Saúde restaurada
15/01/2025Confiança em Deus
15/01/2025O TEMPO DO SENHOR
Esperar em Deus requer do cristão paciência, fé e confiança na soberania do Altíssimo
Por Daniele Vieira
As Escrituras Sagradas apontam que aguardar o tempo de a promessa se cumprir requer perseverança e entrega à vontade divina. Estudiosos do tema afirmam que, longe de ser uma atitude passiva, essa espera implica uma ação consciente, uma fé inabalável e uma postura de dependência total do Criador. No Salmo 40.1-3, Davi revela: Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.
Tirou-me de um lago horrível, de um charco de lodo; pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos; e pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no SENHOR. Nessa declaração, o homem segundo o coração de Deus deixa claro que, diante das dificuldades, ele ficou na expectativa de receber o socorro do Todo-Poderoso. Além disso, ele expressa gratidão ao Senhor por Sua bondade e fidelidade.
A Bíblia registra que esperar, confiando no Pai de amor, significa manter os olhos voltados para o Onipotente, seja para o cumprimento da promessa, seja para vencer uma tribulação. Durante 25 anos, Abraão, por exemplo, creu que seu descendente, Isaque, chegaria por intermédio de Sara, tornando-o mais tarde pai de uma multidão de nações (Gn 17.4). Jó, por sua vez, não blasfemou contra Deus quando adoeceu, viu seus filhos morrerem e perdeu sua riqueza. Pelo contrário, esse servo fiel afirmou: Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido (Jó 42.2). Ao término da provação, o Senhor o recompensou em dobro e ainda lhe concedeu mais 140 anos de vida.
Todos os crentes em Jesus conhecem o texto em que o apóstolo Paulo escreve em sua carta aos Romanos a respeito deste assunto: Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé de Abraão, o qual é pai de todos nós (como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.), perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos e chama as coisas que não são como se já fossem. O qual, em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu próprio corpo já amortecido (pois era já de quase cem anos), nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus; e estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer (Rm 4.16-21). E é possível afirmar que todos os filhos de Deus já viveram pelo menos uma experiência em que tiveram de esperar por algo que, aos olhos humanos, parecia impossível de acontecer.
A bacharel em Educação Física Elaine Santiago, 46 anos, sonhava com um emprego estável em sua área e, para alcançar esse objetivo, não faltou dedicação: fez cursos, distribuiu currículos e orou, pedindo a Jesus que lhe abrisse portas de trabalho. “Fiquei dois anos desempregada, apenas com oportunidades temporárias”, relembra-se ela, ratificando que, apesar das dificuldades, continuou confiando que o bom Pastor faria o melhor. “Não desanimei, e fiz a minha parte”, declara Elaine, membro da Comunidade Shamah em Pendotiba, no município de Niterói (RJ). Ela relata que, a partir da intervenção divina, foi chamada para trabalhar na prefeitura da cidade para atuar como professora em sua área de formação. Entretanto, as bênçãos não pararam por aí: ela também recebeu outra oferta de emprego e conseguiu conciliar os dois trabalhos. “O segredo é confiar e esperar. Percebi que o Senhor faz tudo de modo completo e no momento certo”, testemunha.
“Propósito divino” – O Pr. Jamiel Lopes, da Assembleia de Deus em Campinas (SP), lembra que, no contexto bíblico e teológico, existem dois conceitos distintos de tempo: o kairós (de Deus) e o chronos (do homem). “Ao contrário do tempo humano, o do Senhor não é medido em minutos ou horas, mas em momentos significativos e eventos decisivos que têm um propósito divino”, afirma Lopes, ressaltando que a resposta do Criador nem sempre será afirmativa. “Algumas vezes, receberemos um não de Deus. Assim, o que é pedido precisa estar alinhado à vontade dEle”, detalha, citando Tiago 4.3 (Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites).
Porém o ministro assembleiano explica que a ação do Altíssimo exige que o cristão esteja em parceria com Ele. “É esperado que o Todo-Poderoso aja de maneira sobrenatural, mas não devemos esquecer que precisamos fazer a nossa parte.” De acordo com Lopes, esperar em Deus é um processo ativo e dinâmico que envolve uma diligência consciente, não um estado de passividade ou inatividade. “Ele não fará aquilo que nós mesmos somos capazes de realizar”, assevera o pastor. “Por exemplo, uma pessoa desempregada que busca uma nova oportunidade tem de enviar currículos e participar de entrevistas. O mesmo se aplica a tudo o que o crente pede ao Senhor. Precisamos entender qual é a nossa responsabilidade.”
