
Clamor atendido
14/05/2025
Por Daniele Vieira
Todas as pessoas chegam à presença de Deus impulsionadas por alguma questão, carregando consigo vivências e histórias recheadas de alegrias e tristezas, inclusive muitas delas são até incompreensíveis. Desse modo, ao longo da caminhada, muitos experimentam momentos em que há cansaço físico, emocional e espiritual. Nesses períodos de aflição, é provável que alguns se sintam sozinhos e perdidos; porém, outros, em sua busca por Cristo, encontram a razão maior para seguir em frente e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, como escreve o apóstolo Paulo aos filipenses (Fp 4.7).

Foto: Arquivo pessoal
Educada em uma família cristã, a princesa de Gales Kate Middleton, membro da realeza britânica, recorreu à fé durante sua luta contra o câncer na região do abdome. Segundo especialistas em monarquia, antes de se casar com o príncipe William, Kate frequentava a Igreja Anglicana e, durante o tratamento, buscou apoio espiritual, o que teria contribuído para fortalecer seu bem-estar emocional. Em setembro de 2024, a princesa anunciou o fim da quimioterapia, mas esclareceu que sua recuperação transcorreria de maneira gradual e seria desafiadora. No início de 2025, ela informou que o câncer estava em remissão – fase em que há redução dos sinais da doença ou quando exames não detectam mais a enfermidade.

Foto: Arquivo pessoal
O Pr. Douglas Baptista, líder da Assembleia de Deus de Missão em Brasília (DF), lembra que as lutas ensinam os cristãos a depender do Senhor e servem para moldar o caráter deles. Nesses momentos, explica o ministro, o crente é chamado a compartilhar os sofrimentos de Cristo (Rm 8.17,35) como parte do processo de santificação. “A adversidade pode ser a oportunidade de demonstrar nossa fé e nossa esperança no Evangelho, de modo que atraímos outros para Jesus”, pontua ele, acrescentando que os períodos de tribulação são instrumentos utilizados pelo Todo-Poderoso para nosso despertamento espiritual. Por outro lado, o ministro assembleiano esclarece que isso não significa dizer que o Altíssimo deseja usar as crises como estratégia para obrigar o ser humano a aceitá-Lo, e sim que Ele transforma quaisquer situações em possibilidades de redenção e renovação.

Foto: Arquivo pessoal
Baptista afirma que, na verdade, a aflição expõe a fragilidade e a finitude da vida, abrindo espaço para um encontro genuíno com o Criador. “Nessas circunstâncias, a pessoa se vê obrigada a considerar sua confiança em Deus”, observa, assinalando que, muitas vezes, os desafios ao longo da caminhada revelam a soberania e o cuidado do Todo-Poderoso – algo que não seria tão evidente durante os momentos de paz, calmaria e bonança. “Essas situações também podem gerar arrependimento, levando à transformação e à reconciliação com o Pai,” destaca Baptista, lembrando que o apóstolo Paulo deixou claro que suas prisões serviram para o avanço do Evangelho, demonstrando, assim, que mesmo as dificuldades podem ser usadas para aproximar outros de Cristo (Fp 1.12-26).
Distantes do Criador – O Pr. Elder Cavalcante, líder estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no Rio Grande do Norte (RN), salienta que uma pessoa que não reconhece Jesus quando está com a vida organizada pode acreditar ser autossuficiente. “Em Provérbios 3.5, está escrito que não devemos nos apoiar em nosso próprio entendimento”, alerta o ministro, acrescentando que o ser humano tem dificuldade de aceitar Jesus como Salvador por causa da cegueira espiritual. Ao citar o texto de 2 Coríntios 4.4, Cavalcante reforça: “A Bíblia revela que o príncipe deste mundo cegou o entendimento dos descrentes.”

Foto: Arquivo pessoal
Fazendo coro com Elder, o Pr. Miguel Ângelo, da IIGD na Rocinha, em São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro (RJ), enfatiza que o afastamento das pessoas do Redentor está relacionado à falta de renovação da mente e à dificuldade em reconhecer Cristo como Salvador. “Na verdade, não houve um verdadeiro encontro com a Palavra”, observa, fazendo uma comparação com o povo de Israel no Egito, que clamava ao Todo-Poderoso por um libertador (Êx 3.7-10) “Deus enviou Moisés, que tirou os hebreus da escravidão e os levou em direção à terra de Canaã. Eles foram libertos fisicamente, mas não espiritualmente.”
O Pr. Jailson Santos, líder regional da IIGD em Feira de Santana (BA), aponta que a autoconfiança em si, nas riquezas e nos prazeres deste mundo faz muita gente, iludida pela falsa percepção de felicidade, ignorar a necessidade de buscar o Senhor. Por outro lado, Santos ressalta que há aquelas que se voltam ao Messias, reconhecendo a própria fragilidade e limitação na solução dos problemas, principalmente nas causas consideradas humanamente impossíveis. “Certas situações desarmam as defesas do ego, expondo a vulnerabilidade humana. Nesse estágio, as pessoas começam a procurar respostas e encontram em Cristo uma fonte de consolo, propósito e esperança”, explica o ministro, referindo-se ao Salmo 50.15: E invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.

