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Heróis da Fé | Selina Hastings – 291

Fotos: National Portrait Gallery / Wikimedia

Tudo pelo Reino

Rica e aristocrata, Selina Hastings empregou todos os seus recursos para promover a causa do Evangelho

Por Élidi Miranda*

No século 18, as mulheres tinham pouca ou nenhuma influência nas igrejas da Inglaterra. Porém, Selina Hastings (1707-1791), condessa de Huntingdon, era uma exceção. Não por acaso, ao se referir a ela, o próprio rei George III (1738-1820) afirmou: Quisera haver uma Lady Huntingdon em todas as dioceses do meu reino. O monarca tinha razão. Figura notável do avivamento evangélico na Inglaterra daquele século, ela colocou a própria vida, os bens e os talentos a serviço de Cristo, trabalhando incessantemente pelo avanço do Reino de Deus. 

Selina Shirley, seu nome de solteira, nasceu em uma família aristocrática de Leicestershire, na região central da Inglaterra. Casou-se em 1728 com Theophilus Hastings, conde de Huntingdon, com quem viveu anos de notória felicidade conjugal. Suas cartas revelam o amor que nutria pelo marido e pelos sete filhos, todos nascidos nos primeiros dez anos de matrimônio.

Tal alegria, no entanto, era prejudicada por persistentes problemas de saúde, que a forçavam a passar muito tempo nas fontes termais de Bath, cidade no Sul da Inglaterra. Essa condição era apenas um aspecto do seu descontentamento geral.

Infeliz consigo mesma, Selina não encontrava alívio no cristianismo, o qual tentava viver frequentando a igreja e praticando atos de caridade. Faltava-lhe, entretanto, uma compreensão clara do evangelho da graça de Deus. Então, em 1739, sua cunhada Margaret lhe explicou como encontrar paz e segurança: crendo que o Salvador havia vencido a batalha que a condessa acreditava poder travar sozinha.

Margaret encaminhou Selina a alguns jovens pastores, conhecidos como metodistas, dada a disciplina e o método com que desenvolviam a vida cristã. Sob os ensinamentos deles, a fé da nobre senhora progrediu bastante. E não demorou para que ela se entregasse avidamente à causa de Cristo.

Porém, a conversão de Selina ao metodismo foi vista com desaprovação por muitos dos seus familiares, os quais consideravam aqueles pregadores como um bando de fanáticos. Sete anos depois, sua filha Elizabeth, então com 15 anos, começou a se queixar de que a mãe havia se tornado justa demais.

John Wesley (1703-1791)
Foto: National Portrait Gallery / Wikimedia

Mesmo em meio às críticas, Selina perseverou. John Wesley (1703-1791) e o irmão, Charles (1707-1788), fundadores do metodismo, tornaram-se alguns de seus amigos mais próximos. A condessa de Huntingdon foi a primeira pessoa a incentivar John a pregar ao ar livre, fora dos púlpitos, indo aonde o povo estava. Entretanto, ele objetou: Eles já não têm igrejas e ministros? E ouviu de
Selina: Têm igrejas, mas nunca vão a elas! E ministros, mas raramente ou nunca os ouvem! Talvez possam ouvir você. John seguiu o conselho da amiga e, em 1742, iniciou um ministério de pregação itinerante.

Depois da morte do marido, em 1746, Selina viveu exclusivamente para o Reino, exercendo o seu testemunho pessoal e usando os bens e a influência que tinha para a propagação do Evangelho. Com isso, mandou construir diversas capelas, em diferentes cidades, com o objetivo de promover a pregação da Palavra de Deus. Eventualmente, acabou se afastando de alguns ensinamentos de John Wesley, desenvolvendo laços mais estreitos com outro pregador inglês, George Whitefield (1714-1768), a quem nomeou como seu capelão em 1748.

A aristocracia era avessa ao metodismo, mas estava aberta às pregações de Whitefield. Dessa forma, Selina usava sua influência para persuadir quantos pudesse para ouvirem o pregador. A paixão motriz da vida da condessa, segundo sua biógrafa, Faith Cook, sempre foi um zelo pela salvação de seus servos, de seus conhecidos, de sua família e da nobreza.

George Whitefield (1714-1770)
Foto: Harvard Art Museums / Wikimedia

Conexão Huntingdon Contudo, à medida que a Igreja da Inglaterra (anglicana) reforçava suas regras para impedir que pastores dissidentes, como Wesley ou Whitefield, obtivessem licença para pregar nas igrejas oficiais, Selina encontrou uma lacuna na legislação para franquear aos evangelizadores os púlpitos de suas capelas privadas. Valendo-se de tal prerrogativa, mandou construir outras igrejas, nas quais, semanalmente, milhares de pessoas se reuniam para assistir aos cultos ministrados por pregadores independentes.

Ao final da vida, Lady Huntingdon tinha 64 capelas cadastradas em seu nome. Porém, isso lhe custaria uma decisão muito difícil: separar-se oficialmente da Igreja da Inglaterra – algo que nunca desejara fazer, mas que se tornou inevitável, dada a oposição de muitos bispos ao que ela promovia nas capelas de sua posse. Desse modo, Selina deu início ao movimento que ficaria conhecido como Conexão da Condessa de Huntingdon, sua própria sociedade de pregadores ingleses.

No entanto, esses ministros dissidentes enfrentavam outro obstáculo: não eram admitidos na maioria das faculdades e seminários ligados à Igreja da Inglaterra e, portanto, não tinham educação teológica adequada. Selina procurou remediar essa situação, abrindo, em 1748, a própria escola, a Trevecca College, no País de Gales. A condessa não só custeou toda a obra, como também passou a maior parte do tempo na faculdade, seguindo uma rotina diária rígida e cuidando dos alunos como se fossem seus filhos.

Por meio da Conexão, Selina também apoiou o trabalho missionário, especialmente nas colônias norte-americanas e em vários outros países, inclusive na África. No trabalho incessante ao Senhor, ela encontrava alívio para as provações da vida, incluindo a morte de cinco de seus sete filhos. Selina faleceu em 1791, de complicações respiratórias, sem deixar herança e endividada. No entanto, algumas das capelas construídas por ela existem até hoje como verdadeiros monumentos à fé dessa mulher, que doou sua vida e todos os seus recursos para promover o Reino de Deus. (*Com informações de Banner of Truth e Southern Methodist University)


8 Comments

  1. Geraldo Raimundo da Silva Filho disse:

    Que bênção glória a Deus

  2. Adelcides Barros disse:

    Uma grande mulher Inglesa

  3. Edna Carmanini disse:

    Muito lindo este Testemunho deste mulher de Deus. A melhor coisa da minha vida também e pode propagar o evangelho. Louvado seja ao Senhor.

  4. Maura Petters disse:

    Gratidão… Bela exposição. Testemunho de firmeza de caráter, de Amor ao Evangelho, às coisas verdadeiras nas nossas Vidas. Um prazer ter conhecimento de tão belo empenho…

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