Pais na fé
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Pesquisa revela que a infância é a fase mais propícia para alguém aceitar Jesus
Por Patrícia Scott*
O evangelista e escritor estadunidense Kenneth E. Hagin (1917-2003) afirmou certa vez: As pessoas perdem seus filhos para o diabo porque não colocam as coisas mais importantes em primeiro lugar. Os filhos crescem fisicamente e se afastam de Deus porque lhes foi dado o exemplo errado. Hagin tinha razão. Segundo a Bíblia, os pais têm a responsabilidade de transmitir aos seus filhos a fé em Jesus, por meio do ensino da Palavra e de um bom exemplo de vida cristã. Esse mandamento é enfatizado em diversas passagens bíblicas, como esta mensagem do apóstolo Paulo em Efésios, capítulo 6, versículo 4: E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.
De acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, os ensinamentos ministrados em família e acompanhados de boas atitudes estão entre as formas mais eficazes de levar alguém a Cristo. Em primeiro lugar, o levantamento intitulado A Jornada Espiritual: Como os Evangélicos Chegam à Fé, divulgado em janeiro de 2024, mostrou que 72% dos crentes entrevistados se converteram quando eram crianças ou quando estavam na adolescência – antes dos 18 anos. O estudo revelou que metade deles se entregou a Cristo dos 5 aos 12 anos. Quase um terço dos participantes tomou a decisão de seguir o Evangelho por influência dos pais: 28% consideraram ser essa a influência mais forte em sua decisão.
Na pesquisa, realizada pela empresa de marketing cristão Infinity Concepts, os respondentes podiam escolher mais de uma opção ao falar dos fatores que reforçaram a escolha por Jesus. E, dessa forma, os pesquisadores relataram que, dentre outros motivos, foram citados pelos entrevistados: a igreja que frequentavam (16%), os amigos (22%), uma tragédia ou dificuldade (23%) e a leitura da Bíblia (46%).
O exemplo do missionário Amilton Joaquim, líder do ministério de casais da Segunda Igreja Batista de Maringá (PR), retrata bem esse dado. Ele cresceu em um lar evangélico e sempre foi à igreja. Aos 14 anos, passou a ler a Bíblia com mais afinco e teve uma experiência com Deus que mudou a sua história, embora já tivesse passado pelas águas do batismo três anos antes. “Apesar de ser uma religião multigeracional, o cristianismo exige uma decisão pessoal e consciente. Sem isso, ninguém pode afirmar que é cristão.”
Ao ser indagado a respeito do estudo norte-americano, Amilton declara que os pais não devem permitir que os filhos tomem as próprias decisões em relação à Igreja porque Cristo é o único Caminho para Deus. “Jesus mesmo disse que ninguém pode chegar ao Pai senão por Ele (Jo 14.6). Isso torna a essência do Evangelho destoante de todas as formas de religião do mundo”, analisa, reconhecendo, entretanto, que o processo de criação dos filhos é complexo. “É como uma planta. Não temos controle, pois é o Senhor quem dá seu crescimento. O papel dos pais é regar, adubar, podar, mudar de lugar, se necessário, e cuidar com atenção. Tudo isso esperando que o resultado seja uma total cooperação entre nós e Deus”, ensina.
Relacionamento sólido – Nesse sentido, o Pr. Wiulle Lima, ministro auxiliar na Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Vargem Pequena, na zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), salienta que o exemplo dos pais aumenta a probabilidade de os filhos se tornarem adultos bem-estruturados, tanto espiritualmente quanto mentalmente. “Assim, eles saberão lidar com as adversidades, tendo na memória a referência de verdadeiros cristãos.” Lima assinala que, nesses tempos de muita tecnologia, com as crianças crescendo e usando celulares e tablets, a família precisa investir em tempo de qualidade. “Devem avaliar como estão conduzindo a educação dos pequenos, verificando onde têm errado para que possam fazer as correções”, recomenda.
O teólogo Welfany Nolasco Rodrigues também enfatiza a importância da construção de um relacionamento sólido. Ele aconselha: “priorize o diálogo, pratique esporte com seus filhos, por exemplo, e viabilize momentos em família”.
Segundo Welfany, mesmo diante da influência digital – “um caminho sem volta” para as atuais gerações, de acordo com o especialista –, é necessário acompanhar, filtrar e redefinir o que eles fazem nos ambientes virtuais. “Insira conteúdos cristãos úteis para a edificação e a formação deles”, sugere.