Foto: Arquivo pessoal
Na opinião do Pr. Eduardo Assunção, da Igreja Batista Anunciar, em Belo Horizonte (MG), a comodidade terrena desvia o indivíduo do verdadeiro sentido da vida, fazendo-o negligenciar a necessidade de estar na presença divina. “Muitos pensam estar ‘tudo bem’, mas, de fato, já se desviaram só não se deram conta”, pondera ele, alertando que todo crente em Jesus deve ter sempre em mente as palavras de Agur em Provérbios 30.8,9: Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção acostumada; para que, porventura, de farto te não negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de Deus.
Assunção lembra o que escreveu o profeta Oseias (Os 13.6) sobre o fato de a prosperidade ter afastado o povo de Israel da presença do Onipotente, evidenciando o egoísmo humano. Segundo ele, o homem deve admitir a grandeza do Senhor e Sua soberania, arrependendo-se de seus pecados para seguir no Caminho, como escreve Salomão em Provérbios 3.6: Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. “Ele está falando a respeito de todas as áreas: casamento, saúde, emprego, finanças, negócios, filhos, ministério. Deus nos sustenta independentemente da situação, mas, muitas vezes, agimos com a própria força a partir das habilidades humanas e das experiências de vida, o que gera muitos prejuízos”, assevera.

Vidas restauradas – A maquiadora Rebeca de Jesus, 25 anos, nasceu em um lar evangélico, mas não estava comprometida com a Palavra nem sentia necessidade de reconhecer Cristo como seu Salvador. Embora frequentasse a igreja, seu coração estava muito distante do Pai de amor. “Eu vivia de maneira desregrada. Enfrentei momentos de frustrações, crises de ansiedade e de depressão e preenchia aquele vazio com bebidas e festas”, compartilha ela, relatando que, toda manhã ao acordar, sentia muita falta de ar e angústia. “No fundo, queria me apegar a Deus. No entanto, os atrativos mundanos me prendiam, apesar de não me sentir feliz”, testemunha ela, membro da IIGD em Salvador (BA).
Cansada daquele estilo de vida e com a alma aflita, a maquiadora resolveu tomar uma decisão: em um culto de Santa Ceia, caiu de joelhos, em oração, clamando a Deus para intervir e mudar a sua história, pois se sentia perdida. “O Senhor preparou tudo, e, a partir de então, teve início a minha transformação”, recorda-se ela, que, meses depois, passou pelas águas do batismo. “Deus realizou muitas mudanças também na minha casa. O que me deixou muito feliz foi meu pai se orgulhar de mim, pois eu era uma pessoa que decepcionava todos”, testemunha. Rebeca integra o ministério de dança da IIGD e lidera o evangelismo do ministério Jovens que Vencem (JQV) no estado da Bahia.

Foto: Arquivo pessoal
Igualmente oriundo de família evangélica, Ian Keyllon, 37 anos, gerente de vendas de uma corretora de seguros, compartilhou com a reportagem de Graça/Show da Fé sua história e experiência de fé. Ele cresceu em um lar cristão e foi batizado aos 12 anos, mas, aos 18, afastou-se de Deus. Em 2006, Ian passou a frequentar baladas e se tornou integrante de um grupo musical, após se mudar com a família de Pedro Canário, no interior do Espírito Santo, para a capital capixaba, Vitória (ES). “Com tantas novidades, parei de frequentar a igreja”, relata ele.
Quatro anos depois, em 2010, ocorreram dois fatos que mudariam sua trajetória. Ele se mudou novamente, dessa vez para o Rio de Janeiro, para integrar o Geração Petrus, um projeto musical gospel. “Eu estava infeliz e comecei a pedir socorro a Deus em oração. Vi, naquela oportunidade, a porta para uma mudança.” Porém, ao regressar ao Espírito Santo para resolver questões pessoais e oficializar sua saída da banda, Ian sofreu um grave acidente de moto, em 15 de novembro, que quase o matou. Aquele evento o levou a refletir profundamente sobre sua vida. O gerente de vendas ficou internado durante 15 dias na UTI do Hospital Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus (ES), após passar por cirurgias no fêmur e no punho. “Fiz tratamento com um otorrinolaringologista e fisioterapia facial devido a uma paralisia. Era muito difícil, pois, antes, eu era vaidoso. Ver o estado em que fiquei foi desesperador”, recorda-se ele, destacando que ficou seis meses acamado e precisou fazer uso de muletas por dois anos.

Foto: Arquivo pessoal
De volta ao Rio de Janeiro, após o período de recuperação, Ian se reconectou com a fé e viu o Criador restaurar sua vida de maneira inesperada. “Deus me deu muito mais do que eu imaginava. Continuo louvando ao Altíssimo e reconhecendo que Ele é o único Senhor da minha vida”, afirma. Ao lado da esposa, Sabrina, 45 anos, e dos filhos Lucas, 18, e Maria Luísa, 5, Ian é membro da Igreja Gerando Vencedores, em Itaipu, Niterói (RJ). Com a vida transformada, ele, a exemplo de milhões de pessoas no Brasil e no mundo, sabe que não há nada melhor do que encontrar sentido para viver e estar em paz com o Criador.