Charles Edward Fuller investiu na comunicação para expandir o Evangelho nos EUA

Uma das figuras mais influentes do evangelismo norte-americano no século 20, o pastor batista Charles Edward Fuller (1887-1968) apostou na comunicação como ferramenta essencial para a expansão do cristianismo nos Estados Unidos. Em plena ascensão do rádio, ele teve uma ideia visionária e soube explorar o novo meio como poucos, transformando-o em seu principal púlpito. Paralelamente, investiu na educação teológica, contribuindo de maneira decisiva para a formação de novas lideranças evangélicas.

Caçula dos quatro filhos do próspero agricultor de laranjas Henry Fuller e de Helen M. Day Fuller, Charles nasceu na Califórnia, na Costa Oeste dos EUA, em 25 de abril de 1887. Mesmo proveniente de uma família metodista, a princípio, o jovem não demonstrou grande interesse por assuntos espirituais, estava mais inclinado à ciência. Ele se formou em Química pelo Pomona College, em 1910, e seguiu carreira nos negócios familiares, dedicando-se à indústria de empacotamento de frutas cítricas no sul californiano. Naquele mesmo ano, casou-se com sua namorada do colégio, Grace Leone Payton (1886-1966), dando início a uma parceria pessoal e ministerial que duraria toda a vida. Dessa união, nasceu Daniel Fuller.

A virada na história de Charles Fuller ocorreu em 1916, ao ouvir uma pregação do Pr. Paul Rader, da Igreja Moody, em Chicago. Foi um momento decisivo, pois aquela palavra o transformou, levando-o a se dedicar inteiramente ao ministério. Assim, iniciou sua trajetória ministerial como professor de Escola Dominical na Igreja Presbiteriana de Placentia, em Los Angeles. Em seguida, a fim de aprofundar seus conhecimentos teológicos, ingressou no Instituto Bíblico de Los Angeles (atual Biola University), sob a orientação do Rev. Reuben A. Torrey. Naquele período, Fuller desenvolveu uma visão marcada pelo fundamentalismo e pelo dispensacionalismo, correntes que moldariam seu pensamento e sua atuação nas décadas posteriores. Desse modo, por divergências doutrinárias, ele rompeu com o presbiterianismo em 1925, ano em que se tornou ministro batista, assumindo o pastoreio da Igreja do Calvário e abraçando uma nova fase de sua vocação. Fuller, então, passou a viajar pela Costa Oeste americana, promovendo reuniões de avivamento, nas quais a sua mensagem simples, direta e carregada de fervor encontrava terreno fértil entre os ouvintes de todas as idades.

Comunicação e educação – Entretanto, foi no rádio que Charles Fuller encontrou seu maior espaço ministerial. No ano de 1930, passou a transmitir cultos dominicais e estudos bíblicos. O alcance do veículo de comunicação e a resposta do público foram tão expressivos que, em 1933, ele deixou o pastorado e fundou a Gospel Broadcasting Association, uma organização sem fins lucrativos criada para sustentar seu crescente ministério radiofônico. No entanto, a fama nacional só veio em 1937, quando foi ao ar a primeira edição do Old Fashioned Revival Hour (Hora do Reavivamento à Moda Antiga, em tradução livre). O programa combinava pregação, música ao vivo e uma atmosfera de culto profundamente envolvente. Inicialmente, ele foi transmitido pela Mutual Broadcasting System e, depois, em 1951, pela ABC Radio Network. O culto radiofônico ficou no ar até 1968, alcançando mais de 10 milhões de ouvintes no seu auge, em 1942, e se tornando um fenômeno religioso e cultural nos Estados Unidos.

De 1941 a 1958, as transmissões aconteciam ao vivo no Auditório Municipal de Long Beach, com plateia, coral e quarteto gospel, acompanhados pelos renomados músicos George Broadbent (órgão) e Rudy Atwood (piano). Ao lado da esposa, Charles Fuller criava um ambiente familiar e acolhedor, que fazia da fé uma experiência íntima, mesmo por meio das ondas radiofônicas.

Porém, ele não se contentava apenas com a evangelização pelo rádio. Em 1947, fundou o Seminário Teológico Fuller, em Pasadena, na Califórnia. A instituição, que permanece em atividade, foi criada com o objetivo de formar uma nova geração de líderes evangélicos, teologicamente preparados, socialmente conscientes e moderados em sua abordagem. Rapidamente, ela se tornou uma das organizações cristãs mais influentes dos Estados Unidos. O filho de Fuller, Daniel, seguiu os passos do pai e atuou como reitor e professor de Hermenêutica no seminário por mais de cinco décadas.

Charles Edward Fuller faleceu em 19 de março de 1968, aos 80 anos, pouco depois de fazer sua última apresentação no Old Fashioned Revival Hour, e foi sepultado no Forest Lawn Memorial Park, em Glendale, cidade californiana. Apesar de não ter recebido em vida o pleno reconhecimento da importância histórica de seu ministério, seu legado é amplamente valorizado atualmente. O Auditório Municipal de Long Beach, onde ocorriam suas gravações, foi demolido, mas uma placa registra o local das transmissões do pregador. Na verdade, Fuller era bem mais que um pastor; foi um evangelista que dominou um meio de comunicação ainda emergente. Sua voz continua a ecoar, tanto nas retransmissões digitalizadas de seus cultos quanto na influência formadora do seminário que leva o seu nome. (*Com informações de Wikipédia, Family Search e Wheaton College)