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Impulsionados pela fé, sede de conhecimento e pelo desejo de crescimento espiritual, evangélicos se consolidam como protagonistas no mercado livreiro

Beautiful hispanic woman hiding behind a lot of books while having fun shopping at the bookstore

Foto: Antonio Diaz / Adobe Stock

Por Marcelo Santos

Os evangélicos estão lendo bastante. Em 2024, o segmento religioso movimentou 652,45 milhões de reais, valor que representa 15,6% do faturamento total do setor, segundo dados da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, conduzida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), em parceria com a Nielsen BookData. Divulgado em maio de 2025, o levantamento revela que foram vendidos mais de 51,3 milhões de exemplares do segmento religioso (com faturamento 6,9% maior que em 2023). Isso correspondeu a 29,5% de todos os livros comercializados no país em 2024, superando categorias, como didático, ficção adulto, não ficção adulto, infantil e juvenil. A prova de que a fé tem encontrado nesse meio um terreno fértil para florescer – e, dessa forma, impulsionar significativamente o mercado editorial – pode ser observada pelo número de títulos lançados: foram 5.432 em 2024, contra 5.109 em 2023 (uma alta de 6,3%), e pela ampliação da produção de exemplares (3% maior que 2023).

O presidente da ASEC Elton Batista de Melo avalia: “O leitor evangélico contemporâneo é engajado e procura materiais que aprofundem a fé e ofereçam orientações práticas para o cotidiano”
Foto: Arquivo pessoal

Na opinião do presidente da Associação de Editores Cristãos (ASEC), pastor, economista, escritor e editor Elton Batista de Melo, o crescimento do mercado religioso está diretamente ligado ao aumento expressivo dos evangélicos nas últimas décadas. Tal avanço reflete a busca por conteúdos que atendam às necessidades desse público. “Além disso, os crentes leem, em média, o dobro de livros por ano (7,1) em comparação ao índice nacional (4,7)”, relata ele, referindo-se à última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro.

O pastor e consultor editorial Eude Martins lembra: “Houve um crescimento significativo no nível de escolaridade dos evangélicos, gerando leitores mais atentos, que buscam obras bem escritas, bem traduzidas, com temática sólida”
Foto: Reprodução / Facebook

De acordo com Elton, esse interesse por conhecimento tem levado editoras a investirem em catálogos mais diversos, alcançando desde novos convertidos até leitores maduros, além de públicos específicos, como mulheres, jovens e crianças. “O leitor evangélico contemporâneo é engajado e procura materiais que aprofundem a fé e ofereçam orientações práticas para o cotidiano”, avalia o presidente da ASEC, indicando que há uma procura cada vez maior por temas, como desenvolvimento pessoal, família e liderança à luz da Bíblia.

Diego Fraguas, superintendente da Graça Editorial: “Observamos com entusiasmo o crescimento do público leitor evangélico”
Foto: Rodrigo Di Castro

O ministro também observa que o mercado editorial cristão brasileiro está se consolidando como uma referência mundial. “As projeções indicam que, até 2040, os crentes em Jesus poderão representar até 45% da população brasileira, o que traz uma responsabilidade enorme para os editores de livros”, alerta. O especialista acrescenta que o Brasil está se tornando uma nação de destaque no cenário do evangelismo global. “Temos a oportunidade de produzir conteúdos que reforçam a fé dos brasileiros e de estrangeiros.”

“Povo do Livro” – Para o pastor, escritor, editor e consultor editorial Eude Martins, que atua há mais de 40 anos no mercado cristão, a leitura no meio evangélico é fruto de um amadurecimento espiritual e cultural contínuo. “O principal fator para esse crescimento é que somos o povo do Livro, com L maiúsculo”, assevera, destacando que o hábito da leitura da Bíblia Sagrada se intensificou entre os crentes em Jesus nas últimas décadas. “À medida que leem a Palavra, surge, naturalmente, o desejo de compreendê-la melhor, impulsionando a leitura de livros teológicos, devocionais e estudos bíblicos. Desse modo, o hábito de ler se transforma em instrumento de aprofundamento da fé”, analisa Eude, detentor de uma ampla carreira em editoras, instituições e movimentos cristãos e referência quando o assunto é literatura evangélica no Brasil.

