Entrevista – 256
01/11/2020Teologia
01/12/2020Pregador itinerante
No lombo de seu cavalo, Francis Asbury evangelizou boa parte das colônias britânicas dos Estados Unidos
Por Élidi Miranda*
Na segunda metade do século 18, a região conhecida como Kentucky era a última fronteira do país que viria a se chamar Estados Unidos da América. Foi o primeiro território a oeste das 13 colônias inglesas do Atlântico Norte a ser ocupado pelos europeus. O caminho aberto pelo explorador Daniel Boone levou centenas de famílias a se estabelecerem ali. A pregação do Evangelho logo se fez presente na localidade, graças aos esforços de missionários, como o britânico Francis Asbury (1745-1816).
Antes de chegar ao Kentucky, Asbury havia percorrido boa parte das 13 colônias do Leste. Tal como seu mestre, John Wesley (1703-1791), fundador das igrejas metodistas, andava quilômetros e quilômetros a cavalo, sob sol e chuva, propagando a Palavra da salvação em Cristo. A diferença era que, enquanto Wesley cavalgava pelas estradas da Inglaterra, Asbury nem sempre tinha trilhas para percorrer e, por isso, embrenhava-se nas matas, expondo-se aos perigos de ataques de feras, salteadores ou índios. Contudo, não havia empecilhos capazes de deter o pregador que acredita-se ter alcançado quase 500 mil quilômetros e ministrado mais de 16,5 mil sermões em seus 45 anos de ministério.
Francis Asbury nasceu na Inglaterra, em uma família anglicana sem posses, e teve de deixar a escola aos 12 anos para trabalhar como aprendiz de ferreiro. Ele e sua mãe passaram a frequentar reuniões da Igreja Metodista, e, aos 14 anos, o pequeno Francis teve sua experiência pessoal com o Senhor. Começou a pregar em algumas reuniões e, aos 21, foi ordenado ao ministério pastoral.
Em 1771, durante uma reunião de pastores, John Wesley informou que os metodistas das 13 colônias no norte do Atlântico precisavam de ajuda. Asbury se voluntariou para ir à América e, em outubro do mesmo ano, chegou à Filadélfia. Em todo o território norte-americano, havia cerca de 600 metodistas, à época. Logo, Francis Asbury se lançou ao serviço para o qual havia sido designado e começou a levar a Palavra de vilarejo em vilarejo. Incansável, exigiu tanto de si que caiu doente no inverno daquele mesmo ano. Essa seria uma rotina a se repetir pelas próximas décadas de seu ministério: constantemente, ele sofria de gripes, febres e dores de cabeça, mas nada o impedia de prosseguir com sua missão. Não interrompeu suas viagens quando foi acometido de reumatismo crônico! Apenas trocou o cavalo pela carroça.
Considerado inimigo – Nem mesmo a Guerra de Independência Americana (1775-1783), que resultaria na formação dos Estados Unidos como nação independente da Inglaterra, foi suficiente para afugentar esse servo. Acredita-se que ele tenha sido o único missionário britânico a permanecer nas colônias durante o conflito. Ele se declarava politicamente neutro, mas, ainda assim, muitos norte-americanos o viam como adversário devido à sua nacionalidade. Por isso, Asbury teve de permanecer escondido durante vários meses. Sou considerado por alguns como um inimigo, passível de ser capturado com violência e sofrer maus-tratos, escreveu.
Depois da guerra, Asbury recuperou rapidamente o respeito e a confiança dos norte-americanos, dando continuidade ao seu chamado. As igrejas metodistas já haviam se espalhado por vários lugares, mas não havia pastores para todas elas. O ministro, então, separou-as por distritos e designou pregadores que deveriam evangelizar de modo itinerante, em todas as igrejas de seu distrito.
Assim, Asbury pôde se lançar à obra missionária no inóspito território do Kentucky e, mais tarde, no Tennessee. Um de seus biógrafos, Ezra Tipple, escreveu que a pregação de Asbury era bastante efetiva e fruto de seu zelo pelo Altíssimo. Segundo Tipple, havia momentos em que, sob o ímpetoda fala de Asbury, as pessoas se lançavam a seus pés como se tivessem sido convocadas à barra do tribunal de Deus.
Embora tenha deixado o colégio na adolescência, o pregador era um entusiasta da educação e, em 1790, fundou a Escola Metodista do Kentucky, a primeira instituição desse tipo situada a oeste das 13 colônias. Ele também foi um ativista contra a escravidão e criticava publicamente os metodistas que mantinham escravos. Por ter prestígio, como um dos ministros evangélicos mais conhecidos dos EUA, ele escreveu ao presidente George Washington (1732-1799) pedindo-lhe que criasse uma lei que abolisse definitivamente o regime escravista.
Apesar de sua fama, o Francis Asbury permaneceu semeando as Boas-Novas de lugar em lugar até o fim de seus dias. Somente importava para ele fazer com que o Reino de Deus chegasse a todos os rincões da jovem nação americana. Após pregar seu último sermão, em 1816, Asbury estava tão fraco que precisou ser carregado até sua carruagem. Na ocasião de sua morte, já havia 200 mil metodistas nos Estados Unidos. O trabalho por ele implantado continuou dando fruto. Anos mais tarde, quando aconteceu a Guerra Civil norte-americana (1861-1865), cerca de 1,5 milhão de norte-americanos se identificavam como cristãos metodistas. (*Com informações de Christianity Today e Asbury University)
2 Comments
Devido ao avivamento que está acontecendo em Asbury desde o dia 8 de Fevereiro, eu acabei encontrando essa reportagem. Não conhecia a história de Francis Asbury e achei esse brilhante artigo sobre a vida dele. Um verdadeiro herói da fé, em tempos tão difíceis e fazendo a obra de Deus sem estradas, aviões ou outro meio de transporte. Forte exemplo de fé pra todos nós.
Sou membro da IIGD, sede de São Paulo, e fico feliz em saber que a nossa Igreja produz um material tão significativo sobre heróis da fé.
Eu tenho dito que tenho a alegria em ver a quase 7 anos, como o Missionário e o Pastor Jayme evangelizam incansavelmente milhares de pessoas. Glória a Deus por estar viva pra ver esses verdadeiros homens de Deus pregando a Palavra de Deus e salvando almas como a minha, salva somente aos 56 anos, mas salva.
Obrigada, Jesus ?
Graças a Deus! Pedimos orações pelo trabalho de toda a equipe da revista. Aproveito para dizer que estamos orando pelos líderes de todas as igrejas e por nossa Nação. Amém.