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Pastores e teólogos reafirmam que a conversão genuína está necessariamente ligada à mudança de vida

Foto: Arte de Kleber Ribeiro sobre foto de Photocreo Bednarek / Adobe Stock

Por Evandro Teixeira

É comum aparecerem, nas redes sociais e em portais de internet, notícias de famosos que se apresentam como convertidos a Cristo. No entanto, até essa informação ser divulgada, não há indícios de que esses indivíduos tenham passado por qualquer processo de transformação pessoal. Dezenas de celebridades da área do entretenimento se declaram, de uma hora para outra, “evangélicas”, mas mantêm intactas suas carreiras seculares.

O professor de Teologia Ezequiel Pereira da Silva afirma: “Pelo Texto Sagrado, toda transformação na vida do crente ocorre unicamente pela graça e por meio da fé em Cristo”
Foto: Arquivo pessoal

Entretanto, de acordo com a Palavra de Deus, a metanoia – termo, em grego, que significa mudança essencial de pensamento ou de caráter – só acontece quando a renovação espiritual é evidente. Pastores e teólogos ouvidos por Graça/Show da Fé nesta reportagem são unânimes ao afirmarem que esse processo é comparável a uma “metamorfose” espiritual, caracterizada pelo abandono de práticas antigas. É o que afirma o professor de Teologia Ezequiel Pereira da Silva, o qual garante que a conversão é um ato promovido exclusivamente por Jesus por intermédio do Espírito Santo, como registra João 16.8: E, quando ele [o Espírito Santo] vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo. “Pelo Texto Sagrado, toda transformação na vida do crente ocorre unicamente pela graça e por meio da fé em Cristo”, afirma.

O Pr. Egberto Afonso da Silva Teixeira adverte: “Sem o devido acompanhamento, o novato no Evangelho pode se sentir confuso e vulnerável espiritualmente”
Foto: Arquivo pessoal

Segundo o teólogo, essa modificação comportamental do novo convertido é um processo que envolve o abandono de velhos hábitos e antigas crenças, de maneira a permitir a construção de uma comunhão com Deus, mediante uma libertação plena. Assim, a partir da aceitação da fé, o novo cristão precisa buscar conhecimento sólido na Palavra de Deus. E, nesse momento, destaca Ezequiel, cabe à Igreja, focada no amadurecimento espiritual dos novos membros, oferecer, por meio do discipulado, o suporte necessário para que a pessoa alcance o objetivo traçado pelo apóstolo Paulo, conforme Efésios 4.13,14: Até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente. “A fase de treinamento do discípulo não pode ser negligenciada nem pela igreja, nem pelo novo crente: ambos devem estar comprometidos com esse processo.”

A teóloga Helen Cristina Nunes de Souza Silva lembra: “A legitimidade da decisão por Cristo será evidenciada pelas mudanças morais e espirituais do indivíduo durante sua caminhada com Ele”
Foto: Arquivo pessoal

O ponto de vista do Prof. Ezequiel é compartilhado pelo Pr. Egberto Afonso da Silva Teixeira, líder da Igreja do Evangelho Quadrangular de Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro (RJ). Embora seja comum, em algumas comunidades evangélicas, as pessoas manifestarem publicamente sua decisão de seguir Cristo mediante um apelo do pregador ao final do culto, Egberto pontua que esse ato não é uma exigência bíblica para legitimar uma conversão. Para o ministro, desde o momento em que uma pessoa manifesta o desejo de caminhar com Jesus, ela deve ser acolhida com amor e sem pressão. “Precisamos ouvir as dúvidas, orar com ela e apresentá-la à comunidade de fé. Desse modo, perceberá que não está sozinha”, orienta o líder, o qual aproveita a oportunidade para reafirmar a importância do discipulado. “Sem o devido acompanhamento, o novato no Evangelho pode se sentir confuso e vulnerável espiritualmente”, adverte.

A teóloga Helen Cristina Nunes de Souza Silva concorda com o Pr. Egberto Teixeira e, a exemplo dele, destaca a importância de discipular os novos convertidos, com base no que registra Mateus 28.19 (Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!).Ela lembra que a aceitação da fé cristã, ainda que não ocorra em um ato público, deve ser acompanhada do reconhecimento íntimo do senhorio de Jesus na vida do novo crente e de uma alteração na maneira de viver. “A legitimidade da decisão por Cristo será evidenciada pelas mudanças morais e espirituais do indivíduo durante sua caminhada com Ele.”

