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A busca da felicidade, analisada por pastores e teólogos, à luz da Palavra de Deus

Foto: Mediteraneo / Adobe Stock

Por Evandro Teixeira

Criado pelo economista e filantropo indiano Jayme Illien, o Dia Internacional da Felicidade, instituído em 2012 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), é um chamado à busca de um crescimento econômico mais justo e inclusivo que promova a felicidade e o bem-estar de todos os povos. Um levantamento recente da empresa de pesquisa Ipsos revelou que pessoas de 60 a 70 anos são mais felizes do que as com menos de 50 anos. Entre os motivos mais apontados no estudo – realizado em 30 países incluindo o Brasil –, estão a relação saudável com a família, o controle sobre a própria vida e o sentimento de ser amado. Para os brasileiros ouvidos, mais da metade (55%) disse ser feliz e 24% se declararam extremamente felizes. Segundo a instituição, a nação brasileira ficou em quinto lugar no ranking global da felicidade.

A teóloga e professora de filosofia Rosinete Siqueira define: “A verdadeira felicidade está associada a aspectos relacionais, emocionais e existenciais”
Foto: Arquivo pessoal

Nesta reportagem, Graça/Show da Fé pediu a teólogos e pastores que analisassem os resultados da sondagem de acordo com o Livro Santo. Isto é, de que maneira a Palavra de Deus definiria o que é felicidade – ou suas variantes: alegria, contentamento, satisfação, júbilo, prazer, bem-estar, bem-aventurança, ventura, entre outras. A teóloga e professora de filosofia Rosinete Siqueira afirma que a idade, embora não seja o único fator, influencia na percepção desse estado emocional, sendo um dos filtros desse modo de perceber a vida. Entretanto, aponta que também exercem papel decisivo em nossa interpretação de mundo alguns elementos internos, como propósito e saúde emocional, e externos, como contexto social e situação econômica. A estudiosa argumenta que, com a maturidade e a vivência de conquistas e perdas, pessoas com mais de 60 anos costumam ter elevada resiliência e aprendem a dar valor ao que realmente importa. Além disso, por terem filhos já adultos e vida profissional estável, sofrem menos pressão externa. “Esses fatores favorecem um estado mental mais leve, pois a maturidade emocional leva à aceitação do que não se pode mudar, reduzindo as frustrações.” A docente observa que os três motivos citados pelos entrevistados para definir felicidade são mais decisivos do que, por exemplo, a idade, e, por isso, podem ser tratados como pilares universais para avaliação do nível de contentamento. “A verdadeira felicidade está associada a aspectos relacionais, emocionais e existenciais”, define a mestra.

O teólogo José Victor Borges Oliveira pontua: “O principal pilar para ser feliz é manter uma vida espiritual sólida”
Foto: Arquivo pessoal

Por sua vez, ainda que reconheça a relevância dos três elementos apontados na pesquisa como motores da felicidade, o teólogo José Victor Borges Oliveira entende que, como cristão, há a necessidade de considerar também a crença da pessoa. “O principal pilar para ser feliz é manter uma vida espiritual sólida”, pontua o teólogo, citando o texto de 1 Tessalonicenses 5.23 (E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo). Segundo ele, é preciso pensar igualmente na questão financeira, uma vez que a falta de dinheiro pode roubar a alegria do indivíduo. Esse fator é um dos que mais apresenta problemas na atualidade. “Tendo pouco ou muito, o desejo de possuir bens passa a ser o foco principal”, diz o especialista, alertando as lideranças para que orientem os membros de suas igrejas sobre as advertências bíblicas referentes ao assunto, especialmente com base em 1 Timóteo 6.10: Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. “Precisamos encontrar formas criativas de lidar com questões financeiras, independentemente do montante de bens, para não cairmos em sofrimentos”, frisa.

O teólogo Welfany Nolasco Rodrigues explica: “A felicidade tem mais a ver com sentimentos, como amor, gratidão e fé”
Foto: Arquivo pessoal – modificada por IA

Alegria duradoura – Embora o Brasil tenha ficado em quinto lugar no ranking geral da felicidade, a sondagem mostrou que apenas 34% dos brasileiros dizem ter uma boa qualidade de vida – informação que coloca o país entre os piores nesse quesito. Na visão do teólogo Welfany Nolasco Rodrigues, para uma população que se diz feliz, esse dado parece contraditório à primeira vista, dando a entender que estar contente e desfrutar de qualidade de vida não são exatamente a mesma coisa. “A felicidade tem mais a ver com sentimentos, como amor, gratidão e fé. Já a qualidade de vida está ligada a determinadas condições, como saúde, segurança e estrutura financeira”, explica o especialista.

Rodrigues pensa ser fundamental viver esse estado emocional conforme citado em João 15.11: Tenho-vos dito isso para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa. “Quando aplicamos esse texto bíblico em nossa vida, podemos manter a nossa paz interior, independentemente das circunstâncias ao nosso redor.” Entretanto, o teólogo reconhece que não é possível se manter feliz o tempo todo. “A própria Palavra traz esse alerta em Eclesiastes 3.4: [] tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar.Porém, mesmo nessas condições, o servo de Deus consegue manter a alegria acesa em seu interior, a qual nasce da confiança no Senhor, como registra o Salmo 34.18: Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado e salva os contritos de espírito.

