Heróis da Fé | Paul W. Brand
01/09/2022Família – 279
01/10/2022Tempos sinistros
Cresce o número de casais que dizem viver relacionamentos não monogâmicos, o que é condenado pelas Escrituras
Por Marcelo Santos
Trisal, poliamor, relacionamento aberto. Nos últimos anos, esses termos tomaram espaço nos diversos meios de comunicação, sobretudo nas redes sociais, dando conta do que seria a nova maneira de se envolver amorosamente. Tais “uniões” se baseiam em uma espécie de vale-tudo, desde que combinado previamente entre os participantes. Tempos sinistros nos quais alguns defendem que relações conjugais não deveriam ser apenas entre um casal, formado por um homem e uma mulher que se amam e querem construir uma vida juntos.
Se antes a presença de uma terceira pessoa na relação configurava adultério, agora alguns casais optam – em comum acordo – por estabelecer novas regras que excluem a fidelidade ao cônjuge. Um (mau) exemplo dessa prática veio à tona no segundo semestre de 2021, quando Will Smith, famoso ator de Hollywood, revelou que ele e sua esposa, a atriz Jada Pinkett Smith, mantinham um relacionamento nessas bases (movediças). Em entrevista à edição norte-americana da revista CQ, o ator disse que eles haviam deixado de viver um casamento monogâmico muitos anos antes e que cultivavam um relacionamento aberto ou não convencional. No Brasil, não faltam exemplos de casais, famosos ou não, adeptos de relacionamentos não convencionais.
Para o Pr. Eguinaldo Hélio de Souza, do Centro Evangelístico Vale da Bênção, em Araçariguama (SP), essas “uniões” antibíblicas nada mais são do que a progressão da iniquidade prevista por Jesus em Mateus 24.12 (E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará). “O casamento existe justamente para evitar a imoralidade sexual. É uma aliança da mesma categoria que as do homem com Deus, como vemos pelo uso da palavra hebraica berith, para se referir ao casamento”, afirma Souza, professor de Teologia e palestrante na área de vida matrimonial.
O ministro lembra que relacionamento aberto não atende aos anseios do ser humano, o qual necessita de companheirismo, segurança, intimidade emocional, confiança e fidelidade, valores que a libertinagem sexual nunca será capaz de dar. Para ilustrar seu posicionamento a respeito do assunto, Eguinaldo de Souza lembra que a Bíblia retrata a poligamia, como no caso de Salomão, que teve 700 esposas e 300 concubinas, como um erro apontado pela própria Palavra, a qual ressalta que a monogamia é a regra. “Como mostra o fato de Deus ter criado uma única esposa para Adão. As tolerâncias e exceções não definem a regra. Salomão transgrediu o padrão das Escrituras e pagou um preço por isso, bem como outros personagens bíblicos”, ensina Souza, lembrando que amar uma pessoa, com fidelidade, é uma bênção indizível. “A amizade, a comunhão e a segurança que vêm de um casamento onde o amor cresce e se aprofunda é uma experiência rica demais”, destaca ele, casado com a Pra. Lídia Hamon. [Leia, no final desta reportagem, o quadro Consequências do erro]
“Condenados por Deus” – O Pr. Gilson Bifano, presidente do Oikos, um dos mais antigos e relevantes ministérios de casais do país, é categórico. “Quando um homem ou uma mulher tem relações sexuais com outra pessoa, que não seja seu marido ou sua esposa, a Bíblia chama isso de adultério”, diz ele, acrescentando que esses relacionamentos abertos afastam o ser humano do plano original de Deus quanto à família e ao casamento.
Bifano, entretanto, chama a atenção da reportagem de Graça/Show da Fé para um fato preocupante: esse “novo” tipo de relacionamento, que nada mais é que o antigo adultério, agora com um verniz progressista e moderno, tende a se multiplicar e ser cada vez mais aceito pela sociedade. “Ouso afirmar que não somente essa prática vai se tornar comum como também tantos outros costumes, todos condenados por Deus. O casamento aberto é contrário ao plano dEle, porque Seu projeto é que a união matrimonial seja uma aliança, um pacto entre um homem e uma mulher somente”, ensina.
O líder do ministério Oikos assinala que a Bíblia demonstra claramente o fracasso das uniões poligâmicas – descritas no Antigo Testamento – e lembra que não há exemplos de casamentos múltiplos no Novo Testamento. “Uma relação monogâmica deve ser alimentada com o temor de Deus e o desejo de fazer Sua vontade. Com amor, haverá tolerância, compreensão, perdão, romantismo, amizade e sacrifício. Tudo isso é solo fértil para viver uma relação monogâmica feliz e abençoada”, reforça Bifano.
A Pra. Rosa Maria Dantas, 51 anos, da sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus em São Paulo, conhece bem os problemas dos casos extraconjugais e dos relacionamentos abertos. Ela atende e aconselha casais há mais de duas décadas, e muitos relatam situações desse tipo. “Meu conselho sempre foi para que abrissem mão desse caminho e buscassem a Palavra de Deus, para que houvesse cura. Isso é uma questão espiritual, da alma. E tudo o que ocorre dentro de nós precisa do cuidado e da ação do Senhor”, assegura.
