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Jesus impactou a história, fazendo milagres, e tornou-Se o maior influenciador do planeta
13/02/2025
Mensagens inspiradoras
14/02/2025
Por Daniele Vieira
A maioria dos migrantes internacionais é composta por cristãos. Eles representam 47% de todos os cidadãos que vivem fora de seu país de origem desde 2020. Foi isso o que apontou a pesquisa do Pew Research Center, divulgada em agosto de 2024. No levantamento, também consta que a migração tem aumentado nas últimas décadas. São mais de 280 milhões de pessoas, equivalente a 3,46% da população mundial, vivendo distante de sua terra natal por razões diversas. Entre elas, guerras, conflitos civis e crise econômica. Há os que deixaram seus países para buscar melhores oportunidades de trabalho ou educação e os que estão focados em fazer missões evangelísticas. Este último grupo, formado pelos missionários, constantemente precisa lançar mão de estratégias ousadas para falar de Jesus em lugares fechados à pregação do Evangelho, sabendo inclusive que correm risco de serem presos, sofrerem torturas ou perderem a vida.
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Foto: Arquivo pessoal
Devido ao trabalho desses obreiros valorosos e de tantos pastores e evangelistas, ao longo das últimas décadas, a Palavra de Deus já alcançou 4,57 bilhões de pessoas. Apesar de tal esforço, mais de 40% dos mais de 8 bilhões de habitantes do planeta ainda não foram evangelizados. O cenário é complicado. Dos 450 mil missionários cristãos, 97% foram enviados a locais que já têm acesso à mensagem da cruz, de acordo com os dados do Relatório de Status da Grande Comissão apresentado recentemente no congresso do Movimento de Lausanne, em Seul (Coreia do Sul) e fundamentado em pesquisas de dezenas de organizações internacionais e análises de 150 especialistas em missões globais. Segundo o documento, a maioria dos missionários vai para contextos predominantemente cristãos ou pós-cristãos, o que leva a uma falta de conexão e de compreensão dos adeptos de outras religiões. Ainda há no registro que mais missionários vão para a Europa do que para a Ásia, embora 60% da população mundial viva na Ásia e o envio de missionários para a Europa custe dez vezes mais.
A maioria dos povos que não têm uma igreja autóctone capaz de evangelizar seu próprio povo reside no sul da Ásia, especificamente na Índia (de maioria hindu) e no Paquistão (majoritariamente muçulmano) salienta o texto. Aproximadamente três mil grupos de povos não alcançados, cerca de três quintos do total mundial, estão nesses dois países. Outro fato apontado no documento é que mais de 80% dos cristãos do mundo residiam na Europa ou na América do Norte em 1900. No entanto, hoje, apenas 25% estão nessas regiões; os demais moram no Sul Global, que inclui África, Ásia, América Latina e Oceania. A mudança geográfica do cristianismo alterou também o ranking dos países que mais enviam missionários, com destaque para o Brasil, com seus 40 mil obreiros, perdendo apenas para os Estados Unidos (135 mil).
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Evangelho contextualizado – Ao analisar o quadro missionário atual, o Pr. Acyr de Gerone Junior, doutor em Teologia e secretário de Cultura e Formação Bíblica da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), destaca a responsabilidade dos cristãos no plano de salvação do Altíssimo. “Precisamos lembrar que Deus tem uma missão para a Igreja, que contempla todos os povos.” Ele frisa que os crentes em Jesus realizam uma missão que resgata o ser humano e a sua cultura, colocando-os sob o senhorio de Cristo. “Alguns aspectos da cultura humana são incompatíveis com os valores da vida cristã e da Palavra. Por isso, há a necessidade de contextualizar a pregação das Escrituras, com o objetivo de realizar a missão a partir das especificidades de cada pessoa, aspectos culturais e conjuntura social.”
Para Acyr, ao contextualizar a missão, a pregação se torna mais acessível. No entanto, ele enfatiza que isso não significa modificar as Escrituras Sagradas ou seu conteúdo, e sim proclamar a Palavra e vivê-la de maneira clara e compreensível para cada realidade, com o objetivo de remover qualquer barreira que possa existir em relação ao Evangelho. “A cultura nunca se sobrepõe à Palavra de Deus. Pelo contrário, ela sempre se submete, com seus valores e costumes, às verdades bíblicas, que são supraculturais e atemporais. Assim, é possível comunicar essas verdades a todos.”
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Foto: Divulgação / Missão Kairós
No caso brasileiro, por meio de um trabalho de pesquisa da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), estão catalogadas mais de 200 organizações que enviam missionários para locais no Brasil e no exterior. Segundo a AMTB, havia 19 mil missionários brasileiros trabalhando em projetos de evangelização transculturais em 2022. Agora, para atualizar esses dados, o departamento de pesquisas da AMTB lançou a Pesquisa Força Missionária Brasileira 2025, a fim de identificar a localização dos obreiros, a quantidade de missionários transculturais brasileiros e os trabalhos evangelísticos que estão sendo realizados.
