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Maioria evangélica se consolidará em sete estados brasileiros até 2026; pastores e teólogos destacam a atuação da Igreja nessas localidades

Protestant celebration at the Zenith of Strasbourg. Worshipper. Strasbourg. France.

Foto: Godong Photo / Adobe Stock

Por Evandro Teixeira

O avanço da população evangélica no Brasil continua a redesenhar o cenário religioso do país. É o que revela o estudo Vai na fé! O impacto eleitoral do crescimento dos evangélicos, elaborado pela gestora de recursos Mar Asset Management. A pesquisa projeta que, até 2026, sete estados brasileiros terão maioria evangélica (um percentual acima dos demais grupos religiosos), com destaque para Rondônia e Amazonas, onde os fiéis devem representar 58% dos habitantes. A tendência se estende ao Amapá (53%), Espírito Santo (52%), Acre (51%), a Goiás (47%) e ao Rio de Janeiro (46%). Em âmbito nacional, a previsão é de que os crentes representem 35,8% da população já no próximo ano. O levantamento mostra ainda o crescimento no número de seguidores de Jesus em todas as regiões: o Norte alcançou o maior índice (48%), seguido pelo Centro-Oeste (43%), Sudeste (38%), Sul (31%) e Nordeste (29%).

Ao analisar o estudo, o teólogo e escritor Gutierres Fernandes Siqueira exalta “a forte presença das comunidades cristãs por meio de suas atividades missionárias e evangelizadoras”
Foto: Divulgação

Para o teólogo e escritor Gutierres Fernandes Siqueira, essa análise indica, com riqueza de detalhes, o considerável alcance das igrejas no país. Referindo-se aos estados mencionados na sondagem, o estudioso enumera os motivos do aumento de evangélicos nas localidades destacadas. “A forte presença das comunidades cristãs por meio de suas atividades missionárias e evangelizadoras é um desses elementos”. Ele sinaliza que a Igreja Evangélica não só tem sido capaz de entender quais são as demandas existenciais e sociais da população local, como também de adaptar a linguagem e a liturgia à realidade sociocultural regional, produzindo, assim, uma identificação imediata.

A teóloga Patrícia Fratucci Santos diz que é evidente a crescente adesão à fé evangélica, a qual pode ser percebida nos mais diversos setores da sociedade
Foto: Arquivo pessoal

Siqueira afirma que, nos estados do Amazonas e de Rondônia, por exemplo, as igrejas pentecostais vêm desenvolvendo, ao longo das últimas décadas, um trabalho de evangelização que leva a Palavra de Deus aos lugares mais isolados. Em relação ao Rio de Janeiro e ao Espírito Santo, ele avalia que, devido à urbanização acelerada, as questões socioeconômicas têm favorecido o crescimento do neopentecostalismo. Nesse contexto, além do cuidado espiritual, as congregações oferecem respostas para os problemas cotidianos – como o alto índice de violência urbana –, gerando reflexos sociais claros. “Há um evidente fortalecimento das redes de solidariedade, principalmente em comunidades periféricas e vulneráveis”, declara Gutierres Siqueira, autor do livro Quem tem medo dos evangélicos?. Na obra, ele desmistifica percepções errôneas sobre a fé desse grupo, dá exemplos da participação dos crentes na sociedade e cita fatos históricos que dão a dimensão do papel deles nas comunidades brasileiras.

O Pr. Adson Aguiar declara: “Apesar do baixo índice no Nordeste, a presença evangélica é notória e pode proporcionar influências em algumas áreas”
Foto: Arquivo pessoal

Alcance evangélico – Patrícia Fratucci Santos, teóloga e mestranda em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, reforça que esse crescimento numérico implica ampliação da influência evangélica, inclusive em projetos sociais. “Vinculados às igrejas, podem ser desenvolvidos programas de assistência a dependentes químicos, distribuição de alimentos e amparo a famílias em situação de vulnerabilidade social, além da oferta de cursos profissionalizantes”, elenca a acadêmica, reafirmando a importância das comunidades evangélicas, especialmente as de orientação pentecostal e neopentecostal, como a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD).

Entre os principais elementos que apontam essa expansão, Patrícia Santos cita os inúmeros templos abertos em diferentes regiões do país, principalmente em áreas urbanas periféricas e no interior. Segundo ela, é evidente a crescente adesão à fé evangélica, a qual pode ser percebida nos mais diversos setores da sociedade. A teóloga defende que os programas de TV, o rádio e as mídias digitais que pregam a Palavra têm sido eficazes porque reforçam o crescimento desse segmento em muitos lugares. No entanto, ela chama a atenção para a relevância de ensinar a Bíblia aos recém-convertidos. “As igrejas se adaptaram à era digital, mas, além do contato virtual, é primordial haver um acompanhamento desses novos crentes, a fim de garantir uma solidez teológica.”

O Pr. Denilson Silva alerta: “Precisamos mostrar os sinais do Evangelho, como curas, libertações e milagres”
Foto: Arquivo pessoal

Ao avaliar os resultados da pesquisa da Mar Asset Management, o Pr. Adson Aguiar, líder da Igreja Tabernáculo de Deus em Jardim Guandu, Nova Iguaçu (RJ), observou que os estados nordestinos – com características e tradições religiosas bem específicas – podem impactar o resultado do levantamento. “Um dos traços mais marcantes da população é justamente a religiosidade, sobretudo no interior, onde há cidades pouco desenvolvidas”, expõe Aguiar, acrescentando que, por isso, as atividades das congregações cristãs – independentemente de onde atuem – não devem se limitar aos cultos. “Além do lado espiritual, é preciso atentar para o cuidado social”, atesta o ministro, mencionando que muitos ministérios evangélicos oferecem cursos de alfabetização e atendimentos terapêuticos.

