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01/07/2020Construindo a “arca”
Diretor de associação de empreendedores cristãos defende que é hora de buscar sabedoria do Alto e investir em novos negócios
Por Marcelo Santos
O Brasil tem passado por um de seus momentos econômicos mais difíceis. Empresas foram fechadas, e trabalhadores perderam o emprego. Diante de tal quadro, cada indivíduo agora deve se reinventar. Empreender se tornou um dos principais caminhos a ser trilhado. Assim pensa o empresário capixaba José Garcia Júnior, 46 anos, diretor-executivo da VALOREM, uma associação de empreendedores cristãos.
Evangélico, residente de Marechal Floriano (ES), onde vive com a esposa e os dois filhos, é formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Palestrante e empresário, ele se define como um “empreendedor missional”, isso porque tem investido em negócios que, de alguma forma, difundem o Evangelho.
Para Garcia, é tempo de estar atento e buscar estratégia na Palavra, pois a economia do país só “voltará aos trilhos” com a iniciativa dos empreendedores. Com o intuito de falar sobre esse e outros temas referentes ao mundo empresarial, ele atendeu à reportagem de Graça/Show da Fé para a seguinte conversa:
O que é a VALOREM e como atua?
Nossa missão é cooperar com empreendedores cristãos na compreensão da sua identidade e do seu chamado para expressarem o Reino de Deus na Terra. Realizamos os Encontros de Valor em muitas cidades, debatendo temas acerca de princípios bíblicos ligados aos negócios e à vocação. Temos ainda um congresso anual em que reunimos agentes desse ecossistema de negócios do Reino de várias regiões do globo. Nesses encontros, além de promover uma network [rede de contatos] fantástica, podemos aprender uns com os outros. Vemos o agir de Deus em nossos dias por intermédio dos empreendedores em diversas partes do planeta, inclusive em países fechados ao cristianismo. Somos cooperadores do Pai celestial.
O empreendedorismo ganhava força no Brasil até a chegada da pandemia do coronavírus. Acha que esse cenário vai mudar?
Ele não mudará, pelo contrário. No meio do caos, surgem os empreendedores apresentando soluções. Uma das noções do termo empreender é transformar as realidades. Quando o empreendedor vê uma necessidade, ele busca uma resposta. Esse é o conceito. Então, mais do que nunca na História, esses profissionais terão a chance de trabalhar e achar saídas para essa crise, que é globalizada. Assim, creio que o empreendedorismo estará à frente, alavancando a economia – até porque será difícil conseguir emprego.
O senhor acredita que as igrejas evangélicas podem contribuir na formação de novos empreendedores?
Infelizmente, esse tema é pouco falado nas congregações. A maioria enxerga no trabalho, no empreendedorismo, algo secular. Como se houvesse uma separação entre vida espiritual e profissional. Para nós, o trabalho é um ministério também, e, por meio dele, devemos expressar o Reino e levar a mensagem de Cristo aos funcionários, fornecedores e clientes. Quando mudamos esse conceito dicotômico entre o sagrado e o secular, a cabeça do empreendedor fica livre para atuar de acordo com as habilidades dadas pelo Senhor. Por isso, as igrejas deveriam investir no ensino dos conceitos bíblicos em relação ao empreendedorismo.
Uma das máximas mais conhecidas é a de que toda crise gera uma oportunidade. Quais circunstâncias o senhor vislumbra diante do estado de incerteza econômica atual?
Todas as crises globais vistas na Bíblia tinham o dedo de Deus, e Ele continua no controle. Precisamos buscar a sabedoria dEle a fim de entender o Seu mover para estarmos alinhados aos propósitos divinos. Na época do dilúvio, o Todo-Poderoso olhou para um homem, Noé. Viu que ele era justo e o instruiu a respeito da construção da arca. A revelação do Criador e o convite para o empreendedor cooperar com Ele ficaram claros. Da mesma maneira, foi com José do Egito. Então, essa crise, que é sem precedentes, leva-nos a compreender a necessidade de ir atrás da revelação do Altíssimo.
O que o empreendedor deve fazer?
O empreendedor deve estar ligado ao Senhor. Podemos buscar sabedoria para focar em processos práticos: rever fluxo de caixa, diminuir custos e não fazer dívidas. Tudo isso faz parte de princípios contidos na Palavra, os quais temos de seguir independentemente de crise. É necessário nos perguntarmos: o que faremos? Que tipo de “arca” vamos construir? Pode parecer loucura para as pessoas montar uma arca onde não chove. No entanto, tendo a revelação do Todo-Poderoso, mais adiante, tudo fará sentido.
Qual é a importância de manter a fidelidade nos dízimos e nas ofertas para uma vida organizada financeiramente?
Sem dúvida, a fidelidade ao Onipotente é a base. Particularmente, vejo que esses atos mostram para Satanás de quem vem o nosso sustento e a nossa provisão. No mundo espiritual, fica nítido que pertencemos ao Senhor. Isso é só um ponto. Somos os “mordomos”, pois tudo pertence a Deus, não só o dízimo. Quando a pessoa tem essa visão, se Ele a mover para ofertar dez reais ou cem mil reais, não haverá dificuldade alguma. Entretanto, tendo medo de devolver os 10% do Senhor ou de ofertar, ela está se curvando a Mamon.
José Garcia Júnior
Formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Espírito Santo e empresário