
FÉ FRUTÍFERA
13/10/2025Danos à saúde
Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), lançado em agosto, aponta que a punição física imposta a crianças pode causar sérios prejuízos ao longo da vida. Entre os efeitos listados estão: danos à saúde mental e física, dificuldades no desenvolvimento cognitivo, problemas comportamentais e maior propensão a atitudes antissociais e agressivas. Segundo o documento Castigo corporal de crianças: impacto na saúde pública, estudos de neuroimagem [área da ciência que utiliza a tecnologia para visualizar e estudar o cérebro humano] sugerem que episódios de violência reduzem o volume da substância cinzenta cerebral em áreas ligadas ao desempenho cognitivo. A OMS cita ainda que agressões na infância estão associadas ao aumento de depressão, baixa autoestima, transtornos de ansiedade, automutilação, uso abusivo de álcool e drogas, além de tendências suicidas, que podem persistir na idade adulta.
Os dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), compilados no levantamento, mostram que 330 milhões de crianças menores de cinco anos sofrem castigos físicos regularmente todos os anos, justamente a faixa considerada mais vulnerável pelos especialistas. Hoje, 67 países – incluindo o Brasil – possuem leis que proíbem esse tipo de prática. (Patrícia Scott com informações de O Globo)
Fatores de risco

Encomendado pela empresa Vital Strategies e pela ONG ACT Promoção da Saúde, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que diminuir em 20% o consumo de álcool no Brasil – meta recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – poderia evitar 10,4 mil mortes por ano, o equivalente a uma vida salva a cada hora. Além do impacto direto na saúde, a medida representaria uma economia de 2,1 bilhões de reais contra perdas de produtividade, em virtude dos óbitos prematuros.
O consumo de álcool é considerado pela OMS um dos principais fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis, como câncer e problemas cardiovasculares. Em escala global, o álcool foi responsável por 2,6 milhões de mortes em 2020, aproximadamente 4,7% do total de óbitos registrados. De acordo com a instituição mundial, para reduzir, de maneira eficaz, o consumo de álcool e os danos relacionados à essa prática, é fundamental que um conjunto de políticas públicas seja adotado, entre elas o aumento em 50% nos impostos sobre bebidas alcoólicas e açucaradas e o tabaco nos próximos dez anos. (Patrícia Scott com informações de CNN Brasil)
Pulmão saudável

Cinco minutos com a Dra. Daniélle Amaro
Por Patrícia Scott
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que, de 2023 a 2025, surgiram 30,1 mil novos casos de câncer de pulmão por ano – sendo 18.980 em homens e 11.210 em mulheres. Segundo especialistas, um dos maiores desafios ainda é o diagnóstico tardio (feito em estágios avançados da doença), que reduz, de modo significativo, as chances de cura e de sobrevida. Em entrevista à Graça/Show da Fé, a oncologista Daniélle Amaro, cofundadora do canal Longidade, explica os principais fatores de risco, as formas de prevenção, os sintomas e o tratamento desse tipo de câncer.
Parar de fumar diminui o risco de câncer de pulmão?
Sim, bastante. No entanto, o pulmão não volta a ser igual ao de quem nunca fumou, porque parte do dano celular já ocorreu. Por isso, o acompanhamento médico e, em alguns casos, o rastreamento, permanecem importantes, mesmo para ex-fumantes.
Quais outros fatores contribuem para o aparecimento da doença, além do tabagismo?
Exposição à poluição do ar; contato com substâncias químicas no trabalho, como amianto e sílica; presença de gás radônio em alguns tipos de solo e construções; histórico familiar de câncer de pulmão e doenças pulmonares crônicas, como fibrose pulmonar.
Quais são os sintomas iniciais do câncer de pulmão?
Podem ser discretos, mas merecem atenção: tosse persistente ou diferente da habitual, sangue no escarro, falta de ar sem explicação, dor no peito, rouquidão, perda de peso sem motivo aparente e infecções respiratórias frequentes, como pneumonia ou bronquite.
Qual exame de rastreamento pode ser feito para detectar a doença precocemente?
Para pessoas de alto risco, fumantes e ex-fumantes com longa história de tabagismo, a recomendação é a tomografia computadorizada de baixa dose. É indicada, anualmente, para pacientes entre 50 e 80 anos, fumantes ativos ou que pararam de fumar há menos de 15 anos. Esse exame detecta nódulos muito pequenos, antes mesmo dos sintomas aparecerem, o que aumenta as chances de cura. O exame de raio-X de tórax não tem a mesma sensibilidade.
Quantos tratamentos estão disponíveis atualmente?
Além da quimioterapia tradicional, temos a imunoterapia – que estimula o sistema imunológico do paciente a combater o câncer – e as terapias-alvo, que atacam alterações genéticas específicas do tumor. Essas duas abordagens, em muitos casos, são mais toleráveis e ajudam o paciente a manter a qualidade de vida, mesmo durante o tratamento.
Como prevenir o câncer de pulmão?
Não fumar (se a pessoa já fuma, buscar ajuda para parar). Também é recomendável evitar ambientes poluídos ou com fumaça, praticar atividade física regularmente, manter uma dieta rica em frutas, verduras e alimentos naturais, além de realizar acompanhamento médico, especialmente aqueles com histórico de tabagismo ou de doenças respiratórias.