Outro ponto comentado pelo teólogo é a intercessão, que não deve ser negligenciada. “Esse poder é maior do que uma correção ou um sermão. Tenho ensinado aos pais a erguer as mãos e orar pelos filhos quando saem de casa, impor as mãos sobre eles quando estão dormindo, repreender todo o mal, ungir e abençoar suas roupas, a cama e os objetos. Esse tipo de ministração tem um grande poder sobre eles porque os pais exercem a autoridade espiritual que receberam de Deus.”
Na opinião de Welfany Nolasco, a exposição prática da Palavra é a razão de as crianças que crescem em lares cristãos se converterem cedo. “Ensinar aos filhos não é somente levá-los à igreja. É preciso fazer mais do que isso. A responsabilidade é dos pais, não da igreja”, ressalta ele. O teólogo também adverte que não se deve fazer comentários negativos sobre os irmãos de fé diante das crianças. “Tudo isso fica gravado no inconsciente delas, que passam a ver negativamente a igreja e, depois, não querem seguir a mesma fé”, destaca.
O Pr. Johnnatan Machado, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no centro de Açailândia (MA), concorda com Nolasco. “Os principais valores são aprendidos no seio da família. Se pai e mãe cultivam valores cristãos, estes irão cooperar para a decisão dos filhos por Jesus”, assinala. [Leia, no final desta reportagem, o quadro O exemplo correto]
Fé genuína – Por isso, a Pra. Ângela Capilé Silva, da Igreja Batista Nacional Vida Plena em Caladinho, Porto Velho (RO), entende que a influência dos pais sobre os filhos precisa ser exercida com sabedoria e fé genuína. A pastora ressalta a afirmação bíblica de que a vida do crente em Cristo deve ser como uma carta aberta, que evangeliza aqueles que estão ao seu redor (2 Co 3.2). “Seja exemplo, evite murmuração e congregue com regularidade”, pontua, destacando a orientação de Deuteronômio 6.6,7: E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te.
A Pra. Deise Meirele Martins Lopes, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no bairro de Fátima, em Balsas (MA), também recorre às Escrituras e menciona a história do jovem Timóteo, cujo caráter cristão foi forjado na família. “Ele foi ensinado pela mãe e pela avó, despertando a admiração do apóstolo Paulo, tanto por seu conhecimento quanto por sua maturidade”, enfatiza, citando 2 Timóteo 1.5,6: Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti. Desse modo, a pastora acredita que, para fazer parte de estatísticas como a pesquisa norte-americana, apontada no início desta reportagem, é preciso demonstrar uma fé autêntica, não fingida, por meio de palavras e ações. “Os pais precisam ser uma referência para os filhos. Devem viver para Cristo em toda maneira. Só assim os pequenos poderão ser forjados pelos parâmetros da Palavra de Deus”, assinala.
O EXEMPLO CORRETO
Quem deseja ajudar o filho a conhecer o Evangelho e, desta maneira, crer em Cristo como Salvador ainda na infância, precisa entender como demonstrar esses ensinamentos no dia a dia. Confira algumas dicas:
Fale sobre o amor de Deus – Abraçar a criança e dizer palavras ternas de conforto são algumas das formas de ajudá-la a conhecer o amor do Senhor. Ao fazê-lo, diga-lhe: Deus conhece você e o ama ainda mais do que papai ou mamãe.
Estabeleça a diferença entre certo e errado – Apresentar o padrão da Palavra de Deus, dizendo o que é o bom e o mau comportamento, abrirá o caminho para que a criança entenda que todos pecaram (Rm 6.23) e carecem do perdão divino.
Demonstre amor incondicional – Depois de disciplinar seu filho, diga que o ama, independentemente do que possa ter acontecido, e que Deus também tem esse tipo de amor, o qual não está atrelado aos erros ou acertos do pequeno.
Crie uma cultura de perdão – Ensine que confessar os erros e pedir perdão é essencial para o relacionamento com Deus e com as outras pessoas. Além disso, demonstre este princípio: ao cometer algum deslize, peça perdão ao seu filho.
(*Colaborou Élidi Miranda com informações de Child Evangelism Fellowship On-line e Focus on the Family)