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11/02/2025
Presidente da AMTB exalta avanço das missões transculturais no exterior
14/02/2025
Por Lilia Barros
A vida de Jesus é um divisor de águas na história da humanidade. Para bilhões de pessoas, Ele é o Deus encarnado que veio ao mundo para nos salvar. E mesmo muitos daqueles que não O aceitam como Salvador e Senhor são impactados por Sua influência – sentida no planeta há mais de dois mil anos. Nascido em Belém, uma pequena cidade da Judeia (atual Cisjordânia), uma das menores localidades da época, trabalhou como carpinteiro, profissão também de José, seu pai adotivo e esposo de sua mãe. Jesus Cristo experimentou as emoções e os sofrimentos típicos de qualquer ser humano, mas também demonstrou, por meio de curas e milagres, o poder de Deus. Viveu por 33 anos, três deles dedicados ao Seu ministério público, tempo suficiente para que as complexidades da Sua essência humana e Seu comprometimento com a obra do Pai desencadeassem questionamentos sobre a Sua verdadeira identidade.
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Foto: Arquivo pessoal
O teólogo batista Lourenço Stelio Rega esclarece que a dupla natureza de Jesus Cristo está inserida em Seu próprio nome. “É tanto nome quanto título, ou seja: humano e divino. Jesus é nome, Cristo é o título que vem do grego christos, sendo este uma transliteração para o alfabeto latino, que significa ungido”, ensina o estudioso, mestre em Teologia e em Educação e doutor em Ciências da Religião. Ele explica ainda que o termo grego christos é a tradução do hebraico mashiach, que também quer dizer ungido. “O Ungido de Deus é o Messias. Assim, Jesus Cristo é uma expressão que significa Jesus, o Ungido ou Messias.”
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Foto: Arquivo pessoal
Mesmo diante da inegável prova de que os ensinamentos de Cristo – espalhados ao longo de mais de 20 séculos no globo terrestre – sejam suficientemente poderosos para provar a Sua proeminência, o pastor batista Kenneth Scott Latourette (1884-1968), professor de História do Cristianismo na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, fez questão de definir o que torna Jesus tão notável. É uma combinação dos ensinamentos dEle com Sua pessoa. Os dois elementos não podem ser dissociados. Deve estar claro, para qualquer leitor atento dos registros do Evangelho, que Jesus considerava Sua mensagem como impossível de ser destacada de Si mesmo […] Ele foi um grande mestre, mas não apenas isto. Seus ensinos acerca do Reino de Deus, da conduta humana, e acerca de Deus, eram muito importantes, mas não poderiam ser divorciados dEle sem que, segundo Sua opinião, fossem distorcidos. […] E, à medida que se passam os séculos, estão aumentando as evidências de que, se analisado pelo Seu efeito sobre a História, Jesus foi a personalidade mais influente que viveu neste planeta. E Sua influência parece estar-se alargando.
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Foto: Arquivo Graça / Solmar Garcia
Divindade questionada – O Pr. Joarês Mendes, emérito da Primeira Igreja Batista em Jardim Camburi, Vitória (ES), lembra que, em todo Antigo Testamento, há referências à idolatria dos judeus, de quando deixavam Deus de lado e faziam e adoravam ídolos. “Era um povo praticamente politeísta porque adorava outros deuses. Mas, com a ida para a Babilônia, e os 70 anos de exílio, os judeus foram curados completamente da idolatria. Eles se tornaram radicais quanto ao fato de que só existe um Deus. Era essa a cultura na época em que Jesus exerceu o ministério dele: eles entendiam que Deus era um só”, elucida Mendes, acrescentando que, quando Jesus afirmava ser Deus, muitos judeus não conseguiam associá-Lo ao Deus Pai, pois não compreendiam que Ele era o Messias prometido no Antigo Testamento.
