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Pastores dizem que o cristão precisa promover mudanças

Hand turning a home thermostat knob to set temperature on energy saving mode. celcius units. Composite image between a photography and a 3D background.

Foto: Olivier Le Moal/ Adobe Stock

Por Lilia Barros

Enquanto o termômetro mede a temperatura de um corpo ou de um ambiente, o termostato vai além: reage a variações e atua para regulá-las, mantendo as condições desejadas. Ambos são dispositivos bastante diferentes. O primeiro é um instrumento passivo de medição; o segundo, ativo no controle. Comparando esses dois objetos aos comportamentos humanos, é possível afirmar que algumas pessoas são levadas pelas circunstâncias, enquanto outras influenciam o ambiente, independentemente da situação. Segundo a Bíblia, o plano de Deus é que o cristão seja como um termostato: capaz de fazer a diferença, influenciar quem está ao redor, melhorar o meio e transformar a sociedade. Jesus ensinou isso ao proclamar no sermão da montanha: Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus (Mt 5.13-16).

O Pr. Sinval de Souza Junior afirma: “Não fomos chamados à inércia, mas à ação, para impulsionar as pessoas a avançar”
Foto: Arquivo pessoal

Na opinião do Pr. Sinval de Souza Junior, da Nossa Igreja, em São Paulo (SP), a clássica analogia dessas ferramentas é uma forma eficaz de compreender comportamentos religiosos, especialmente à luz dos relatos bíblicos. “O termômetro representa bem a conduta dos fariseus descritos nas Escrituras. Aqueles que conhecem profundamente a Lei e atuam como avaliadores dos fatos, mas não se engajam em transformações reais. Eles estão mais preocupados com a aparência do que com a justiça, a misericórdia e a fé”, avalia o ministro, ressaltando que, por sua vez, o termostato se encaixa melhor no perfil dos discípulos de Jesus. “Apesar das falhas, eles se colocam como referência, instrumentos de mudança no mundo.” De acordo com Sinval, o cristão precisa ser propositivo, e não apenas observar o que acontece ao seu redor. “Quem não atua como transformador acaba perdendo o propósito”, prega ele, acrescentando que a fé cristã é representada na Palavra como sal e luz justamente por estes serem elementos que influenciam e fazem diferença. “Não fomos chamados à inércia, mas à ação, para impulsionar as pessoas a avançar”, afirma.

O Pr. Idelvan Anunciação lembra: “É de responsabilidade de quem foi transformado por Cristo criar o clima e influenciar na conversão das famílias”
Foto: Arquivo pessoal

Poder do Evangelho – O Pr. Idelvan Anunciação, líder regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Corumbá (MS), partilha de opinião semelhante. Ele cita a parábola dos talentos (Mt 25.14−30) para exemplificar o típico crente paralisado. “Três servos receberam um valor, um talento, para ser multiplicado. Um deles apenas o enterrou, não fez nada para aumentá-lo, deixando-o do jeito que estava. Por isso, foi reprovado”, explica o ministro, comparando a atitude deste servo com à de Pedro e João, que agiram diante do sofrimento do paralítico que estava à porta do templo pedindo esmola (At 3.1-8). “Eles fizeram o homem se levantar e andar”, relata o pastor, lembrando que, por onde passava, Jesus interferia com o poder modificador do Evangelho, e, da mesma forma, devem fazer os cristãos. “Está escrito na Bíblia Ide e pregai o Evangelho [Mc 16.15], ou seja, mude a temperatura fria, incrédula, imoral, pecaminosa que é o mundo. É de responsabilidade de quem foi transformado por Cristo criar o clima e influenciar na conversão das famílias.”

O Pr. Atilano Muradas avalia que há dois tipos de pessoas na sociedade: as que observam, criticam e quase nada fazem para mudar a realidade em que vivem, e as inconformadas, que buscam remodelar os locais onde transitam
Foto: Arquivo pessoal

Para o Pr. Atilano Muradas, do Ministério Sonho de Deus, em Taubaté (SP), há dois tipos de pessoas na sociedade: as que observam, criticam e quase nada fazem para mudar a realidade em que vivem, e as inconformadas, que buscam remodelar os locais onde transitam. “É prudente definirmos quem nós somos dentro desse universo”, reflete o pregador. Ele observa que, muitas vezes, as pessoas não são ativas e buscam dar desculpas para justificar sua postura diante das mais diversas circunstâncias. “Muitos podem dizer que não têm vocação para realizar obras sociais. Mas, na verdade, estão com preguiça de encarar o trabalho, de enfrentar as dificuldades e se doarem ao outro”, aponta Muradas, destacando que, definitivamente, o mundo não deve ser dos “termômetros”, e sim dos “termostatos”.

