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07/08/2024Pais na fé
09/08/2024Quem é Deus?
Pastores e especialistas destacam a importância do conhecimento acerca do Senhor para o fortalecimento das experiências cristãs
Por Evandro Teixeira
O chamado divino ecoa desde os dias do profeta Oseias: Conheçamos e prossigamos em conhecer o SENHOR: como a alva, será a sua saída; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra (Os 6.3). Assim que aceita Jesus, o novo convertido almeja saber mais sobre Deus. No entanto, como exorta o versículo, essa dedicação não pode se restringir à fase inicial da caminhada cristã, e sim se estender durante toda a vida do servo do Senhor.
No livro Tenha intimidade com Deus (Graça Editorial), o pastor e conferencista Kenneth W. Hagin aborda diversos aspectos importantes de como precisa ser essa busca. Citando João 4.24 (Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade), ele escreve: Em primeiro lugar, temos de entender que o Todo-Poderoso é um Espírito. Ouvimos acerca disso e costumamos falar sobre isso de uma maneira banal e, mentalmente, concordamos com essa verdade algumas vezes. Mas precisamos saber que Deus é onipresente: Ele está presente o tempo inteiro, em todos os lugares simultaneamente (p. 8). Por isso, Hagin destaca a relevância de o cristão ter comunhão com o Criador. [Leia, no final desta reportagem, o quadro Conhecer mais e mais]
Entretanto, buscar o Senhor da maneira correta só é possível se houver um profundo interesse em aprender as Escrituras Sagradas. Na opinião do Pr. Douglas dos Santos Paiva, líder regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Belo Horizonte (MG), sem esse aprofundamento, na leitura e no estudo da Palavra, as pessoas acabam formando uma imagem distorcida do Altíssimo. “Temos de deixar Deus ser Deus. É preciso recebê-Lo tal qual Ele Se revela, não cedendo à tentação de construí-Lo, conforme nossos pressupostos culturais, a ponto de fabricar falsos deuses.”
Paiva lembra que a soberania de Deus é uma das doutrinas fundamentais da Bíblia e precisa ser levada em conta pelo cristão em seu cotidiano, em suas orações, em seu relacionamento com Ele. O pastor observa que esse princípio é tão basilar na fé cristã que, não por acaso, consta no Credo Apostólico, desenvolvido nos primeiros séculos da Era Cristã. Esse registro, explica ele, é um instrumento pedagógico desenvolvido pela Igreja antiga para resumir o conteúdo central da fé evangélica, a fim de defendê-la das heresias daquele período. O pregador, inclusive, salienta como essa confissão de fé se inicia: Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra. “A partir de então, a Igreja, amparada no Texto Sagrado, tem afirmado sua confiança no Deus Todo-Poderoso, Senhor de todas as coisas.”
“Livro de fé” – A Pra. Ivone Dias da Silveira, coordenadora e professora da Academia Teológica da Graça de Deus (Agrade) no Rio de Janeiro, também afirma que cabe ao cristão reconhecer a soberania do Senhor e saber que Ele é supremo e o único Criador de tudo o que há. Ela menciona ainda outro aspecto indissociável da identidade divina: Seu caráter trino. Para a docente, entender a santíssima Trindade é essencial para compreender as Escrituras em sua integralidade. Como exemplo, ela ressalta a passagem que abre o evangelho de João, em que o apóstolo se refere ao Filho como presente e participante na criação: No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez (Jo 1.1-3). “Mesmo que a razão humana possa não concordar, o Pai celeste reúne em Si três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. De forma racional, não há como compreender isso. Porém, a Bíblia é um Livro de fé, e não de ciência”, esclarece.
Segundo o Pr. Wagner de Oliveira Dias, líder da IIGD em Divinópolis (MG), para alcançar essa conexão com o Senhor, o crente em Jesus precisa orar e ler a Palavra. “Desse modo sabemos qual é a vontade dEle para nossa vida e podemos estar em Sua presença, desfrutando de tudo o que Ele tem preparado para nós”, destaca Dias, mencionando João 17.3: E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
Na visão do líder, além de conhecer os ensinamentos registrados na Bíblia, o cristão precisa experimentar e viver a manifestação do poder divino. Ele acrescenta que o servo do Senhor deve testemunhar Cristo em seu dia a dia, evidenciando assim, por meio de seu comportamento, sua vida com o Altíssimo. “Ao desenvolver um relacionamento pessoal com o Pai, mediante a obediência à Palavra, o crente consequentemente produz frutos espirituais.”
Base teológica – A orientadora pedagógica e professora da Agrade Cleopatra Aparecida Ramos frisa que a Igreja tem um papel imprescindível no auxílio aos irmãos em Cristo que anseiem pelo conhecimento de Deus. Segundo ela, é nesse ambiente espiritual que as pessoas, principalmente as que estão dando os primeiros passos na fé, são ajudadas nessa jornada pelo ensino das doutrinas bíblicas. “O recém-convertido deve ser bem acolhido a fim de que suas dúvidas sejam devidamente esclarecidas.”