Além disso, ele salienta que a paciência é indispensável, pois, muitas vezes, a espera carrega um propósito que só é compreendido ao longo do tempo. Desse modo, afirma o ministro, aguardar no Senhor é um desafio, mas também oferece oportunidade de fortalecer a fé. “Devemos confiar que Deus age na hora certa. Por isso, é preciso permanecer na busca de Sua presença e de Sua orientação”, ensina Lopes, ressaltando que o Criador é imutável e fiel e que Seus dons e Suas ações nunca contradizem Sua natureza ou as promessas reveladas no Livro Santo, as quais devem ser o guia para a vida do cristão. “Se algo nos chega de maneira ilícita ou fora dos padrões bíblicos, por mais vantajoso que pareça, não pode ser considerado uma resposta de Deus”, pondera Jamiel Lopes, assinalando que o Mestre concede, revela ou realiza aquilo que está em total harmonia com as promessas e os princípios descritos no Texto Sagrado. “Isso ocorre, porque há um objetivo maior, os planos dEle e Seus propósitos, os quais são eternos. Ele age para o bem de Seus filhos e para a realização de Seus planos”, argumenta, citando Provérbios 13.12 (A esperança demorada enfraquece o coração, mas o desejo chegado é árvore de vida). O ministro acentua que sentimentos como frustração e desânimo podem surgir, especialmente quando há ansiedade por respostas ou resultados que parecem nunca chegar. “Compreender e aceitar o tempo de Deus é um aspecto fundamental da fé cristã.” [Leia, no final desta reportagem, o quadro Perseverança na fé]
Obediência e amadurecimento – O autor da carta aos Hebreus esclarece que a paciência e a fé caminham lado a lado. Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança; para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas (Hb 6.11,12). Na opinião do Pr. Eduardo Santos, líder distrital da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Brasília (DF), muitas vezes, as pessoas querem que tudo aconteça no tempo delas. Demonstram dificuldade de lidar com a espera. “Enquanto as promessas não se cumprem, é preciso permanecer fiel e obediente à Palavra. Então, é essencial aquietar o coração e confiar no tempo do Senhor.”
O Rev. Eber Cocareli, professor da Academia Teológica da Graça de Deus (Agrade), sinaliza que a espera é a consequência natural de uma promessa registrada em Deuteronômio 31.6: Esforçai-vos, e animai-vos; não temais, nem vos espanteis diante deles, porque o SENHOR, vosso Deus, é o que vai convosco; não vos deixará nem vos desamparará. “É a confiança absoluta na presença salvadora do Todo-Poderoso, Sua intervenção e direção certeiras e redentoras”, ensina Cocareli, assinalando que se trata de uma “atitude mental de fazer sossegar a alma diante de um conflito, sabendo que, em determinado momento, o Senhor dará a solução”. Segundo o pastor, a promessa divina não é responder a questionamentos ou dúvidas. “Existem assuntos que são de exclusiva competência de Deus (Dt 29.29). Portanto, é preciso que nos coloquemos em nosso devido lugar, sabendo a indescritível diferença entre nós e o Eterno.”
Já a Pra. Sandra Fernandes, da IIGD em Coelho Neto, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), afirma que aguardar a resposta do Alto proporciona ao cristão amadurecimento espiritual. Em contrapartida, atesta ela, quando o crente não passa pelo período de espera significa que não está pronto para receber a herança. “Acredito que o Salmo 40 enfatiza a chamada triunfante para uma batalha, tendo a vitória garantida.”
O teólogo Vitor Emanuel considera que colocar a confiança em Deus é ter convicção de que Ele é fiel para cumprir Suas promessas, entre elas a revelada em Isaías 40.31: Mas os que esperam no SENHOR renovarão as suas forças e subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão. “A Palavra de Deus é fonte de renovação e vigor, que nos dá a força necessária para perseverar na espera. Os que aguardam no Senhor e colocam sua esperança nas Escrituras experimentarão Sua bondade, Sua fidelidade e Seu amor, o que reforça a segurança nEle”, garante o estudioso, enfatizando que esperar em Deus significa crer plenamente em Sua soberania e em Seu tempo perfeito. Vitor Emanuel cita Miqueias 7.7 (Eu, porém, esperarei no SENHOR; esperei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá) para esclarecer que, tendo confiança inabalável na Palavra, há a certeza de que Ele ouvirá e responderá. “Nossa espera deve ser sustentada pela Bíblia, que guia, conforta e fortalece. A Palavra encarnada, Jesus, renova-nos e nos dá a convicção de que Deus é fiel para cumprir todas as Suas promessas”, conclui.
PERSEVERANÇA NA FÉ
A Bíblia Sagrada revela alguns personagens que perseveraram na fé, aguardando o cumprimento das promessas do Senhor.
Noé – Esperoupelo Dilúvio anunciado por Deus e, depois, aguardou o sinal estabelecido pelo Altíssimo para sair da arca e estar em terra firme com a família, iniciando outro povoamento (Gn 8.10-12; 15-19).
Abraão – Deus lhe prometeu um filho aos 75 anos. Mas o nascimento de Isaque ocorreu quando Abraão tinha cem anos (Gn 21.5). Devido a isso, até os dias atuais, Abraão é conhecido como o “pai da fé” (Hb 11.8-19).
Calebe – Aos 40 anos, recebeu uma promessa do Onisciente. No entanto, ele esperou 45 anos para possuir a terra de Hebrom como herança das mãos de Josué após a morte de Moisés (Js 14.6-14).
Ana – Durante anos, essa serva orou pelo fim da infertilidade. Mesmo assim, não abandonou a fé e colocou a esperança em Deus, que a abençoou com Samuel e outros três filhos e duas filhas (1 Sm 1.9; 2.21).
Davi – O filho de Jessé foi ungido pelo profeta Samuel ainda na juventude. Entretanto,ele precisou aguardar por 15 anos até assumir o reinado em Israel, após ter a aprovação dos anciãos (1 Sm 16.1-13; 1 Cr 11.3).
O paralítico no tanque de Betesda – Por 38 anos, lutou por um milagre. Mesmo com limitações, persistia na busca da cura. Ao esperar (e confiar) em Deus, recebeu a bênção. Quando Jesus o encontrou, o Mestre curou o homem (Jo 5.1-15).
Os discípulos – Antes da crucificação,Jesus ordenou aos Seus discípulos que aguardassem em Jerusalém a vinda do Espírito Santo. Assim, eles fizeram e lá foram revestidos de poder, dando início ao trabalho de evangelização (Lc 24.49).
(Fonte: Bíblia Sagrada)