O Pr. José Evandro Oliveira Junior testemunha: “Como pastor, preciso estar constantemente conectado com Deus. Os livros me ajudam a manter esse vínculo e me preparam para orientar, com sabedoria, aqueles que o Senhor me confiou”
Foto: Arquivo pessoal

O consultor testemunhou de perto momentos-chave da profissionalização do mercado editorial cristão. Um deles foi a expansão da presença de editoras evangélicas em feiras internacionais, o que proporcionou às empresas acesso antecipado a catálogos americanos e europeus. “Esse movimento trouxe mais agilidade e atualidade aos catálogos brasileiros, que estão mais conectados com as discussões teológicas contemporâneas”, observa Martins. Ele destaca ainda que o avanço educacional entre os servos de Deus foi determinante para a formação de um público mais exigente e crítico. “Houve um crescimento significativo no nível de escolaridade dos evangélicos, gerando leitores mais atentos, que buscam obras bem escritas, bem traduzidas, com temática sólida.”

Felipe Lemos, criador do canal O Leitor de Livros, no YouTube, narra obras cristãs em voz alta, com clareza e entonação acessíveis a todos, buscando atravessar fronteiras e alcançar ouvintes em diversos países de língua portuguesa
Foto: Arquivo pessoal

Nesse sentido, a Graça Editorial – uma das principais editoras evangélicas do país –, investe cada vez mais em inovação, a fim de acompanhar o novo perfil do leitor cristão: conectado, reflexivo e ávido por mensagens pertinentes. “Observamos com entusiasmo o crescimento do público leitor evangélico. Temos atuado de maneira estratégica para atender a essa demanda com conteúdos relevantes, bíblicos e transformadores”, afirma Diego Fraguas, superintendente editorial da empresa. Ele cita, entre as ações recentes da organização, o relançamento do aplicativo Graça Digital, agora mais intuitivo, moderno e acessível, trazendo como principal novidade a integração automática com a loja virtual da editora. Assim, ao adquirir um livro digital, o leitor já o encontra disponível em sua biblioteca pessoal dentro do app. “Isso torna a experiência mais prática, fluida e segura”, observa Fraguas, lembrando que essa iniciativa acompanha a tendência da leitura em dispositivos móveis. “O Graça Digital é um recurso essencial para democratizar o conhecimento cristão, fortalecer o hábito da leitura e alcançar novas gerações de leitores que desejam levar a fé com eles para qualquer lugar.”

A estudante de Pedagogia Cátia Pinheiro Corrêa conta que, diariamente, reserva um momento para seu devocional, combinando leitura bíblica com livros cristãos, como a obra Eu, a raiz exposta do pecado (Graça Editorial), de Steve Gallagher
Foto: Arquivo pessoal

Diego relata que a editora tem ampliado o catálogo com obras que dialogam com os desafios contemporâneos da fé cristã e vem investindo em e-books, audiolivros e títulos voltados para públicos diversos. “Temos focado em materiais direcionados ao discipulado familiar, à edificação dos jovens e a temas relevantes para quem deseja viver uma fé prática e atuante no cotidiano”, pontua o superintendente. Ele acrescenta que cada publicação é pensada como uma ferramenta de evangelização. “Nosso propósito vai além da venda. Queremos que cada título seja um instrumento de transformação. Um livro pode alcançar alguém que nunca entrou em uma igreja, mas que, ao folheá-lo, sente o toque de Deus.”

Foto: Divulgação / Graça Editorial

Obras edificantes – Na visão do Pr. José Evandro Oliveira Junior, 57 anos, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no bairro Andaraí, no Rio de Janeiro (RJ), os livros são indispensáveis no exercício do ministério – além da Bíblia, que ele considera seu manual de vida. “Como pastor, preciso estar constantemente conectado com Deus. Os livros me ajudam a manter esse vínculo e me preparam para orientar, com sabedoria, aqueles que o Senhor me confiou.” Entre suas leituras mais marcantes, o ministro cita: Autoridade do crente, Curai enfermos e expulsai demônios e Medo, feche esta porta, todas publicadas pela Graça Editorial. “Incentivo os membros da Igreja, especialmente os que enfrentam medos, traumas ou depressão, a buscarem essas e outras obras edificantes. Eu mesmo cheguei a Jesus sofrendo de síndrome do pânico e, hoje, sou um homem livre. A leitura fez parte dessa libertação”, testemunha o pastor.

