Cultura & Cristianismo
15/06/2023Carta do Pastor à ovelha – 288
01/07/2023COMPARTILHE
Novas traduções
Os povos residentes das ilhas Ano-Bom e Bioko, na Guiné Equatorial, país da África Central de 1,7 milhão de habitantes, agora têm sua própria versão do Novo Testamento (NT) em língua crioula. O idioma, que surgiu do contato forçado entre colonizadores de Portugal e Espanha, é utilizado por cerca de dez mil indivíduos naquela região, principalmente em Ano-Bom.
Antes dessa tradução, que levou 15 anos para ser concluída, os falantes da língua tinham acesso apenas ao filme The Gospel of Luke (O Evangelho de Lucas), da produtora norte-americana LUMO (foto), dublado em crioulo. Essa versão do NT foi uma parceria entre a Promotora Espanhola de Linguística (PROEL) e a Sociedade Bíblica da Espanha, que mobilizaram missionários estrangeiros e obreiros locais para a empreitada.
As duas organizações também foram responsáveis pelo projeto de tradução do NT para a língua jebala, dialeto árabe usado no Noroeste do Marrocos. Entre os cerca de 7.200 idiomas falados no planeta atualmente, menos da metade possui alguma porção traduzida da Bíblia. Mais de 3.700 não têm sequer um trecho da Escritura Sagrada à disposição dos falantes. (Élidi Miranda, com informações de Evangelical Focus)
Milhares de mortos
Desde 2009, quando grupos islâmicos insurgentes iniciaram um projeto de tomada de poder na Nigéria, nação da África Ocidental de 230 milhões de habitantes, pelo menos 52 mil cristãos e 34 mil muçulmanos moderados foram violentamente assassinados. Esses dados fazem parte de um levantamento realizado pela Sociedade Internacional para Liberdades Civis e Estado de Direito (Intersociety), organização nigeriana de defesa dos direitos humanos, que se dedicou a monitorar e investigar a intolerância religiosa perpetrada no país desde 2010.
O relatório mostrou que 1.041 crentes em Jesus haviam sido mortos, de janeiro a abril de 2023, por grupos jihadistas formados por pastores seminômades da etnia fulani. No mesmo período, outros 707 foram sequestrados. Ainda de acordo com o documento, o radicalismo islâmico dominou o cenário político desde a ascensão ao poder do ex-presidente Muhammadu Buhari (foto), um extremista muçulmano que ocupou a presidência da Nigéria de 2015 a fevereiro deste ano. (Élidi Miranda, com informações de ACI África)
Torturas e abusos
Um grupo de 103 estudantes universitários cristãos foi preso na Eritreia, nação de 6 milhões de habitantes situada no Nordeste da África, por promover um culto na capital, Asmara, e postar imagens da reunião nas redes sociais. Os envolvidos foram levados para a prisão de segurança máxima Mai Serwa (foto de satélite), conhecida por manter os detentos em contêineres de metal superlotados, expostos ao Sol e em condições de higiene precárias.
Estima-se que existam, hoje, mais de 500 servos do Senhor presos indefinidamente na Eritreia sem direito à defesa ou a julgamento. O país é uma ditadura socialista, responsável pelas maiores violações de liberdade religiosa em toda a África. Cristãos não ligados à Igreja Ortodoxa, como os evangélicos, são vistos pelo governo de Asmara como disseminadores de ideologias capitalistas e agentes dos Estados Unidos infiltrados para tentar destruir o Estado eritreu. Por isso, são tratados como presos políticos e submetidos a torturas, muitos morrem sob custódia. (Élidi Miranda, com informações de International Christian Concern – ICC)
Violação da liberdade?
A Rússia, nação de 141 milhões de habitantes situada no Norte da Eurásia, transformou os cristãos evangélicos nos principais alvos de punição com base na atual legislação religiosa. As leis russas proíbem qualquer tipo de atividade missionária e, por esse motivo, mais de 150 grupos e indivíduos já foram processados apenas por demonstrarem sua fé publicamente. Destes, 50 eram cristãos pentecostais e 39, batistas.
Em um dos casos, o Pr. Mikhail Lipsky foi multado por promover atividade missionária considerada ilegal. A corte distrital da cidade de Bryansk (foto), no Leste da Rússia, acusou o líder de conduzir uma celebração religiosa em um auditório público. A presença de indivíduos não religiosos no evento e a distribuição de literatura cristã foram tidas como evidências de que o pastor desejava atrair pessoas para se juntarem à sua fé, segundo informou um jornal local. Em sua decisão, a corte considerou a ação do pregador passível de multa por promover o que chamou de implementação de atividade missionária, com violação da legislação sobre liberdade de consciência, liberdade de religião e de associação religiosa. (Élidi Miranda, com informações de Evangelical Focus)