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“Questão de responsabilidade” – Embora as notícias falsas sempre tenham feito parte da História, os avanços tecnológicos tornaram sua propagação mais rápida, como ressalta o jornalista, publicitário e escritor Rodrigo Motta, 38 anos. “A diferença entre fake news,fofoca e mentira é que as duas primeiras têm um ‘quê’ de verdade: são difundidas no ambiente da notícia, em espaços jornalísticos, o que acaba fazendo com que pareçam confiáveis de alguma forma.” Segundo ele, o receptor deve avaliar a informação antes de acreditar nela ou mesmo replicá-la. “Se, em vez de levar adiante, as pessoas tivessem um mínimo de cuidado e estabelecessem a rotina de checá-la, indo primeiro a um canal confiável, teríamos menos problemas com esse tipo de notícia. Tudo é uma questão de responsabilidade.”

O jornalista Rodrigo Motta: “A diferença entre fake news, fofoca e mentira é que as duas primeiras têm um ‘quê’ de verdade: são difundidas no ambiente da notícia, em espaços jornalísticos” Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Aderson Ferreira, 25 anos, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Betim (MG), concorda. “É preciso vigiar, tomando cuidado com o que se ouve, vê, lê e, principalmente, com aquilo que se fala. A internet nos ajuda bastante – e isso é inegável –, mas precisamos avaliar tudo com atenção”, aconselha o pastor. Ele relata que, há algum tempo, recebeu de uma pessoa conhecida e confiável certo conteúdo duvidoso. “Em vez de repassá-lo, entrei em contato com o remetente e disse que acreditava ser uma notícia falsa. Ele a havia recebido de um amigo de confiança, mas iria averiguar. E, de fato, tratava-se de fake news.” 

Pr. Aderson Ferreira: “O melhor jeito de combater boatos, fofocas, ou, na linguagem atual, fake news é não disseminar aquilo de que não se tem certeza ou não é possível comprovar” Foto: Arquivo Graça / Solmar Garcia

Ferreira salienta que buscar a fonte da informação é a decisão mais acertada, justamente para evitar mal-entendidos. “O melhor jeito de combater boatos, fofocas, ou, na linguagem atual, fake news é não disseminar aquilo de que não se tem certeza ou não é possível comprovar. Como declara a Palavra, em Provérbios 12.22: Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor, mas os que agem fielmente são o seu deleite.

Realidade e ficção – Contudo, nem sempre é fácil identificar as notícias falsas, pois, como dito anteriormente, elas podem vir de fontes de aparência confiável. Existem, porém, algumas fake news que circulam nas redes sociais e são mais simples de serem desmascaradas. Como destaca o pesquisador Gilmar Lopes, 44 anos, fundador do site E-farsas (voltado para a checagem de fatos), geralmente, essas histórias possuem características peculiares: citam nomes de pessoas, instituições ou cargos para dar credibilidade à narrativa; não são datadas (para o leitor ter a impressão de que a notícia é recente); pedem que o conteúdo seja repassado ao maior número de pessoas; possuem um texto incoerente, confuso, chamativo (com algumas palavras em caixa alta); podem ter um tom conspiratório; nunca mencionam fontes (ninguém consegue saber exatamente de onde vem aquela informação); usam um assunto do momento e apelam para a emoção do receptor da mensagem, a fim de atrair grande quantidade de leitores e, em muitos casos, misturam fatos e ficção. 

O pesquisador Gilmar Lopes diz que a solução é educar os cidadãos: “O tema deveria ser tratado nas salas de aula e fazer parte das conversas na hora dos jantares em família” Foto: Arquivo pessoal

Na opinião de Lopes, para reduzir a difusão das informações falsas, a solução é educar os cidadãos. “O tema deveria ser tratado nas salas de aula e fazer parte das conversas na hora dos jantares em família.” Ele frisa que as redes sociais vêm tentando conter a propagação desse tipo de conteúdo, mas, ainda, não existe qualquer iniciativa realmente eficaz. Para Gilmar Lopes, a suspensão temporária das contas que divulgam esse tipo de informação, pelas redes sociais, são apenas medidas paliativas. “Além disso, não podemos cruzar a fina linha que separa uma notícia falsa de uma publicação de opinião, por exemplo, para não esbarrarmos em outra questão, não menos importante, que é a censura. Por isso, educar é o caminho”, reitera o pesquisador, o qual estuda o assunto há 20 anos.

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