Fé ativa – A partir desse contexto, oPr. Fábio dos Santos Gomes, daIgreja Caminho da Vida, no Rio de Janeiro (RJ), alega que ser um “crente-termômetro” é antagônico. “É uma grande incoerência observar o caos e criticar as pessoas sem apresentar para este mundo a mensagem de esperança que garante a eternidade com Jesus”, pontua. Citando Lucas 9.23 (E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me), o ministro lembra: “Cristo nos salvou para sermos instrumentos promovedores de mudanças, verdadeiros discípulos dEle, crentes ativos.”

O Pr. Fábio dos Santos Gomes pontua: “É uma grande incoerência observar o caos e criticar as pessoas sem apresentar para este mundo a mensagem de esperança que garante a eternidade com Jesus”
Foto: Arquivo pessoal

No entanto, Gomes reconhece que, para muitas pessoas, ser um influenciador não é tão simples. “Nem sempre é fácil contribuir para mudanças significativas por vários motivos. A timidez e o receio, por exemplo, são barreiras para muita gente”, avalia. Por outro lado, o pastor ressalta que sempre é mais cômodo ser o julgador das circunstâncias, como aqueles que presenciaram a cura do paralítico levado por quatro amigos até o Messias (Mc 2.3-11). “Quando Jesus perdoou os pecados daquele homem, muitos mestres da Lei foram rápidos em julgar a situação. Porém, o Senhor deu a oportunidade para que todos refletissem sobre suas formas de pensar e agir.”

O Pr. Rogério Postigo ressalta que cabe ao servo de Deus “ser um promotor de transformação, não apenas um receptor passivo”
Foto: Arquivo Graça / Rodrigo Di Castro

Na opinião do Pr. Rogério Postigo, líder estadual da IIGD em Minas Gerais, a responsabilidade cristã está além das quatro paredes do templo e requer uma fé ativa e engajada, especialmente em um cenário de desafios éticos e morais crescentes. “Se a Igreja, que parece ser a última resistência diante de um sistema corrompido, não agir no seu campo de influência, a família, o trabalho e o convívio social, o que será das próximas gerações?”, questiona Postigo, argumentando que o povo de Israel, em vários momentos ao longo do Antigo Testamento, mostrou-se paralisado diante de diversos acontecimentos. “Os midianitas, por exemplo, oprimiam e empobreciam o povo, e as pessoas nada faziam. Entretanto, Gideão ousou acreditar na promessa do Senhor e, guiado pelas orientações de Deus, venceu os inimigos (Jz 7)”, recorda-se o líder, ressaltando que cabe ao servo de Deus “ser um promotor de transformação, não apenas um receptor passivo”. O líder cita também o caso de Davi, que, na juventude, presenciou todo um apático exército israelita diante das ameaças de Golias (1 Sm 17.1-51). “Porém, ele mostrou sua fé e coragem para enfrentar o gigante e devolver a honra a Israel.”

A Pra. Nefertiti de Freitas Gonçalves lembra que cada indivíduo tem seu papel na sociedade e na fé cristã a partir de suas próprias características: “Se todos fossem iguais, seria uma guerra ou ninguém resolveria nada”
Foto: Arquivo pessoal

Importantes papéis – Segundo a Pra. Nefertiti de Freitas Gonçalves, da Igreja Sara Nossa Terra, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), cada indivíduo tem seu papel na sociedade e na fé cristã a partir de suas próprias características. “Se todos fossem iguais, seria uma guerra ou ninguém resolveria nada”, avalia ela, frisando que o comportamento das pessoas pode ser moldado, inclusive, pelas circunstâncias. “Muitos ‘termostatos’ estão se tornando ‘termômetros’ para não se envolverem ou não se machucarem”, observa, referindo-se àqueles que deixaram de influenciar por medo ou frustração. Por causa disso, a ministra alerta para a crescente indiferença espiritual. “Como está registrado em Mateus 24.12, devido ao aumento da maldade, o amor de muitos se esfriará. A decepção com a Igreja transforma muitos em críticos que, simplesmente, ‘chutam o balde’.”

Foto: Günter Albers / Adobe Stock

Para mudar esse cenário, a pastora aconselha os crentes a seguirem os passos de Jesus e, assim, serem agentes de transformação. Ela lembra do exemplo de Mardoqueu, primo e mentor da rainha Ester, que teve papel decisivo na salvação do povo judeu de um genocídio planejado por Hamã. “Precisamos de pessoas como ele, que se indignam diante das injustiças. Não basta dizer ‘vai dar tudo certo’, é preciso agir. Caso contrário, Deus levantará outros para cumprir o propósito”, garante Nefertiti de Freitas, mencionando o relato dos espias enviados a Canaã. Enquanto dez se intimidaram com os desafios, Josué e Calebe enxergaram a bênção (Nm 13.1-33). “Eles tinham um olhar diferente dos demais”, avalia a ministra, acrescentando que fica evidente que nem todos os cristãos são ousados, corajosos e proativos. “Por esse motivo, é preciso haver líderes que estejam dispostos a guiá-los”, finaliza.


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