A pastora se recorda da história de um dos casais que aconselhou: tanto o marido quanto a mulher passaram a se relacionar com diversas pessoas, e, como resultado, a esposa teve sérios problemas psicológicos, entre eles, depressão. “Ela havia concordado [com aquela prática], mas, depois, sentiu as consequências. Eles tinham um filho pequeno, e o marido teve de cuidar do menino sozinho, porque ela estava impossibilitada. Hoje, essa mulher está parcialmente recuperada”, lamenta-se Rosa Dantas, assinalando que a Bíblia condena esses modelos em questão, mesmo porque eles geram feridas profundas. “São situações de degradação. Quando alguém admite uma ligação assim, dá legalidade para o inimigo perturbar o corpo, a alma e a mente, afetando sua vida espiritual e até mesmo financeira.”
Entretanto, quando o casal decide se arrepender e dar ouvidos à Palavra, vem a libertação, e acontece a restauração do casamento. O porteiro Clébio Barros Souto, 37 anos, e sua esposa, a dona de casa Cleide Costa da Silva, 33, são um exemplo. Juntos há 14 anos e casados legalmente há 3, eles viveram vários problemas decorrentes da infidelidade. “Eu era uma pessoa agressiva, que não respeitava minha esposa. Tive situações de traição”, admite Clébio.
Como consequência da infidelidade, em 2018, Cleide resolveu abandonar o marido. Na época, eles tinham dois filhos, Pedro Henrique, hoje com 13 anos, e Sara, 8. “Quando isso aconteceu, fiquei desesperado. Procurei ajuda e me indicaram a Igreja da Graça. Foi quando conheci a Pra. Rosa [Maria Dantas]. Ela me orientou e orou comigo. Eu me converti, fui batizado nas águas e coloquei em oração toda a situação que vivia no meu casamento”, conta Clébio. Sua transformação e os conselhos da pastora fizeram com que Cleide mudasse de ideia e voltasse para casa. Além disso, ela se converteu ao Evangelho. Hoje, o casal tem mais um filho, Samuel, de dois anos. “Manter outra pessoa no casamento é algo mundano; não agrada a Deus e acarreta problemas. Sou muito feliz com a vida que tenho”, celebra Clébio, obreiro na sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus em São Paulo.
Pastora na área de casais da Comunidade Manancial da Vila Formosa, na zona leste da Capital paulista, Giselda Roseiro, 44 anos, a Pra. Gi, como é conhecida, cita dois textos do Novo Testamento os quais tratam da fidelidade e da monogamia no casamento. O primeiro é Efésios 5.31: Por isso, deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e serão dois numa carne. “Não diz às suas mulheres”, alerta a líder, destacando outra passagem bíblica, a de 1 Coríntios 7.2: […] cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido.
A ministra lembra que os atos de obediência de hoje terão impacto sobre as próximas gerações. “Precisamos entender que somos exemplos para nossos filhos. Quando somos fiéis a Deus e à nossa família, eles aprendem conosco e, consequentemente, vão procurar fazer o mesmo, pois verão que deu certo, que foram abençoados”, afirma. Roseiro assinala que, se não existe o relacionamento conjugal perfeito, também é fato que viver sob o modelo instituído pelo Senhor é melhor do que escravizado pelas regras do mundo. “Muitos dizem que a família é uma instituição falida. Mas eu posso garantir que isso não é verdade. A família que procura andar segundo o padrão de Deus será feliz e abençoada.”
Consequências do erro
A Palavra de Deus apresenta vários exemplos de uniões poligâmicas e consequências desastrosas.
Abraão – Em Gênesis 16, a Bíblia informa que Sara não gerava filhos para seu marido, Abraão. Por essa razão, tomou sua serva egípcia, Agar, e a ofereceu ao esposo como concubina. Agar deu um filho a Abraão chamado Ismael. Anos depois, no entanto, Sara engravidou de Isaque, e Agar acabou sendo expulsa da família com seu filho (Gn 21), dando origem ao constante conflito de dois povos. Segundo os historiadores, Ismael é pai do povo árabe, enquanto os judeus descendem de Isaque.
Davi – Em 1 Crônicas 3, as Escrituras mostram que Davi foi um homem polígamo. Ele teve oito esposas e muitas concubinas. Embora a Lei de Moisés proibisse que o rei de Israel tomasse várias esposas para si (Dt 17.17), Davi desconsiderou esse mandamento. Um dos resultados mais emblemáticos foi a morte de seu primeiro filho com Bate-Seba (2 Sm 12) e os conflitos entre seus herdeiros (2 Sm 13).
Salomão – Em 1 Reis 11, a Bíblia informa que o rei Salomão teve muitas mulheres estrangeiras, e elas lhe perverteram o coração. Com isso, o homem mais sábio do mundo se afastou da fé e seguiu outros deuses. A fim de agradar às suas mulheres estrangeiras, construiu altares para que elas pudessem oferecer incenso a eles, o que ocasionou a ira do Senhor sobre o rei.
(Fonte: Bíblia Sagrada)