Jovens que professam a fé em Cristo são mais propensos a ter saúde emocional

Por Ana Cleide Pachco

A juventude é um período marcado por importantes escolhas: faculdade, carreira, namoro, noivado, casamento. Por isso, essa pode ser uma fase de intensos conflitos internos e bastate expectativa em relação ao futuro. Contudo, um estudo do instituto de pesquisas Barna Group, dos Estados Unidos, mostrou que os jovens cristãos costumam enfrentar esses desafios com maior facilidade. De acordo com o levantamento, eles experimentam menos ansiedade sobre o futuro e, portanto, possuem uma saúde mental melhor do que aqueles não pertencentes a igrejas.

Realizada em parceria com aWorld Vision (Visão Mundial, organização cristã de desenvolvimento e respostas a situações de emergência), a pesquisa, denominada Connected Generation (geração conectada, em inglês), ouviu mais de 15 mil jovens adultos, entre 18 e 35 anos, em 25 países, com a finalidade de entender a saúde emocional e mental desse grupo na atual geração. A investigação apontou que a prática da fé e o bem-estar caminham lado a lado. Foi revelado, por exemplo, que apenas 16% dos cristãos praticantes se sentiam sozinhos e isolados de outras pessoas; entre os que não professam qualquer religião, o percentual quase dobrou: 31%. Foi mostrado ainda que 18% dos jovens cristãos se sentiam tristes ou deprimidos; enquanto, entre os sem religião, esse percentual subiu para 28%. A maior parte dos cristãos (51%) se disse otimista em relação ao futuro, enquanto apenas 34% dos que não professam qualquer religião se manifestaram otimistas com o amanhã.

A Pra. Maria Vilani Cavalcante, da Igreja Verbo da Vida de Petrolina (PE), frisa que a explicação para tamanha diferença está na fé dos jovens cristãos, cuja base é a Palavra de Deus. Ela lembra que diversas passagens expressam grandes promessas do Senhor aos que Lhe pertencem, como Jeremias 29.11: Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Do ponto de vista dessa líder, os conflitos relacionados à vida acadêmica, profissional, sentimental e à autoestima são superados à luz do Livro Santo. “Percebemos nos jovens de nossa igreja, principalmente naqueles que estão na fase de vestibular e ENEM, certa inquietude. Mas, à medida que ouvem a Palavra, acabam se firmando nas promessas que ela garante aos que amam a Deus e andam nos Seus caminhos. Eles têm a fé ancorada na Verdade de Cristo.”

“Componente primordial” – Para o Pr. Eduardo Ribeiro Borges, auxiliar na Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte (MG), a comunhão com Deus fortalece a autoestima dos jovens, pois ajusta sua autoimagem. Dessa forma, quando entendem que foram criados com um propósito e que são completamente capacitados pelo Senhor para cumprirem os desígnios dEle, sentimentos de incapacidade e baixa autoestima são extirpados. “O jovem cristão, assim como o que não caminha com o Messias, é exposto a um ambiente de batalhas, enfrenta tempestades e usufrui de conquistas. A diferença é que,em todo esse processo, existe um componente primordial que o difere dos outros: a fé.”

O pregador deixa claro que “essa fé não fica estagnada”. Ao contrário, vai se desenvolvendo e sendo fortalecida pelo amadurecimento e pelos frutos do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade [paciência, em algumas versões], benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl 5.22,23 – ARA). “Dentre esses, paciência, mansidão e domínio próprio se destacam no combate à ansiedade.”

No entanto, evidencia Borges, existem outros fatores que contribuem para uma boa saúde emocional, como o convívio social. “Nos relacionamentos, aprendemos a conviver com as diferenças, a trabalhar em equipe, a lidar com os diversos temperamentos. A vida social da igreja prepara esse jovem para o âmbito acadêmico e para as dificuldades que serão enfrentadas no mercado de trabalho. Isso faz toda a diferença”, acrescenta o servo de Cristo, que está no ministério pastoral há 19 anos.