Foto: christianchan / Adobe Stock

O Pr. Daniel de Souza Miranda, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no bairro Raimundo Melo, em Rio Branco (AC), faz coro com o teólogo e acrescenta que a sociedade vive uma felicidade ilusória. “Na maioria das vezes, o contentamento de algumas pessoas depende apenas de fatores circunstanciais”, salienta. Em contrapartida, o ministro enfatiza que as Escrituras Sagradas tratam alegria como um fruto, consoante Gálatas 5.22 (ARA): Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade. Daniel Miranda esclarece que, nesse caso, a Bíblia não se refere a uma emoção momentânea, mas a “um sentimento duradouro e intrínseco à vida cristã, que surge da presença e ação do Espírito na vida do crente”. O pastor ressalta que ser pobre ou rico não define se alguém é triste ou alegre. “Não importa seu status social nem sua condição financeira: com Jesus, sempre haverá uma fonte de vida produzindo felicidade e satisfação no cristão.”

O Pr. Daniel de Souza Miranda afirma: “Não importa seu status social nem sua condição financeira: com Jesus, sempre haverá uma fonte de vida produzindo felicidade e satisfação no cristão”
Foto: Arquivo pessoal

Na opinião do Pr. Éric Costa Dias, líder da sede estadual da IIGD em Roraima, os elementos externos influenciam o nível de felicidade das pessoas. “Em termos globais, a sociedade tem vivido em um ritmo cada vez mais acelerado, desencadeando preocupação e ansiedade na maioria dos cidadãos. Alguns, inclusive, chegam a ter depressão.” O pregador observa que, como praticantes da Palavra, os cristãos precisam manter o equilíbrio emocional, seguindo a orientação do apóstolo Paulo: E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus (Fp 4.7). Dias concorda que a felicidade depende de vários aspectos, mas pensa que o diferencial é justamente viver com Cristo e manter-se firmado no Texto Santo. “Se faltar a comunhão com Deus, ainda que haja elementos favoráveis para ser feliz, a pessoa se sentirá vazia e desamparada”, assevera.

O Pr. Éric Costa Dias assevera: “Se faltar a comunhão com Deus, ainda que haja elementos favoráveis para ser feliz, a pessoa se sentirá vazia e desamparada”
Foto: Arquivo pessoal

Sentimento verdadeiro – Para a orientadora pedagógica Cleopatra Aparecida Ramos, da Academia Teológica da Graça de Deus (Agrade), o entendimento sobre o que é felicidade, sob o ponto de vista humano, é bastante diferente daquele apresentado pelas Escrituras. Ela acredita que, na sociedade, prevalece a ideia de que, para ser feliz, tudo precisa estar bem. Por sua vez, a Bíblia garante ao cristão que a graça divina se mostra em qualquer situação. “Não devemos viver por aquilo que temos ou deixamos de ter”, defende a professora, fazendo menção à passagem de Filipenses 4.12,13: Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.

A orientadora pedagógica Cleopatra Aparecida Ramos assegura: “A partir dos exemplos dos pais, os filhos crescerão com uma visão de que o caminho para ser feliz tem início a partir da comunhão com o Senhor”
Foto: Arquivo pessoal

Outro aspecto mencionado por Cleopatra é o estímulo à conquista da felicidade por meio da influência de uma família cristã, de um lar no qual há manifestação da presença do Altíssimo. “A partir dos exemplos dos pais, os filhos crescerão com uma visão de que o caminho para ser feliz tem início a partir da comunhão com o Senhor. Eles conhecerão os valores bíblicos desde pequenos e, desse modo, a busca por uma vida de contentamento não se baseará em padrões mundanos”, assegura.

O Pr. Daniel Silva, líder regional da Igreja da Graça em Venda Nova, Belo Horizonte (MG), concorda com a orientadora pedagógica da Agrade e reafirma que a felicidade do cristão deve consistir em ter uma comunhão genuína com o Senhor. “Em Cristo, o servo de Deus encontra a verdadeira confiança diante dos desafios da vida”, assevera ele, ressaltando que, assim como Davi, o crente deve buscar o amparo divino em primeiro lugar: Uma coisa pedi ao SENHOR e a buscarei: que possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR e aprender no seu templo. Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no oculto do seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha (Sl 27.4,5).

O Pr. Daniel Silva afirma: “A família foi projetada pelo Senhor para que, nela, o homem fosse completo e realizado”
Foto: Arquivo pessoal

Silva destaca também a importância do núcleo familiar equilibrado e firmado na Palavra. “A família foi projetada pelo Senhor para que, nela, o homem fosse completo e realizado.” O pregador acrescenta que, no lar, deve ser construído, desenvolvido e mantido o sentimento de bem-estar, mesmo nas adversidades, conforme registrado em Habacuque 3.17,18: Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação.


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