mentiras é que elas, muitas vezes, não são feitas por pessoas reais, e sim por perfis falsos, que se valem de ferramentas de disparo automático de mensagens, os chamados robôs. Para o marquetólogo e especialista em Estratégias On-line, Fábio Henrique de Oliveira Martins, 33 anos, isso é um problema. Segundo ele, como não existe um mecanismo de validação dos dados dos criadores dessas contas, é possível formar diversas delas, o que facilita ainda mais a disseminação de notícias falsas. “Infelizmente, ainda não há um controle total sobre isso, no entanto sabemos que há um trabalho sendo realizado. No mais, o que precisamos fazer, como cidadãos, é deixar de divulgar conteúdos não confiáveis, pensando que, em sociedade, somos responsáveis por nossos atos”, conclui. 


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