O Pr. Maiquel Marques destaca a importância de a Igreja da Graça contar com diferentes canais de comunicação e, assim, contribuir de maneira decisiva para o crescimento dos evangélicos
Foto: Arquivo pessoal

O pregador levanta outra questão: mesmo havendo missionários e evangelistas atuando nessas localidades, eles enfrentam certa resistência das pessoas, as quais se recusam a mudar de religião, mesmo que não sejam praticantes da fé que dizem professar. “Apesar do baixo índice no Nordeste, a presença evangélica é notória e pode proporcionar influências em algumas áreas.”

Evangelismo estratégico – Há dez anos atuando como líder estadual da Igreja da Graça no Acre, o Pr. Denilson Silva conhece bem o processo de crescimento dos evangélicos no estado e observa que a IIGD tem contribuído bastante para esse aumento. O ministro lembra que, mesmo estando presente nos principais canais de comunicação, como televisão, rádio e internet, a Igreja da Graça não abre mão do evangelismo tradicional. Por essa razão, as equipes de voluntários realizam visitas em hospitais, presídios e pregam as Boas-Novas nas praças públicas. Segundo o líder, por atuar em um estado com um alto percentual de evangélicos, a responsabilidade é ainda maior. “Precisamos mostrar os sinais do Evangelho, como curas, libertações e milagres,” afirma.

A Pra. Juliana Viana de Sousa Barbosa opina que a melhor estratégia para manter esse crescimento numérico é potencializar a evangelização
Foto: Arquivo pessoal

Assim como seus colegas de ministério, O Pr. Maiquel Marques, líder estadual da IIGD no Rio de Janeiro, destaca a importância de a Igreja da Graça contar com diferentes canais de comunicação e, assim, contribuir de maneira decisiva para o crescimento dos evangélicos. Ele cita a força do programa Show da Fé, transmitido pela Band, Rede TV! e Rede Internacional de Televisão (RIT TV), todas de alcance nacional. “Tem havido uma alta significativa de novas denominações em nosso estado. Mas, mesmo assim, recebemos muitas pessoas durante a semana, principalmente aos domingos”, comenta Marques, indicando que a estratégia de comunicação adotada pela Igreja da Graça tem ampliado significativamente a mensagem do Evangelho no Rio de Janeiro. “Na TV e no rádio, por exemplo, o trabalho não é voltado apenas para a sede estadual. Durante as programações, os líderes regionais e locais têm a oportunidade de pregar e convidar o público para visitarem suas respectivas Igrejas.”

O líder da IIGD fluminense salienta que grupos fazem evangelismo nas ruas todos os dias da semana, e, uma vez por mês, acontece uma mobilização em massa. Ele frisa que esse modelo, seguido por todas as Igrejas do estado, inclui a evangelização nos cursos do projeto Graça em Ação. “Como a maioria dos alunos é formada por não crentes, a liderança aproveita para evangelizar. Antes de cada aula, fazemos uma oração e semeamos a Palavra.
Temos lindos testemunhos daqueles que se tornaram membros da Igreja”, destaca o pastor, relatando que esse trabalho evangelístico é fortemente divulgado nas redes sociais da Igreja da Graça.

O Pr. Márcio Gonçalves reforça que a Igreja da Graça precisa manter também as ações realizadas nos moldes antigos: “Temos de ir ao encontro dos que não estão conectadas a essas tecnologias”
Foto: Arquivo pessoal

Ações presenciais – A Pra. Juliana Viana de Sousa Barbosa, líder estadual da IIGD em Goiás, concorda com o Pr. Maiquel Marques e afirma que a melhor estratégia para manter esse crescimento numérico é potencializar a evangelização. Ela ressalta que tem se dedicado a propagar a mensagem da cruz, e, por isso, orienta os obreiros a anunciar Jesus de porta em porta, diariamente, convidando os moradores para irem à casa de Deus receberem assistência espiritual, oração e direcionamento bíblico. Uma vez ao mês, é realizado um esforço evangelístico no qual a equipe da sede da IIGD, em Goiânia, sai pelas ruas proclamando a Palavra e orando, inclusive, pelos enfermos nos hospitais. Esse mesmo modelo de trabalho, pontua ela, é seguido pelos líderes locais. “Temos nos empenhado em cumprir a ordem do Senhor de levar as Boas-Novas a todas as criaturas em nosso estado.”

Por sua vez, o Pr. Márcio Gonçalves, líder estadual da Igreja da Graça no Espírito Santo, vem percebendo um ambiente receptivo à evangelização nas terras capixabas. Ele comenta que, embora acredite na eficiência das mídias digitais, a IIGD precisa manter as ações realizadas nos moldes antigos: abordando as pessoas em seus lares. O ministro sublinha que, no Espírito Santo, a evangelização ocorre em conjunto com ações assistenciais visando os menos favorecidos. “Temos de ir ao encontro dos que não estão conectados a essas tecnologias”, reforça.

O Pr. Gilberto Corrêa de Andrade acredita que unir o virtual ao presencial é imprescindível para que a igreja possa obter resultados melhores em suas ações evangelísticas
Foto: Arquivo pessoal

Já o Pr. Gilberto Corrêa de Andrade, líder da Assembleia de Deus em Presidente Prudente (SP), acredita que unir o virtual ao presencial é imprescindível para que a igreja possa obter resultados melhores em suas ações evangelísticas. “As comunidades cristãs vêm fazendo um trabalho extraordinário. Até porque, muitas vezes, precisam entender as necessidades locais e se adaptar.” Andrade acrescenta que, em razão desse progresso, o Evangelho está atingindo diferentes camadas sociais e, dessa maneira, provando que a Palavra de Deus tem espaço e é aceita em todos os segmentos da sociedade.


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