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Foto: Wikimedia
Por Patrícia Scott*
O legado do missionário batista inglês William Carey (1761-1834) é multifacetado. Conhecido como “pai das missões modernas”, ele impactou a obra de evangelização, especialmente na Índia, onde viveu por mais de 40 anos. Foi pastor, teólogo reformador, educador, tradutor das Escrituras Sagradas e defensor dos direitos humanos. Apreciava a natureza: estudava pássaros, insetos e plantas que encontrava nos campos. Porém, acima de tudo, amava os livros, principalmente os que falavam de viagens e aventuras.
Nascido em 17 de agosto de 1761, em Northamptonshire (Inglaterra), William era o filho mais velho de Edmund e Elizabeth Carey. De família humilde, cresceu sob os preceitos da Igreja Anglicana. Aos 14 anos, tornou-se aprendiz de sapateiro e, mais tarde, profissional desse ofício. Nessa época, passou a ouvir pregações de pastores, como John Wesley (1703-1791). Em 1779, quando completara 18 anos, rendeu-se ao Evangelho e se uniu à Igreja Batista local. Embora tenha sido batizado na infância, fez sua confissão pública de fé e foi rebatizado em 5 de outubro de 1783 pelo Pr. John Ryland.
No ano seguinte, casou-se com Dorothy Plackett, sete anos mais velha e analfabeta. Ela não compartilhava da ideia de deixar a Inglaterra e só aceitou seguir para a Índia após muita conversa e sob a condição de que a irmã, Kitty, fosse junto. Carey e Dorothy foram casados por 26 anos e tiveram sete filhos: Ann, Felix, William Jr., Peter, Lucy, Jabez e Jonathan. Após a morte de Peter, com apenas cinco anos, Dorothy ficou abalada e mentalmente instável até seu último dia de vida, em 8 de dezembro de 1807.
Durante uma reunião realizada em 1786, Carey implorou aos ministros para que se dedicassem ao trabalho missionário entre os pagãos, mas foi desencorajado pelo presidente da igreja, John Ryland, que lhe respondeu: Sente-se, jovem. Quando agradar a Deus converter os pagãos, Ele o fará sem sua ajuda ou a minha! Consagrado ao ministério pastoral aos 26 anos, em Moulton, Carey passou a falar no púlpito sobre missões. Nos momentos livres, estudava biografias, línguas – adquirindo conhecimento de francês, italiano, holandês, grego, latim e hebraico –, e buscava informações sobre o mundo pagão.
Em 2 de outubro de 1792, pregou o célebre sermão Espere grandes coisas de Deus! Faça grandes coisas para Deus. Em seguida, publicou o folheto Uma investigação sobre as obrigações dos cristãos de utilizar meios para a conversão dos pagãos. Naquele mesmo ano, fundou, com outras 14 pessoas, a Sociedade Missionária Batista, a primeira agência de missões protestante da Inglaterra, e definiu como objetivo inicial evangelizar a Índia, país situado no Sul da Ásia e de maioria hindu. Se é dever de todos os homens, quando o evangelho chega, crer para a salvação, então é dever daqueles a quem o evangelho é confiado esforçar-se para torná-lo conhecido entre todas as nações em obediência à fé, declarou ele.

Foto: Gangulybiswarup / Wikimedia
Resiliência e fé – A princípio, os membros da congregação de Carey, em Leicester, estavam relutantes quanto à ida dele para a Índia, porém compreenderam que era resposta de oração. O missionário, então, embarcou em um navio da Companhia Dinamarquesa das Índias Orientais e chegou à nação indiana em novembro de 1793. Entretanto, seguiu para o interior, longe da Companhia das Índias Orientais, uma associação de comerciantes que atuava na Ásia Oriental e hostilizava missionários. Posteriormente, mudou-se para Malda, onde fundou, em 1795, uma Igreja Batista com quatro membros ingleses. Mesmo tendo recebido a visita de centenas de bengaleses nos cultos, em sete anos de trabalho, nenhum deles aceitou Jesus.
Em 1800, William Carey foi para Serampore, uma colônia dinamarquesa próxima a Calcutá. Lá, batizou o primeiro hindu convertido, Krishnu Candra Pal, no rio Ganges. Na mesma época, foi fundada, em Calcutá, a Fort William College – uma academia de ensino de estudos orientais e línguas indianas modernas voltada para ingleses – onde Carey se tornou professor e, posteriormente, reitor da faculdade por 30 anos. Em 1801, cumpriu a tarefa de publicar o Novo Testamento em bengalês.
Viúvo, Carey se casou novamente em maio de 1808 com Charlotte Emilia Rumohr (1761-1821), de 47 anos, a qual apoiou grandemente a atuação missionária do marido, que continuou pregando e trabalhando nas traduções – tendo traduzido a Bíblia para cinco línguas indianas. Em 1818, ele fundou o Serampore College, em funcionamento até hoje. William Carey lutava pelo estabelecimento de uma igreja autêntica na Índia, com as características culturais locais sem desrespeito às Sagradas Escrituras, e se dedicou muito para deixar o Livro Sagrado traduzido e para formar lideranças nativas.
Dois anos após o falecimento de Charlotte, Carey se casou com Grace Hughes (1778-1835), uma viúva de 45 anos, que cuidou do missionário até o falecimento dele em 9 de junho de 1834, aos 73 anos, em Serampore. Em seu leito de morte, Carey disse ao amigo Alexandre Duff (1806-1878): Quando eu me for, não diga nada acerca do Dr. Carey. Fale sobre o Salvador do Dr. Carey. (*Com informações de Wikipédia, Wholesome Words, Thoughts on Christ e Igreja Batista Redenção).