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Foto: Cristian Castillo / Unsplash

Morte ao cristianismo

Ataques contra igrejas e fiéis sinalizam um aumento da intolerância à fé cristã no Ocidente

Por Élidi Miranda*

Aquele deveria ser um domingo como tantos outros na Igreja Batista Avivar, na pacata Poços de Caldas, estância turística do sudoeste de Minas Gerais. Porém, o Pr. Rubisnei da Silveira e os primeiros membros que chegaram ao templo para o culto matinal foram surpreendidos. O muro externo da igreja havia sido pichado com a frase: Morte ao cristianismo. Os vândalos também usaram a mesma tinta spray, na cor vermelha, para desenhar um símbolo satânico e um órgão genital masculino na calçada em frente à congregação. As câmeras de segurança mostraram que, na noite anterior, por volta das 22h50, um veículo com três pessoas havia estacionado em frente à denominação. Uma mulher e dois homens desembarcaram e fizeram as pichações. Em entrevista a uma TV local, o pregador classificou o acontecimento – registrado no sábado, 7 de novembro – como um ato de intolerância religiosa.

A polícia foi acionada, mas, até o fechamento desta edição, os responsáveis não haviam sido identificados. Não se sabe, portanto, o que motivou os indivíduos a agir daquela maneira. Possivelmente, o ato foi mais um entre tantas manifestações semelhantes que, atualmente, ocorrem no Ocidente. Ao longo de seus 21 anos e 5 meses de existência, Graça/Show da Fé vem noticiando casos de intolerância ao cristianismo em países orientais, de maioria islâmica ou budista, nos quais os governos estão alinhados com filosofias marxistas. Os casos desse lado do globo são mais esparsos e acontecem, principalmente, em Cuba – que segue um regime socialista – e em comunidades rurais ou dominadas por traficantes, como algumas regiões do México. Contudo, no ano de 2020, ações desse tipo ganharam destaque porque sucederam em cidades da Europa e das Américas.

As pichações no muro e na calçada em frente à Igreja Batista Avivar, em Poços de Caldas (MG): vandalismo e intolerância religiosa
Foto: Reprodução

No fim de maio, a St. John’s Episcopal Church (Igreja Episcopal de São João), uma construção histórica, com mais de 200 anos, em Washington, a capital norte-americana, foi vandalizada durante violentos protestos na cidade (e em outras partes do país), os quais ocorreram após o assassinato de George Floyd, um homem negro que foi imobilizado por policiais.

No dia 27 de outubro, o templo da Vietnamese International Baptist Church (Igreja Batista Internacional Vietnamita), na Filadélfia, no estado da Pensilvânia, também nos Estados Unidos (EUA), foi todo queimado durante uma série de protestos levados a efeito na cidade. As manifestações violentas igualmente foram motivadas pela morte de outro homem negro (Walter Wallace Jr.) em uma ação policial. Não tenho ideia por que eles atacaram nossa igreja. […] Jogaram produtos químicos inflamáveis no telhado, disse o Pr. Philip Pham. De acordo com o pregador, as chamas desceram do teto e acabaram com tudo o que havia no edifício.

Nove dias antes, duas igrejas católicas foram vandalizadas e queimadas em Santiago do Chile, em meio a uma série de protestos contra o governo do presidente Sebastián Pinera. A Igreja da Ascensão, construída há 144 anos, no centro da cidade, foi pichada e incendiada por um grupo de homens encapuzados. Deixa cair, deixa cair, gritavam os manifestantes, que festejaram efusivamente a queda da torre do templo, como mostram vídeos amplamente divulgados nas redes sociais. Outra igreja incendiada foi a dos Carabineros, no centro da capital chilena.

Na noite de 13 de novembro, uma igreja evangélica foi incendiada, na região de Araucanía, localizada a 600km da capital, no Sul do Chile, durante violentos protestos de índios Mapuche, etnia que, há décadas, luta pelo restabelecimento de seu território ancestral.

Allahu Akbar Na França, o vandalismo contra os templos cristãos não é novidade. Somente no primeiro semestre de 2019, pelo menos, dez igrejas foram atacadas em diferentes cidades do país. Uma série de ataques semelhantes já havia ocorrido na França e na Bélgica em 2016. Nesses casos, apoiadores do grupo terrorista Estado Islâmico assumiram a responsabilidade pelos ataques.

Entretanto, em 2020, a França testemunhou demonstrações de violência religiosa mais explícitas. Em 29 de outubro, três pessoas foram assassinadas dentro de uma igreja católica de Nice, na região Sudeste do país. Entre elas, estava a brasileira Simone Barreto, 44 anos, morta a facadas pelo tunisiano Brahim Aoussaoui, 21. Outra mulher foi degolada, e um sacristão também foi morto. O assassino tunisiano foi baleado pela polícia e, enquanto era socorrido, dizia a frase: Allahu Akbar (Alá é grande), comumente repetida por terroristas muçulmanos quando atacam suas vítimas. Dois dias depois, o padre Nikolas Kakavelakis, 45 anos, sacerdote da Igreja Ortodoxa Grega, foi baleado em Lion, no Leste do país, na porta do templo. O policiamento próximo às igrejas francesas foi intensificado após os atentados.

Não há como saber a motivação de cada um dos atentados descritos acima, mas o fato é que eles parecem configurar uma nova tendência no Ocidente. Segundo a Missão Portas Abertas, são várias as razões que explicam a perseguição de cristãos em todo o mundo, porém a principal é que a crença em Cristo desafia a autoridade de ditadores e afronta os sistemas de valores culturais vigentes, sendo eles religiosos ou não. Além disso, em diversas nações, os cristãos são vistos como pessoas de segunda classe, cujas crenças – e vidas – não merecem qualquer respeito. Seriam esses os motivos dos ataques à fé cristã que vêm sucedendo no Ocidente, cada vez mais secularizado e afeito a ideias contrárias à Bíblia? O tempo dirá. (*Com informações de Open Doors USA, Portas Abertas Brasil, Fox Business, G1, Guiame e Gospel Mais)

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