A líder de juventude, Jéssica Fraga Figueiredo, 26 anos, também da Oitava Igreja Presbiteriana da capital mineira, faz coro com o Pr. Borges, acrescentando que, em Deus, o cristão encontra a paz […] que excede todo o entendimento (Fp 4.7). Ela afirma ser possível observar entre os jovens cristãos essa estabilidade emocional que somente o Espírito Santo pode conceder-lhes. “Aqueles que professam a fé em Jesus têm mais equilíbrio. Enfrentam desafios em casa, no trabalho, na faculdade, mas acreditam na soberania e no cuidado do Senhor. E isso permite que tenham paz, algo que só o Evangelho traz.”

Coisa alguma – O Pr. José Carlos Alves do Nascimento Filho, da Primeira Igreja Batista em Lins de Vasconcelos, na zona norte do Rio de Janeiro (RJ), reforça a ideia de que a vida com Deus é primordial para o equilíbrio emocional. “Ansiedade é o excesso de amanhãs no hoje. O que Cristo nos ensina é vivermos aquilo que temos, o hoje, na plena confiança de que nosso amanhã está no controle dEle”, destaca o pregador, lembrando o que está escrito em Filipenses 4.6: Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças.

O líder explica que um dos primeiros processos na conversão é a metanoia – palavra grega que significa mudança de mente ou de pensamento. Assim, aqueles que se convertem começam a enxergar a vida por outra perspectiva. Além disso, a caminhada espiritual vai estabelecendo novos princípios e valores, em que o Espírito Santo ensina o novo crente a lidar com as tensões e os fatores que causam desequilíbrio emocional, como culpa, extremismos, frustrações e ansiedade. “É importante estabelecer que não são as práticas religiosas em si que nos deixam menos propensos a ser ou estar ansiosos. Em Salmo 46.10, lemos: Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus. O texto está dizendo que conhecemos a Deus na quietude. É Ele quem realiza Sua obra em nós, e não as nossas práticas religiosas. O que é necessário é entregarmos o controle das nossa vida e mente a Ele.”

Grande expectativa – O Pr. Alessandro Braga, da Igreja Luz às Nações, no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), afirma que essa entrega só acontece mediante o entendimento do amor de Deus por Seus filhos. A partir dessa experiência, os jovens, em qualquer lugar do mundo, experimentam a real segurança e, consequentemente, uma vida plena. Por outro lado, quando não conhecem esse amor, seus problemas são inúmeros. “A cada dia, percebemos o aumento do vício em drogas, do número de suicídios e de outros males.”

O maior desafio dos líderes de juventude, pensa Braga, é ganhar a confiança dos jovens. À medida que isso acontece, torna-se mais fácil fazê-los compreender que o amor de Deus é capaz de preencher todos os espaços da existência humana. “Então, a ansiedade em relação ao futuro se transforma em uma grande expectativa sobre o que o Senhor irá fazer.”

Para alguns, outro desafio deste tempo é a tecnologia. Essa é a opinião do Pr. Leonardo Botelho Arouca, da Igreja Metodista Congregacional da Floresta, em Belo Horizonte (MG). “Perdemos as conexões fundamentais. Aquelas que são valiosas, fortes, olho no olho, com abraço caloroso, ouvido atento, lágrimas sendo enxugadas, palavras de incentivo, entre outros aspectos”, enumera ele, o qual acredita que a solução está no incentivo à recriação das conexões “vertical” (com o Senhor) e “horizontais” (entre irmãos em Cristo). “A imagem da cruz nos chama para Jesus e nos envia às pessoas. O amor flui de Deus para nós e de nós para o próximo.” Arouca crê que o amor dá real valor a tudo o que o ser humano faz. “Tudo começa em Deus e tem Ele como alvo. O Pai nos ama, nós nos amamos e, por consequência, ganhamos capacidade de amar os outros. E, nesse amor, seremos conhecidos como discípulos de Jesus.”

O Pr. Márcio Alves, líder nacional da juventude da Igreja Internacional da Graça de Deus, compartilha a mesma opinião de Arouca. “O amor de Deus é provado quando Ele envia Seu Filho unigênito para morrer e salvar o homem. Essa é a maior prova de amor, e os jovens estão sendo contagiados por ela”, avalia Alves, salientando que quem ama o Senhor foca nEle e tem compromisso com a Palavra dEle. Assim, desfruta de bênçãos em todas as áreas, inclusive na saúde emocional.

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