Diva Helena Pasquale relata que sua paixão pela leitura começou por necessidade ministerial e, rapidamente, tornou-se um hábito espiritual
Foto: Arquivo pessoal

Um exemplo de como a leitura pode ser inspiradora é a iniciativa de Felipe Lemos, 30 anos. O jovem evangélico transformou a paixão pelos livros em um projeto digital. Criador do canal O Leitor de Livros, no YouTube, ele narra obras cristãs em voz alta, com clareza e entonação acessíveis a todos, buscando atravessar fronteiras e alcançar ouvintes em diversos países de língua portuguesa. Lemos cita, entre os títulos mais significativos para ele, o livro Como tomar posse da bênção (Graça Editorial), de autoria do Missionário R. R. Soares. “O que mais me impactou é o fato de o Missionário reconhecer que não é a fé que move montanhas, mas a determinação que deve acompanhá-la”, relata. Ele conta que seu canal também inclui áudios de livros dos evangelistas Kenneth E. Hagin, Derek Prince, Oral Roberts e Billy Graham, salientando que uma das gravações mais ouvidas é A autoridade do crente (Graça Editorial), de autoria de Kenneth E. Hagin. “Recebo mensagens de pessoas que foram edificadas, que entenderam melhor a Palavra e se sentiram mais próximas de Deus. Isso me dá forças para continuar”, afirma Felipe.

A contadora Lucineide Macedo frisa: “Gosto de começar o dia fazendo uma leitura que me edifique. E, à noite, quando tudo se acalma, leio novamente, como forma de reflexão e louvor”
Foto: Arquivo pessoal

Na cidade de Caçador (SC), no Oeste Catarinense, a estudante de Pedagogia Cátia Pinheiro Corrêa, 37 anos, membro da Igreja da Graça no Centro do município, conta que, diariamente, reserva um momento para seu devocional, combinando leitura bíblica com livros cristãos. “Quando lemos, encontramos histórias e experiências que se conectam com a nossa vida. Isso fortalece a fé, amplia nossa visão e traz cura”, garante. Segundo Cátia, uma de suas leituras transformadoras foi a obra Eu, a raiz exposta do pecado (Graça Editorial), de Steve Gallagher. “É um livro que me confrontou, constrangeu e transformou. Estou lendo pela segunda vez. Ele mexe com o nosso interior e nos chama à mudança.”

Por sua vez, a aposentada Diva Helena Pasquale, 62 anos, que atua como professora na Academia Teológica da Graça de Deus (Agrade), relata que sua paixão pela leitura começou por necessidade ministerial e, rapidamente, tornou-se um hábito espiritual. “Comecei lendo para ensinar e acabei ensinando a mim mesma”, testemunha ela, que congrega na Igreja da Graça em Garibaldi (RS), na Serra Gaúcha. Diva afirma que seus autores favoritos são o evangelista Kenneth E. Hagin e o Pr. Abraão de Almeida (colunista de Graça/Show da Fé), mas, curiosamente, citou o livro Guerreiros de joelhos (Graça Editorial), de David D. Ireland, como marcante em sua trajetória. “Ele me mostrou que a oração é uma arma poderosa. Vivemos uma guerra espiritual e precisamos estar posicionados. Esse livro inspirou meu ministério e minha vida pessoal”, enfatiza.

Foto: Santima.studio / Adobe Stock

A leitura também é parte fundamental da rotina espiritual da contadora Lucineide Macedo, 43 anos, líder do ministério infantil Crianças que Vencem (CQV) na IIGD em Jaraguá do Sul (SC). Para ela, o hábito de ler livros cristãos vai além do estudo: é um momento de alimento espiritual e gratidão. “Gosto de começar o dia fazendo uma leitura que me edifique. E, à noite, quando tudo se acalma, leio novamente, como forma de reflexão e louvor”, frisa Lucineide. Entre seus títulos preferidos, estão: Rute: A decisão acertada (R. R. Soares), Desmascarando as artimanhas do inimigo (Pedro Okoro), e Ainda fazendo o impossível (Oral Roberts) – todos publicados pela Graça Editorial. “Esses livros aumentam minha fé e me ajudam a aplicar os ensinamentos bíblicos no dia a dia”, testemunha. Os depoimentos desta reportagem provam que os livros cristãos, repletos de histórias de fé, alcançam corações sedentos por Deus e transformam, para sempre, vidas nos quatro cantos do planeta.


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