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Fotos: Arquivo pessoal

“Deus à frente”

Mesmo em meio a percalços financeiros, patrocinadora da obra do Senhor recebe a bênção da casa própria

Por Evandro Teixeira

Quem conheceu o lar onde vivia a atendente Narjara Midois, 36 anos, e, hoje, visita sua nova residência se emociona. Situada em São Vicente (SP), ela é bem mobiliada e em nada lembra sua ex-casa humilde, localizada em um bairro da mesma cidade sujeito a enchentes. Para Narjara, tamanha mudança foi motivada por um fator: sua fidelidade a Deus nos dízimos e nas ofertas. Sendo assim, a moradia atual, pode-se dizer, é a materialização de outras transformações que ocorreram em sua vida depois que conheceu o Evangelho.

A história da moça é marcada por perdas. Criada pelos avós maternos, desde os sete meses, era tratada por eles como filha e tinha uma vida relativamente estável no Guarujá (SP). Até que uma série de eventos promoveu uma reviravolta: em 2001, aos 17 anos, perdeu a avó; um ano depois, voltou a ter contato com a mãe biológica, mas esta viria a falecer em 2004, e não muito tempo após esse falecimento, Narjara descobriu que estava grávida. O avô não a aceitou naquela condição e a obrigou a ir morar com o pai da criança, em São Paulo (SP). Em abril de 2005, três meses depois do nascimento do pequeno João Pedro Marques (hoje com 15 anos), Narjara foi comunicada de que seu avô havia morrido.

Após alguns meses morando com seu companheiro, houve a separação. Como militar aposentado, o avô havia deixado uma pensão que daria a Narjara estabilidade financeira. Ela, então, decidiu criar o menino sozinha. Contudo, muito jovem, solteira e com um filho, logo começou a sentir o peso da solidão. Por isso, procurava preencher essa necessidade emocional com amizades, mas nada parecia ser suficiente. “Sentia um vazio que nem meu filho, a pessoa que mais amo, conseguia suprir. Tinha uma grande carência afetiva.”

Em seguida, ela tentou completar essa lacuna tornando-se uma consumidora compulsiva, o que só a deixou com um punhado de dívidas. Também entrou em outra relação amorosa. Porém, àquela altura, estava sofrendo de depressão, e as crises constantes fizeram o namoro não ir adiante.

Narjara se mudou para Santos (SP), onde, em 2010, conheceu algumas pessoas que lhe falaram sobre o amor de Jesus, e passou a frequentar uma igreja evangélica. Todavia, a ideia de Deus a amar e querer estar mais próximo dela lhe parecia um tanto estranha. Quando via pessoas chorando nos cultos por sentirem a presença divina, ficava ainda mais intrigada. “Em minhas primeiras orações, pedi ao Senhor que Ele me permitisse sentir o que aqueles irmãos sentiam”, recorda-se.

A casa em São Vicente (SP), onde Narjara, por um bom tempo, teve de dormir no chão com o filho. Além disso, a região alagava frequentemente quando chovia forte no litoral paulista
A nova moradia, onde Narjara e o filho João Pedro estão desde abril de 2019. “Em dezembro do mesmo ano, a casa já estava completamente mobiliada”

Naquela época, Narjara morava em um apartamento bom e bem localizado em Santos. No entanto, vivia apenas de aparência, pois, na verdade, não tinha como mantê-lo. Financeiramente, estava péssima. Como o dinheiro da pensão não era suficiente, teve de arranjar um emprego. E, mesmo assim, a situação se manteve insustentável. Logo, decidiu se mudar para um imóvel mais barato.

Em meio a esse processo, conheceu uma irmã da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Santos. Embora soubesse que Narjara ia a outra denominação, perguntou-lhe se aceitaria ouvir o conselho de sua pastora, pois sabia de suas lutas. Atendendo ao convite, Narjara foi conversar com a líder. Ela relata que foi um momento tão abençoado e proveitoso que passou a frequentar a Igreja da Graça, no início de 2012. Ali, firmou-se na fé.

Renda bruta – Na nova casa, na cidade vizinha, São Vicente (SP), ela frisa que, por um bom tempo, teve de dormir no chão com o filho, pois não deu para levar todos os móveis do antigo apartamento. Além disso, a região alagava frequentemente quando chovia forte no litoral paulista. “Houve um momento em que não havia nada na geladeira para comer. Contudo, em meu coração, existia esperança de que aquela situação mudaria.”

Todas aquelas dificuldades financeiras não impediram Narjara de se tornar patrocinadora da obra de Deus. No início, chegou a falhar com os depósitos, mas logo tomou a decisão de se manter fiel também como dizimista e ofertante. Em 2015, recebeu do Altíssimo um esclarecimento acerca do dízimo que mudaria para sempre seu entendimento acerca do assunto. Ela desconhecia que a décima parte devolvida ao Onipotente deveria vir da renda bruta, e não da líquida, como sempre havia feito.

Naqueles dias, Narjara sonhava em comprar um imóvel e sair do local que lhe causava tanta preocupação quando chovia. Após devolver o dízimo, de modo correto, decidiu procurar o gerente de seu banco em busca de um financiamento imobiliário. Passado algum tempo, a agência bancária ligou informando que seu crédito estava aprovado. Depois de três meses de procura, adquriu a tão sonhada propriedade.

Entretanto, não teve como fazer a mudança porque não tinha mais móveis. A última enchente havia danificado todos eles. O banco, então, entrou em contato oferecendo uma linha de crédito para fazer novas compras. “Mudamos em abril de 2019, e, em dezembro do mesmo ano, a casa já estava completamente mobiliada”, alegra-se Narjara, a qual acredita que tantas bênçãos só foram possíveis depois de passar a entregar a parte do Senhor corretamente e por priorizar a comunhão com Ele. “Aprendi a colocar Deus à frente de tudo. Ele é maior do que nossos pensamentos, sonhos e desejos.”


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