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Foto: Arte sobre foto de Igor Rodrigues / Unsplash

Essência espiritual

Pastores e especialistas explicam a tão sonhada felicidade e onde encontrá-la

Por Patrícia Scott

O brasileiro está menos feliz. Após o início da pandemia, o índice de felicidade média da população nacional caiu de 6,5 (em 2019) para 6,1 (em 2020) – sendo assim: 0,4 pontos. É a nossa menor taxa de contentamento desde 2006, segundo a pesquisa Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia, realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social).

O levantamento avaliou a percepção subjetiva de bem-estar entre a população. Os respondentes foram questionados sobre a presença de sentimentos, como raiva, preocupação, estresse e tristeza. A redução no índice de satisfação com a própria vida, porém, não foi uniforme nas diversas camadas da sociedade brasileira, pois foi sentida de modo mais negativo pelo grupo economicamente menos favorecido. Entre os 40% mais pobres, a queda foi de 0,8 ponto, enquanto entre os 20% mais ricos houve ligeira alta de 0,1 ponto.

Os pesquisadores também compararam os dados obtidos no Brasil com informações coletadas em outros 40 países – da Áustria ao Zimbabwe. No resto do mundo, a nota ficou estacionada durante a crise mundial de saúde em torno de 6,0. Ou seja, há marcada perda relativa de felicidade no Brasil durante a pandemia, informa o relatório da FGV Social.

O “pai da Psicanálise”, o médico Sigmund Freud (1856-1939), afirmava que a felicidade era, ao mesmo tempo, a obtenção de prazer e a evitação de desprazer – Foto: Ferdinand Schmutzer / Wikimedia

A definição de felicidade no Dicionário Houaiss é qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar. Para o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), consiste em uma atividade da alma conforme a virtude. É o bem supremo, que tem um fim em si mesmo, sendo almejado por todos. Já o pai da Psicanálise, o médico Sigmund Freud (1856-1939), afirmava que a felicidade era, ao mesmo tempo, a obtenção de prazer e a evitação de desprazer. De acordo com ele, todos os homens desejam obter prazer intenso e interminável e buscam a ausência completa de desprazer.

Atualmente, fala-se bastante da Psicologia Positiva, uma abordagem que se propõe a estudar a felicidade, em outras palavras, debruça-se sobre os elementos que podem influenciar a sensação de contentamento. “A felicidade está ligada ao prazer. É por isso que a Psicologia Positiva faz a ligação com o bem-estar, investigando os sentimentos, as emoções, os comportamentos e as instituições positivas”, esclarece a psicóloga Raquel Mello, citando a família como uma dessas estruturas.

A psicóloga Raquel Mello esclarece: “A Psicologia Positiva faz a ligação com o bem-estar, investigando os sentimentos, as emoções, os comportamentos e as instituições positivas” – Foto: Arquivo pessoal

A profissional frisa que a felicidade é um conceito abstrato e subjetivo. No entanto, lembra que todo ser humano busca o equilíbrio físico e emocional, que trará um sentimento de alegria e plenitude. “Essa sensação é compreendida pela maioria como felicidade. Todo indivíduo, em algum momento ou em vários, procura por ela, pois necessita de prazer e tranquilidade física e psíquica.”

Raquel Mello ressalta que a felicidade não está relacionada à genética e não possui uma suscetibilidade orgânica. “No entanto, há pessoas que pautam a vida no movimento do bem-estar ao trabalhar alguns fatores, como engajamento, relacionamentos, emoções positivas e realizações”, informa.

A neurocientista Elen Thomaz aponta: “Os hormônios da felicidade são neurotransmissores capazes de gerar sensações, como alegria, recompensa e bem-estar” – Foto: Arquivo pessoal

Expectativa do futuro – A neurocientista Elen Thomaz observa que, geralmente, o cérebro humano precisa de estímulos para produzir substâncias relacionadas à sensação de bem-estar. “Os hormônios da felicidade são neurotransmissores capazes de gerar sensações, como alegria, recompensa e bem-estar”, aponta a especialista, assinalando que o cérebro libera quatro hormônios quando a pessoa se sente feliz: serotonina (equilibra o humor), dopamina (tem a ver com recompensa, aprendizado, memória e movimentos), endorfina (a qual tem ação analgésica) e ocitocina (reduz a ansiedade). “Cada pessoa possui no cérebro a própria farmácia de luxo, que produz todos os hormônios necessários para o bom funcionamento do corpo e da mente.”