Porém, Cleopatra ressalta que não só os novos na fé cristã se beneficiam do convívio em uma igreja saudável. Para ela, todo filho de Deus precisa ter uma boa base teológica. “Hoje há vários falsos teólogos que difundem seus ‘achismos’ a respeito da interpretação bíblica principalmente na internet”, alerta a orientadora, a qual denuncia que muitos são enganados e, por se guiarem por ensinamentos sem fundamentação na Palavra, desenvolvem um conhecimento distorcido acerca de Deus. “As igrejas precisam estar preparadas para refutar quaisquer conteúdos que não estejam respaldados nas Escrituras”, orienta ela, citando a passagem de 1 João 4.1: Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.
O Pr. Roberlan Julião da Silva, líder da Primeira Igreja Batista em Jardim Olavo Bilac, Duque de Caxias (RJ), faz coro com a orientadora pedagógica, e chama a atenção para outro perigo: muitas vezes, o ensinamento distorcido vem da igreja em que o cristão congrega. Silva aponta que, no caso do novo convertido, a Bíblia o trata como alguém que precisa de orientação em seus primeiros passos, conforme indica o texto de 1 Pedro 2.2 (Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que, por ele, vades crescendo). “O recém-convertido desenvolverá sua visão de Deus a partir do que ele ouve e vê na casa do Senhor”, assevera o ministro.
Por tal razão, a responsabilidade daqueles que estão nos púlpitos é muito grande. É o que pensa o Pr. Paulo César Lopes, líder da Igreja da Graça em Lavras (MG). O pregador aponta ser fundamental que exista, na congregação, uma liderança séria e comprometida com o Reino celeste a fim de que os membros desenvolvam um verdadeiro conhecimento sobre o Senhor. E, assim, afirma que só desse modo os crentes poderão acumular experiências de fé genuínas, imitando os exemplos dos homens de Deus do passado, como Noé, Abraão e Moisés. “Quando o Texto Sagrado usa a expressão ‘andar com Deus’, entendemos que se trata de um comportamento de alguém que, nos tempos atuais, ora, medita na Palavra e se consagra ao Senhor, pois são atitudes de quem O conhece.”
O Pr. Luiz Antônio dos Santos Silva, da Igreja do Evangelho Quadrangular em Santa Eugênia, em Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense, acrescenta que o conhecimento sobre o Onipotente faz os cristãos se envolverem mais com a Sua obra, conforme o apóstolo Paulo escreveu aos efésios: Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Ef 2.10). De acordo com o ministro, a vontade do Senhor é que todos O conheçam. “Faz parte do plano divino que o Eterno seja apresentado continuamente ao mundo. Por nosso intermédio, outros irão professar a fé em Cristo e trilhar pelo caminho do conhecimento e da comunhão com o Senhor”, conclui.
CONHECER MAIS E MAIS
A obra Tenha intimidade com Deus, de Kenneth W. Hagin, mostra o interessante contraste – presente nas Escrituras Sagradas – entre a ideia do Deus Todo-Poderoso, Criador de todo o Universo, e Seu desejo de Se aproximar do ser humano. Hagin demonstra, por meio da Palavra, que a comunhão com o Altíssimo só acontece quando alguém crê em Cristo como Salvador e, dessa forma, o Espírito Santo passa a habitar nele. Contudo, ele esclarece que o crente em Jesus precisa desejar, ardentemente, conhecer o Eterno mais e mais. A escolha do melhor modo de familiarizar-se com o Pai celestial é individual, porque o seu espírito tem que estar em contato pleno com Ele. Não é resultado do que há em sua mente nem do que você lê, mas é o seu espírito entrando em sintonia com o Espírito Santo. É aí que ocorre o conhecimento real de Deus (p. 12).
Também lembra que a intimidade com o Criador não tem a ver, necessariamente, com manifestações milagrosas espetaculares. Deus não opera apenas porque as pessoas vão à igreja para ver
milagres, mas quando os cristãos estão juntos para adorá-Lo em espírito e em verdade, sem se preocuparem com sinais e maravilhas (p. 17). Para o autor, quando as pessoas começam a ter intimidade com Deus e O adoram em espírito e em verdade, os sinais e as maravilhas ocorrem como consequência.
Kenneth enfatiza outro resultado dessa forte ligação com o Senhor: o amor pelos perdidos e a paz. Quando você se tornar íntimo de Deus, não ficará mais ansioso com relação ao seu ego ou com os bens materiais que possa conseguir, pois estará mais preocupado com aqueles que estão perdidos, morrendo, doentes e enredados em prisão satânica (p. 24). Além disso, realça que a intimidade com o Espírito Santo é a marca daqueles que não temem o dia de amanhã, mas avançam com Ele para o alvo. Torne-se íntimo do Pai celestial. Ele será real e ministrará em sua vida, e você não ficará desapontado (p. 47). (Evandro Teixeira).
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O conhecimento das Escrituras é uma ferramenta indispensável para o crescimento espiritual (Os 4.6).
Prossigamos em conhecer e ter comunhão com a palavra de Deus, através dos seus orientadores, professores e mestres.