O ministro batista observa que alguns grupos judaicos não aceitavam que Deus pudesse Se tornar homem, já que a divindade era vista como algo além da humanidade. E, segundo o líder, mesmo diante dos milagres de Jesus, os judeus O consideravam como alguém que recebeu poderes sobrenaturais. Joarês Mendes destaca ainda que essa percepção judaica foi reforçada pelo gnosticismo – uma crença herética que defendia a ideia equivocada de que a matéria era incompatível com o espírito, tendo aquela como algo negativo. Dentro dessa visão, Deus jamais poderia Se tornar carne.
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Foto: Arquivo pessoal
Ao tratar do tema, o Rev. Eber Cocareli, apresentador do programa Vejam Só!, cita alguns episódios significativos, registrados nos evangelhos, os quais demonstram porque as pessoas daquele tempo achavam difícil crer na divindade de Cristo. Ele menciona, por exemplo, que, após a ressurreição de Lázaro, os líderes religiosos tramaram a morte tanto de Jesus quanto do irmão de Maria e Marta, porque vários judeus haviam testemunhado o milagre. “Como alguém que não fosse Deus poderia curar um cego de nascença que nunca havia enxergado?”, diz Cocareli, comentando também o fato de que, na cerimônia da circuncisão de Jesus, os profetas Simeão e Ana O reconheceram (Lc 2.21-38), mas as pessoas de Nazaré, que O conheciam desde a infância, rejeitaram Sua mensagem, Sua divindade e Seus ensinamentos. Nos dias atuais, para muitos, inclusive os judeus, tal rejeição permanece. “Embora as narrativas bíblicas tenham o crédito de levar alguém a conhecer as nuances de Jesus, o Evangelho e as epístolas não foram escritos para que possamos conhecer os detalhes da alma de Cristo, mas com o objetivo central de gerar fé”, salienta Eber.
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Fora dos padrões – O teólogo Wagner Escatamburgo frisa que Jesus utilizava os pergaminhos sagrados, cujos textos contêm referências suficientes para que qualquer pessoa entenda a encarnação e a missão redentora dEle. “Cristo usou esses textos para atestar a Sua identidade, destacando que as Escrituras já O mencionavam”, assegura o estudioso, assinalando que o Senhor passou a ser visto de maneira única quando, em um sábado, chegou a Nazaré, foi à sinagoga e proclamou que a profecia de Isaías estava sendo cumprida (Lc 4.16-21). “Ele ensinava com autoridade, de modo diferente dos outros mestres. A passagem bíblica de Marcos 6.1-4 relata a surpresa do povo ao ter contato com a sabedoria do Salvador, e até tentaram desprezá-Lo por ser carpinteiro”, diz o especialista, evidenciando que as profecias já haviam indicado que Sua origem e Seu nascimento seriam extraordinários, fora dos padrões humanos (Is 9.1-7), confirmados pelos evangelhos e proclamados pelos anjos (Lc 2.8-20).
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Foto: Arquivo pessoal
Escatamburgo aponta que os relatos bíblicos comprovam a união hipostática – termo teológico que descreve a união das naturezas divina e humana de Jesus em uma única pessoa. “Como homem, Ele precisou jejuar, sentiu fome e cansaço, chorou, e foi tentado na carne e na alma”, enumera o teólogo. Porém, de acordo com o estudioso, Jesus também manifestou a Sua divindade: “Ele foi o Verbo encarnado (Jo 1.1-3). Antes de Abraão, Ele já era o ‘Eu Sou’ (Jo 8.56-58) e orou ao Pai por Sua glorificação (Jo 17.5), permitindo ser adorado (Mt 15.25; 28.17; Jo 9.38)”. O teólogo sublinha que em Cristo habita corporalmente toda a plenitude divina (Cl 2.9).
Por sua vez, o Pr. Enilson Romeu da Silva, líder regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Santa Cruz do Sul (RS), menciona algumas características de Jesus. “A personalidade dEle é marcada por humildade, compaixão e preocupação”, declara o ministro, recordando que Cristo viveu como um filho de carpinteiro, sem nenhuma riqueza ou qualquer poder político. “Como homem, Ele mostrou à humanidade que poderia amar as pessoas mesmo nos momentos mais difíceis. E, como Deus, sabia que tudo estava em Suas mãos, que teria a capacidade de cumprir o Seu propósito abençoador.”