O problema, para Elen Thomaz, é que, por uma série de razões, muita gente nunca encontra os hormônios de que precisa em sua “farmácia”. Nessa perspectiva, o indivíduo pode ter a sensação de ser menos feliz do que os outros, ainda que viva em circunstâncias positivas. “Alguns com poder aquisitivo alto, por exemplo, não se sentem felizes. Outros, mesmo em situação completamente desfavorável, são felizes”, compara. [Leia o quadro abaixo, Estimulando a felicidade]

Estimulando a felicidade

Foto: Elizeu Dias / Unsplash

:: Pratique esportes.
:: Relembre momentos bons.
:: Tome sol.
:: Pratique alguma atividade física intensa.
:: Trabalhe em equipe.
:: Ore.
:: Defina metas de curto prazo.
:: Aprenda algo novo.
:: Faça uma atividade voluntária.
:: Brinque com bichinhos de estimação.

(Fonte: Neurocientista Elen Thomaz)

A psicóloga Martha Izabel Albuquerque afirma que, para a maioria, a felicidade está expressa na alegria, na satisfação e no contentamento impulsionados pelo sucesso, pela segurança ou pela realização. “Porém, a Palavra de Deus dá um tom diferente para a tão almejada felicidade, chegando a dar um comando como ponto de partida: alegrar-se no Senhor”, diz ela, mencionando o texto de Filipenses 4.4 (Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos).

A psicóloga Martha Izabel Albuquerque afirma: “A Palavra de Deus dá um tom diferente para a tão almejada felicidade, chegando a dar um comando como ponto de partida: alegrar-se no Senhor” – Foto: Arquivo pessoal

Esse mandamento do apóstolo Paulo, no ponto de vista dela, indica que a verdadeira alegria só existe quando vem de uma fonte estável. “Deus é a nossa segurança. Sucesso e sonhos passam ou têm grandes chances de perder a estabilidade. Sem contar que existe a tendência de o ser humano se cansar do que já tem e ansiar por novas conquistas”, analisa Martha Albuquerque, destacando que, de modo geral, as pessoas vivem a expectativa do futuro, esquecem-se do presente e, dessa forma, fazem com que a felicidade seja um eterno planejamento e nunca uma realidade cotidiana. “A sensação do que falta causa mais insatisfação do que alegria pelo que já está disponível.”

A psicóloga diz que as Escrituras Sagradas nos propõem outra caminhada. Declarando o conselho de Paulo ao jovem Timóteo, registrado em 1 Timóteo 6.8-10 (Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores), ela enfatiza que as preocupações roubam a alegria do ser humano. “O homem é frágil. Está vulnerável, mas isso faz parte da carne. Não é possível o indivíduo se livrar dessas sensações vivendo no corpo físico. Entretanto, há recursos no Senhor para que a pessoa viva bem, apesar da fragilidade.”

A artesã Aline Cristina Barreto de Oliveira opina: “Sem Jesus, é impossível ser feliz. Ele é a Fonte da verdadeira felicidade” – Foto: Arquivo pessoal

“Presença de Deus” – A artesã Aline Cristina Barreto de Oliveira, 39 anos, concorda com a psicóloga. “Sem Jesus, é impossível ser feliz. Ele é a Fonte da verdadeira felicidade”, opina ela, que é obreira da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no Centro de Santos Dumont (MG). Aline se considera uma pessoa feliz, já que pode não ter tudo o que deseja, mas possui aquilo de que necessita. “Tenho um Deus extraordinário, filhos abençoados, marido maravilhoso, saúde, paz”, enumera Aline, frisando que, antes de conhecer Cristo, tinha uma vida vazia e frustrada. “A presença de Deus me completa. Quando estou em comunhão com os irmãos, servindo a Jesus e fazendo a Sua vontade, fico realizada. É inegociável.”