O Pr. Rafael Mariano dos Santos explica: “O Senhor não nos proíbe de tomar parte daquilo que foi criado por Ele, que devemos tratar como dádiva divina”
Foto: Arquivo Graça / Marcelo Santos – modificada por IA

Novas inclinações – Diretor da Academia Teológica da Graça de Deus (Agrade), Pr. Rafael Mariano dos Santos frisa que as principais mudanças do recém-convertido acontecem em seu espírito: este, ao ser recriado, pela fé, faz o ser humano se tornar um com Deus. Em razão disso, há um redirecionamento para os desejos da pessoa, como explica o texto de Romanos 8.6-8 – ARA (Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus). “Éramos atraídos pelos prazeres imediatos. Agora, nós nos sentimos impulsionados a praticar atos que fortaleçam nossa comunhão com Cristo”. O diretor da Agrade esclarece que há práticas que parecem normais sob o ponto de vista humano, mas são incompatíveis com a vida cristã. Esse entendimento pode ser até aplicado a determinadas atividades profissionais, se houver a possibilidade de elas comprometerem a trajetória espiritual do cristão. “A fim de não correr esse risco, a pessoa deveria até mudar de profissão. Mas, se decidir permanecer nela, precisa se tornar exemplo pelo bom testemunho”, orienta o ministro, salientando, entretanto, que os servos de Deus não devem ser tratados como religiosos alheios ao mundo natural, pois eles podem usufruir de tudo o que o Altíssimo criou e reservou ao homem, desde que não incorram em pecado. “O Senhor não nos proíbe de tomar parte daquilo que foi criado por Ele, que devemos tratar como dádiva divina”, explica, fazendo referência a 1 Timóteo 4.4,5: Porque toda criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificada.

Foto: Video / Gerado com IA / Adobe Stock

Para o Pr. Ednilson de Lima Bezerra, da Assembleia de Deus em Campina Grande (PB), o novo cristão pode ser uma boa influência em seu ambiente de trabalho, incentivando os colegas de profissão a abraçarem a fé em Jesus. Mas, ainda assim, observa ele, é necessário avaliar sempre a compatibilidade entre a profissão e a vida cristã. “As atividades laborais – por mais favoráveis que sejam as condições de trabalho – não podem afastar a essência do verdadeiro cristão, ou seja, não podem influenciar negativamente seu relacionamento com o Senhor”. Bezerra alerta que esse entendimento deve ser aplicado às pessoas famosas e ressalta que, com algumas adaptações e renúncias, é possível manter a comunhão com Cristo apesar da rotina de celebridade. “Ao se converterem, os famosos devem priorizar, em todas as áreas da vida, os valores e princípios cristãos”, pontua o ministro assembleiano, indicando que, como pessoas públicas, estas devem encontrar maneiras de viver de acordo com a fé que dizem professar ou, dependendo da situação, terão de abrir mão da fama para seguir o Senhor, conforme adverte o Mestre em Marcos 8.34: E, chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.

O Pr. Ednilson de Lima Bezerra pontua: “Ao se converterem, os famosos devem priorizar, em todas as áreas da vida, os valores e princípios cristãos”
Foto: Arquivo pessoal

Processo respeitado – O Pr. Roberlan Julião da Silva, da Primeira Igreja Batista em Jardim Olavo Bilac, no município de Duque de Caxias (RJ), lembra que o processo de renascimento ocorre de maneira diferente em cada indivíduo, porque algumas atitudes podem ser mudadas mais rapidamente do que outras. “Uma pessoa que usou drogas por anos, totalmente desregrada, pode precisar de um tempo maior para se libertar.” O pregador observa que, mesmo depois de anos de conversão, o cristão sempre precisará ser moldado pelo Altíssimo.

O Pr. Roberlan Julião da Silva adverte: “Existem pessoas que querem abraçar um ‘evangelho’ que não exige renúncia ao pecado nem mudança de vida”
Foto: Arquivo pessoal – modificada por IA

O pastor defende que o novo convertido deve estar atento ao meio em que vive e às suas relações interpessoais. “Infelizmente, em se tratando de pessoas públicas, nem sempre esse ciclo de transformações é respeitado, porque até se declarar gospel gera engajamento nas redes sociais”, destaca o ministro batista. Ele afirma que, atualmente, é de conhecimento geral quais são os comportamentos apropriados de um cristão. “Existem pessoas que querem abraçar um ‘evangelho’ que não exige renúncia ao pecado nem mudança de vida”, adverte.

O Pr. João Florêncio de Oliveira Alves Júnior ensina: “A Palavra de Deus é clara quanto aos primeiros passos: entregar–se a Jesus, viver conforme os Seus ensinamentos e buscar uma transformação”
Foto: Arquivo pessoal – modificada por IA

Pensamento semelhante tem o Pr. João Florêncio de Oliveira Alves Júnior, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Rio Verde (GO), o qual se recorda de que, apesar de Jesus ter aberto a porta da salvação a todos, o caminho exige um posicionamento firme de quem dEle se aproxima, entendendo a grandiosidade dessa dádiva, tal como Cristo ensinou à mulher samaritana em João 4.13,14: Jesus respondeu e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna.“A Palavra de Deus é clara quanto aos primeiros passos: entregar-se a Jesus, viver conforme os Seus ensinamentos e buscar uma transformação. Não existe conversão genuína sem mudança. Ainda que seja de maneira gradativa, ela deve acontecer”, conclui.


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