Experiência marcante – O treinamento dos obreiros para evangelizar em outras culturas é desafiador. É o que demonstra a direção da Missão Kairós, agência missionária fundada há 36 anos que atua em parceria com as igrejas no preparo, envio e suporte aos missionários em outros países. A Missão contabiliza a plantação de 40 igrejas distribuídas em 20 países da América do Sul, América Central, Europa, África e Ásia. No centro de treinamento, sediado em São Paulo (SP), os candidatos a obreiros são submetidos a um curso intensivo de cinco meses, no qual são ministradas aulas de Missiologia. No entanto, muitos desistem devido aos choques culturais, ressalta o Pr. João Araújo, presidente da missão e com mais de 30 anos de dedicação ao trabalho missionário.
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Foto: Mariomassone / Wikipedia
O pregador, que esteve em Guiné-Bissau e no Senegal, ambos na África, relata que lá foram abertas igrejas, escolas e clínica médica e dentária, além da implementação de cursos de corte e costura e escola de futebol. Houve também a fundação do Seminário Teológico de Guiné-Bissau. De tantas experiências marcantes e perigosas vividas naquele tempo, ele se lembra do domingo em que foi acordado às 5h pelo barulho de rajadas de metralhadora, em Guiné-Bissau. “Levantamos e fomos à igreja”, relata Araújo, acrescentando que, ao longo dos dias seguintes, o conflito interno do país se intensificou com a tentativa de deposição do presidente – algo que deu início a uma guerra civil. “O exército nos expulsou de casa, e largamos tudo. Parecia um filme. Não havia carros nas ruas. Por isso, percorremos a pé 6 km até a residência de um casal de amigos que nos abrigou por uma noite”, revela João. De acordo com o pastor, eram 35 pessoas em uma casa de dois quartos. “Passados alguns dias, conseguimos ir para o porto [na capital, Bissau]. Em um barco de pesca, 60 brasileiros ao todo fugiram do país e se refugiaram no Senegal.” Ao retornar a Guiné-Bissau, quando cessou a guerra, o pastor encontrou sua residência destruída. “Fui até a igreja e vi que estava queimada. Só se via bombas espalhadas pelas ruas. Mas, depois de algum tempo, para glória e honra do Senhor Jesus, conseguimos reconstruir o templo,” conclui.
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Foto: Divulgação / Missão Kairós
Múltiplos contextos – Outras agências missionárias como a Missão Portas Abertas apoiam os crentes em Jesus, sobretudo onde existe maior perseguição àqueles que se converteram a Jesus Cristo. Fundada há quase 70 anos pelo Irmão André, a organização, presente em mais de 60 países, tem publicado, ano após ano, a Lista Mundial da Perseguição (LMP). Esta registra que mais de 365 milhões de cristãos estão sendo perseguidos ao redor do mundo. Segundo Portas Abertas, uma das explicações para essa crescente violência está relacionada a nações que vivem em guerra ou que enfrentam contextos de tensões étnicas, religiosas e ideológicas e conflitos políticos e sociais.
Atualmente, a Missão Portas Abertas, por meio de diversos parceiros em todo o planeta, tem trabalhado para fortalecer as pessoas que passam por momentos delicados por causa da fé em Cristo e oferecer suporte àquelas que estão em situação de risco. “O crescimento da violência, as guerras, a fome e a perseguição étnica e religiosa se refletem no nosso trabalho. Isso porque utilizamos as informações dos países em que atuamos para apoiar de modo efetivo o cristão perseguido”, declara o secretário-geral de Portas Abertas, Marco Cruz. Ele relata que essa ajuda da agência ocorre pela distribuição de Bíblias e de materiais religiosos, treinamento e alfabetização, ajuda socioeconômica, programas pós-trauma e por campanhas de oração.
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Foto: Divulgação / Missão Portas Abertas-Brasil
Além disso, Portas Abertas realiza atividades de conscientização e de mobilização das igrejas para que os cristãos perseguidos sejam auxiliados. “O Evangelho, que é a mensagem de Jesus, está sendo propagado. Mesmo em países com perseguição extrema, o cristianismo tem crescido, e cristãos estão sendo fortalecidos pela oração e pela ajuda de parceiros que se unem a organizações como a Portas Abertas”, relata Marco Cruz, pontuando que a instrução do Mestre, registrada em Marcos 16.15, é muito clara e precisa ser levada a sério por todo aquele que crê no Senhor: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.