A fisioterapeuta Kátila Júlia da Silva Brainer entende que ser feliz é estar em comunhão e caminhar com Jesus, desenvolvendo os frutos do Espírito: “Sempre vi o Senhor operar milagres em minha vida” – Foto: Arquivo pessoal

A fisioterapeuta Kátila Júlia da Silva Brainer, 24 anos, compreende que ser feliz é estar em comunhão e caminhar com Jesus, desenvolvendo o fruto do Espírito. “Sou feliz, porque sempre vi o Senhor operar milagres em minha vida e no seio de minha família”, completa ela, que é obreira da IIGD no Centro de Porto Velho (RO). Kátila testemunha que conheceu Cristo aos 14 anos, assistindo a uma pregação do Missionário R. R. Soares pela televisão. “Foi logo após a perda do meu irmão. Estava com os meus pais, e a Palavra foi nos consolando naquele momento difícil e trouxe paz e transformação.”

O Pr. Jamil Ribacki lembra: “Há dois importantes ensinamentos: respeitar a Deus e andar em Seus caminhos. Davi seguia essas instruções, o que foi essencial para as suas vitórias” – Arquivo pessoal

O Pr. Jamil Ribacki, líder estadual da Igreja da Graça no Maranhão, reitera que a Bíblia revela lições sobre felicidade, entretanto chama a atenção para as palavras do rei Davi, registradas no Salmo 128: Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem (Sl 128.1,2). “Há dois importantes ensinamentos: respeitar a Deus e andar em Seus caminhos. Davi seguia essas instruções, o que foi essencial para as suas vitórias.” [Leia, no final desta reportagem, o quadro Encontrando abundância]

O Pr. Renato Dotta explica: “A essência da felicidade está naquilo que é espiritual. Entendemos que, sob o olhar do Pai celestial, acontece quando a pessoa tem os pecados perdoados, sem carregar condenação” – Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Renato Dotta, líder estadual da IIGD em Alagoas, reforça que o conceito de felicidade bíblico é bem diferente daquele difundido na atualidade. “O mundo a relaciona ao dinheiro, à fama, ao sucesso, aos bens materiais. Essas coisas são passageiras, efêmeras. A essência da felicidade está naquilo que é espiritual. Entendemos que, sob o olhar do Pai celestial, acontece quando a pessoa tem os pecados perdoados, sem carregar condenação”, explica o ministro, deixando claro que os padrões bíblicos sobre satisfação, alegria e contentamento estão muito acima da capacidade de mensuração de estudos como o que foi citado no início desta reportagem.

Afinal, viver abençoado por Deus, seguir os Seus preceitos e confiar na promessa da salvação em Jesus permite ao servo do Senhor estar em comunhão com Ele. Tudo isso nos faz ficar prontos para enfrentar as circunstâncias cotidianas, com a certeza de que o Altíssimo está conosco.

Encontrando a abundância

A Graça Editorial publica diversos títulos que apresentam a temática da felicidade sob o ponto de vista bíblico. Dentre eles, destacam-se:

Foto: Divulgação / Graça Editorial

O melhor da vida (de T. L. Osborn): Na obra, o autor explica por que muitas pessoas, apesar de convertidas a Cristo, não conseguem ter uma vida plena. A permanente infelicidade faz com que creiam que somente no Céu obterão refrigério para sua alma aflita. Osborn, todavia, deixa claro que Jesus conquistou na cruz o melhor da vida para o cristão na eternidade e neste mundo também. Segundo ele, o motivo de muitos não vivenciarem isso é simplesmente não crerem na Palavra e não acreditarem que, em Cristo, há vitória sobre todo o mal. Afinal, a Bíblia mostra que, por intermédio do Salvador, o pecado, a enfermidade e as cadeias da miséria são destruídas pelo poder que há em Seu Nome.

Foto: Divulgação / Graça Editorial

A vida abundante (de T. L. Osborn): Muito antes do surgimento da Psicologia Positiva, o Livro Sagrado já apresentava as chaves para um viver pleno e feliz. Nessa literatura, o autor traz uma série de lições para uma vida abundante em todos os prismas da existência com base na Palavra. Aspectos espirituais, sociais, financeiros são contemplados pelo evangelista, o qual enfatiza o que as Escrituras ensinam a respeito de pensar de modo positivo modificando a si mesmo e a realidade ao redor, pela fé. Afinal, a abundância de recursos criados por Deus já demonstra Sua benevolência e disposição para abençoar o homem com tudo aquilo de que ele precisa para ser feliz.

(Fonte: Graça Editorial)


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