Reconciliação com Cristo
15/07/2025
Aguardar o tempo de Deus é um caminho de fé e resiliência que forja o caráter cristão
01/08/2025
Reconciliação com Cristo
15/07/2025
Aguardar o tempo de Deus é um caminho de fé e resiliência que forja o caráter cristão
01/08/2025

Ex-participante de reality culinário leva o Evangelho aos lugares mais esquecidos de São Paulo

Foto: Reprodução / Facebook pessoal

Por Marcelo Santos

Ao ingressar na cozinha mais famosa do Brasil, Antônio Videira Júnior, 47 anos, já tinha consciência de que sua missão ia além de simplesmente cozinhar pratos saborosos. Missionário, fundador e líder do Mochileiros de Cristo, Juneo — como é conhecido — participou da sétima temporada do MasterChef Brasil em 2020, reality show em que os competidores enfrentam desafios gastronômicos. No entanto, sua presença naquele programa, transmitido pela BandTV, não foi motivada pela possibilidade de fama, mas pelo desejo de expressar sua fé a partir da culinária. “Para mim, a cozinha sempre foi um lugar de acolhimento, troca, conexão. Queria usar isso como ferramenta de missão, já que cozinhar é uma forma de demonstrar amor”, explica Juneo, especialista em Gastronomia com pós-graduações em áreas diversas, entre elas a Sociologia. A participação na atração não prosperou. “Queimei meu brownie”, diz ele, ressaltando, entretanto, que seu testemunho emocionou os jurados e milhares de telespectadores.

Formado em Teologia com ênfase em Missiologia e professor no Seminário Betel Brasileiro, em São Paulo (SP), Juneo atua no Mochileiros de Cristo atendendo a crianças e famílias em situação de vulnerabilidade social nas favelas da região de Campo Belo, na zona sul paulistana. “Ser missionário urbano é ver Jesus nos becos e nas vielas, não só no púlpito.” Casado com Karen
Videira, 47, e pai de Giulia, 16, e Matteo, 14, Juneo compartilha com Graça/Show da Fé um pouco de sua fé e de seus conhecimentos de cozinha missionária.

Participar do MasterChef era um sonho?

Sempre apreciei a atração, que acompanho desde a primeira temporada porque já gostava de cozinhar. Era algo que me encantava. No entanto, quem insistia para eu me inscrever era minha filha, a Giulia. Ela dizia com frequência: Pai, você precisa participar!

Antes de ser selecionado, você tentou entrar no programa em outras oportunidades?

Até tentei na segunda temporada dos amadores, mas não deu certo. Na sétima, em plena pandemia da covid-19, o formato mudou: era um vencedor por episódio. Mesmo assim, eu resistia: achava que seria difícil por ter muita gente. Entretanto, a Giulia pediu tanto, que gravamos o vídeo para a inscrição. E, para a minha surpresa, dois ou três dias depois, o pessoal do programa ligou. Fiz todos os testes e fui selecionado.

Como foi a experiência no MasterChef?

Um momento especial, pois uniu minha paixão pela cozinha com o incentivo da minha filha. Proporcionou visibilidade ao nosso projeto missionário, embora evitássemos a fama, porque, muitas vezes, ela engana. Tivemos propostas de parcerias, mas só seguimos com o que fazia sentido para a nossa missão. Aquela projeção fez as pessoas conhecerem e apoiarem o Mochileiros de Cristo, especialmente durante a pandemia. Nas áreas pessoal e ministerial, acendeu ainda mais meu desejo de usar a Gastronomia como instrumento de transformação de vidas.

De que modo você se preparou espiritualmente para participar do programa?

Orei de maneira simples, mas profunda. Eu dizia: Deus, não me deixe envergonhar o Teu Nome. Tinha medo de uma fala impensada, de uma reação que não refletisse os meus valores. Pedi que Ele fosse glorificado porque não se tratava de mim, e sim dEle.

Qual foi o momento marcante que vivenciou no MasterChef?

Na apresentação dos participantes, que foi ao ar no YouTube. Eu não sabia que teríamos tanto tempo de exposição. Estávamos proibidos de contar nossa história uns aos outros para preservar a surpresa. Porém, a Ana Paula Padrão, apresentadora do programa na época e jornalista experiente, tinha pesquisado sobre mim. Ela trouxe informações que eu mesmo não usava para me apresentar — como o fato de ser missionário. Costumo dizer que todos nós, cristãos, somos missionários. Contudo, ela falou, e eu fui confirmando e, de modo espontâneo, meu testemunho veio à tona.

Como foi a repercussão do seu testemunho?

Pessoas de várias religiões entraram em contato, tocadas por aquele momento. Não foi por causa da receita, mas porque o Nome de Deus foi glorificado. Isso ficou no meu coração. Não fui ao programa com intenção de evangelizar, queria apenas ser quem sou: um cristão que ama Jesus e vive o plano da salvação. E o Senhor usou aquele espaço para alcançar pessoas em um tempo extremamente difícil para todos.

Após o MasterChef, você seguiu investindo na Gastronomia com propósitos sociais e, nesse contexto, surgiu o É Bolacha. O que é esse projeto?

O É Bolacha é um empreendimento missionário – uma fábrica de biscoitos. A receita da venda das bolachas é direcionada ao sustento do trabalho evangelístico, permitindo, assim, que realizemos diferentes ações.

Por que escolheu a Gastronomia como base para o seu ministério?

Jesus Se sentava à mesa com discípulos, com publicanos, com pecadores. A comida era meio, não fim. Era oportunidade de comunhão, amor, cuidado. Por isso, vejo a Gastronomia como um instrumento poderoso de mudança social e um caminho para servir ao Reino. O Evangelho pode ser servido em uma mesa posta, o que é lindo.

Voltando no tempo, poderia contar uma experiência que vivenciou quando tinha 17 anos e que mudou a sua vida?

Essa história é um marco na minha trajetória. Foi quando participei de uma ação voltada para pessoas em situação de rua. Eu me lembro de uma mulher me abraçar e dizer: Você tem cheiro de mãe. Aquele era um momento em que eu também enfrentava dores. Deus usou aquela mulher para me curar, para me fazer entender que o Evangelho é toque, presença, empatia.

Aquele evento definiu seu chamado missionário?

Desde então, nunca mais fui o mesmo. Comecei a me envolver em projetos sociais, missionários, em ações de cuidado com os que sofrem. Meu compromisso com essas causas surgiu ali — em um abraço simples, em uma noite de frio, com uma mulher que viu em mim algo que eu nem sabia que existia. Hoje, a cozinha é só mais uma forma de viver a continuação daquele toque. Uma resposta àquele chamado.

Juneo Videira
Missionário e professor de Teologia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *