
País cristão
09/05/2025
Educar adolescentes exige estratégia e prática da Palavra
14/05/2025
Por Lilia Barros
Especialistas das mais diversas áreas são unânimes ao afirmar que o planejamento é uma ferramenta essencial para que indivíduos, instituições ou empresas alcancem seus objetivos. Quando essa agenda está integrada aos ensinamentos bíblicos, tal programação não apenas serve para organizar e direcionar as ações, mas também se alinha aos propósitos de Deus. As Escrituras Sagradas apresentam inúmeros exemplos de como planejar com sabedoria e traz ensinamentos acerca desse assunto. Um dos mais conhecidos personagens da Palavra é Noé, que, seguindo à risca as instruções do Criador, construiu uma arca para que ele, a família e vários pares de animais sobrevivessem ao Dilúvio (Gn 6). José também se destacou por sua capacidade de planejamento. A partir da interpretação dos sonhos do Faraó, ele gerenciou os recursos do Egito e preparou aquele país para o período de escassez (Gn 41).

Foto: Arquivo pessoal
O gestor de negócios Josué Cunha Júnior, diretor-executivo da Distribuidora Evangélica Ômega, em Belo Horizonte (MG), explica que o planejamento ultrapassa a prática administrativa. Trata-se de um ato de fé e obediência que otimiza o uso dos recursos confiados pelo Senhor a cada um para a expansão de Seu Reino. “É crucial para garantir que os meios materiais e espirituais sejam utilizados para glorificar a Deus e edificar a Igreja”, aconselha ele, citando o texto de Provérbios 16.3: Confia ao Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos.
Na opinião do especialista, planejar traz o futuro para o presente quando se busca a direção divina, a fim de garantir que cada passo esteja em conformidade com a vontade do Senhor. “Planejar os objetivos da igreja, o cuidado com as ovelhas, o evangelismo, as atividades eclesiásticas e a organização da vida pessoal faz parte da procura pela eficácia, em obediência, do chamado de Deus.”

Foto: Arquivo pessoal
Para o teólogo Josué Campanhã, administrador e consultor em planejamento e liderança para pastores e igrejas, desenvolver projetos de longo prazo com metas preestabelecidas gera resultados maiores, melhores e mais rápidos. Segundo ele, é preciso seguir o exemplo de Jesus, O qual tinha um plano e para cumpri-lo escolheu discípulos, e não sacerdotes, escribas e fariseus. “Estes não tinham o entendimento da vinda do Messias e, por isso, não poderiam participar da execução do propósito, porque não possuíam a mesma visão”, destaca. Campanhã assinala que as lideranças, especialmente os pastores, precisam ser estratégicos à luz da Palavra, escolhendo quem compartilhe do mesmo entendimento para a realização de um projeto. Caso contrário, haverá divisão, e a proposta ficará comprometida. “Que sejam pessoas ensináveis, assim como os apóstolos, que aprenderam ao longo da caminhada qual era o objetivo de Jesus. Eles vislumbraram o futuro, porque Cristo precisava chegar à cruz”, aconselha. O teólogo ressalta que o Salvador treinou os discípulos para cumprirem o plano dEle, capacitando-os para a multiplicação. “O discipulado foi a essência da estratégia, colocada em prática para que se tornassem líderes”, explica o estudioso, citando que, nos capítulos 18, 19 e 20 de Atos, fica claro que os escolhidos, mencionados em Mateus 10.1-4, são os mesmos sobre os quais a Bíblia fala: Estes que têm alvoroçado o mundo chegaram também aqui (At 17.6).

Foto: Arquivo pessoal
Estratégia de gestão – O Pr. Gustavo Chiori, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em São Sebastião, Brasília (DF), observa que o planejamento seguido de acordo com os ensinamentos das Escrituras evita que líderes em geral, pastores e membros desanimem quanto ao serviço da obra, como registrado em Êxodo 18.18-22. “O povo estava desfalecendo, mesmo com as instruções de Moisés. Jetro, o sogro do profeta, ao observar a situação, percebeu que os israelitas, assim como seu genro, não suportariam”, lembra o ministro. Para resolver aquele problema, estabeleceu-se outro tipo de gestão: a separação de líderes que ajudariam Moisés a julgar as causas da população, conforme as leis. Chiori enfatiza que, mesmo com a unção de Deus sobre os pastores, a obra precisa ser planejada e administrada para que ninguém esmoreça. “Moisés tinha as leis, mas, sozinho, não dava conta. Ele precisou colocar em prática um método de organização e teve de treinar as pessoas para que elas assumissem posições de liderança”, pontua.

Foto: Divulgação
O professor e autor Antônio Maspoli, doutor em Ciências da Religião, assinala a importância de criar um plano de ação que contenha a organização das tarefas diárias, tanto para empresas quanto para quem deseja acompanhar o progresso de suas atividades. “O planejamento ajuda a dar direção, motivação e senso de propósito”, afirma ele, citando a frase do livro A lei do triunfo, do escritor e palestrante estadunidense Napoleon Hill: o sucesso depende de objetivos claros e das ações coordenadas.
Para Maspoli, empresas, igrejas e indivíduos que planejam de forma estratégica são capazes de identificar as oportunidades e antecipar os desafios, ajustando suas ações de maneira proativa. “O planejamento estratégico potencializa os recursos, permite focar em prioridades e possibilita a adaptação às mudanças de mercado, elementos cruciais para o sucesso”, observa o autor, lembrando a narrativa do livro de Gênesis, o qual revela o cuidadoso plano da criação. “Embora o Senhor pudesse ter criado o mundo em um único dia, Ele o formou em seis, seguindo um padrão de prioridades. Primeiro, estabeleceu a luz, o firmamento, a terra, a vegetação, os luminares, os animais e, por fim, a humanidade. Cada etapa foi meticulosamente planejada para sustentar a vida.” [Leia, no final desta reportagem, o quadro Planejar gera eficiência]

Foto: Arquivo pessoal
Foco ministerial – Já o Pr. Augusto César de Souza Silva Júnior, da Igreja Batista Redenção em Indaiatuba (SP), afirma que Jesus realizava as obras seguindo um planejamento com relação à vida e ao ministério. “Em toda a Sua trajetória, foi cuidadoso, focado no propósito e na organização”, esclarece o pastor, asseverando que é impossível cumprir uma missão se não houver planejamento, estratégia e visão clara do objetivo a ser alcançado. Isso fica evidente em Lucas 14.28-30: Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar. “Neemias, por exemplo, precisou dos recursos e das pessoas para construir os muros de Jerusalém. Quando tentaram tirá-lo do foco, ele deixou claro que não poderia parar, pois estava realizando uma grande obra.”

Foto: Arquivo pessoal
Fazendo coro com Augusto Silva Júnior, o Pr. Joarês Mendes de Freitas, da Primeira Igreja Batista em Jardim Camburi, na cidade de Vitória (ES), afirma que a palavra-chave para planejar é prioridade. Segundo ele, o acúmulo de atividades e de compromissos, sem a devida avaliação quanto à qualidade do que está sendo realizado, pode causar danos irreparáveis a médio e a longo prazo. “Quanto maior o volume de trabalho, menor a eficiência. Dentro das nossas limitações, é preciso haver seletividade, definindo o que realmente é essencial”, assegura.

Foto: Arquivo pessoal
O Pr. Tiago Stachon, da Sky Church em Curitiba (PR), considera que, no âmbito eclesiástico, planejar ações ministeriais é imprescindível. “Uma cruzada evangelística, ou a evangelização na rua com a ação de voluntários, é uma parte do plano”, afirma o pastor. Ele aconselha que, antes de implementar o evangelismo, é necessário analisar a estrutura de acolhimento e recepção dos novos membros, permitindo, assim, expor com clareza as doutrinas da congregação. “Caso contrário, a maioria dos novos convertidos fica sem suporte e sem visitas. Não recebem o pré-pastoreio nem os direcionamentos”, destaca Stachon, esclarecendo que a igreja precisa definir como será o evangelismo, o tipo de região a ser evangelizada e o público que se deseja alcançar. “Uma ação de evangelismo nova e divertida não pode ser feita visando atingir uma faixa-etária mais velha. Um ministro focado em cura e libertação não deve usar um discurso de empresariado”, opina o pastor, lembrando que o líder precisa estar em oração e em estreita comunhão com o Senhor para planejar segundo a vontade do Pai.
PLANEJAR GERA EFICIÊNCIA

Se, por um lado, a falta de planejamento pode causar desorganização, dispersão de esforços e fracasso, planejar é justamente o oposto disso. Veja porque:
– Oferece clareza de objetivos, facilitando a definição de metas realistas e inspiradoras. Os alvos traçados representam o que a pessoa deseja alcançar, e as métricas utilizadas avaliam o progresso, convertendo cada objetivo em uma ação por meio de uma estratégia claramente definida.
– Remete à direção e impede decisões impulsivas, diminuindo a vulnerabilidade aos imprevistos e ao desperdício de recursos.
– Facilita a tomada de decisões, traduzidas em escolhas financeiras mais assertivas, decisões profissionais calculadas e um ambiente familiar mais harmonioso.
– Garante que os recursos sejam distribuídos de acordo com as prioridades.
– Ajuda a priorizar tarefas e usar o tempo de forma mais eficiente, evitando a sensação de estar sempre correndo. Assim, há maior produtividade, menos estresse e menor nível de ansiedade.
(Lilia Barros com conselhos dos entrevistados e informações do site Comunidade Sebrae).