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Foto: Arquivo pessoal
Provas contundentes – Segundo o Pr. Eduardo Santos, líder distrital da Igreja da Graça em Brasília (DF), a mudança na forma de enxergar Jesus, além de Sua humanidade, deu-se por vários fatos capazes de encerrar quaisquer dúvidas a respeito dEle. “Os sinais e prodígios manifestos por Jesus revelam que Ele foi mais do que um carpinteiro”, afirma o ministro, observando que, ao longo dos séculos, grandes homens surgiram, mas nenhum deles manifestou tamanha divindade. “E, mais que isso, somente o Salvador ressuscitou dentre os mortos. Todos esses aspectos ajudam a formar a compreensão teológica de Jesus como plenamente humano e divino.”
Eduardo Santos diz ainda que o Antigo Testamento apresenta diversas profecias que foram cumpridas em Cristo e, além disso, o Novo Testamento registra que as comunidades de fé reconheceram Jesus como o Messias, o Filho de Deus aguardado pelos judeus. “O reconhecimento da divindade dEle ocorreu a partir de Seus ensinamentos, das curas que realizava e das ressurreições operadas por Suas mãos”, cita o líder, indicando que há provas cabais da existência de Cristo. “A Ciência pode fortalecer a credibilidade dos relatos acerca de Jesus. Pesquisas históricas e arqueológicas fornecem contexto sobre Sua vida e Seu ministério. Tais descobertas confirmam eventos, locais e práticas da época que dão crédito aos relatos bíblicos acerca da pessoa de Jesus.”
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Foto: Arquivo pessoal
O Pr. Adalberto Rodrigues de Carvalho, líder estadual da Igreja da Graça em Macapá (AP), esclarece que há várias passagens bíblicas contundentes que demonstram o propósito do Rei dos reis e Sua dupla natureza como homem e Deus. “Durante a tentação, no pináculo do templo, o diabo O desafiou a pular se fosse o Filho de Deus. Jesus poderia ter pulado, e nada aconteceria, mas respondeu: Não tentarás o Senhor, teu Deus (Mt 4.7). Em momento algum, Ele Se exaltava. Mesmo quando podia mostrar o Seu poder em certas ocasiões não o fez”, recorda o ministro, ressaltando que o Filho do Altíssimo agiu assim porque veio com o propósito de salvar a humanidade. “[Jesus] Sabia que tinha de Se entregar e passar pelo sofrimento humano por amor a cada um de nós”, lembra o pastor, destacando que Jesus Se apresentou como Deus e deixou isso claro em Suas ousadas pregações: Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai (Jo 8.19b); E quem me vê a mim vê aquele que me enviou (Jo 12.45); Aquele que me aborrece aborrece também a meu Pai (Jo 15.23); Quem não honra o Filho não honra o Pai, que o enviou (Jo 5.23).
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Foto: Divulgação / BGEA
O evangelista batista norte-americano Billy Graham (1918-2018) escreveu em 2016, no site da associação que leva seu nome, ao responder à pergunta de um internauta o que tornava Jesus diferente de outros líderes religiosos: Jesus não era apenas mais um líder religioso ou filósofo — e a razão, diz a Bíblia, é porque Ele era Deus em forma humana. Em outras palavras, quando Jesus nasceu, o próprio Deus estava assumindo a carne humana e Se tornando um homem. Pense nisso: quando Jesus andou nesta terra, o próprio Deus estava vivendo entre nós! […] Como diz a Bíblia: é imagem do Deus invisível[…] porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse (Cl 1.15-19). Mas isso é verdade? Sim, é — e isso faz toda a diferença. Por Seu nascimento virginal… por Seus milagres… por Sua pureza e Seu amor… e por Seus ensinamentos, Jesus demonstrou Sua natureza divina. Mas Ele provou isso acima de tudo por Sua ressurreição dos mortos. É por isso que somente Ele pôde dizer: Eu e o Pai somos um(Jo 10.30).