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Em tempos de redes sociais, pastores dizem que o amor deve ser exposto de maneira saudável

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Foto: Worranan / Adobe Stock

Por Evandro Teixeira

O amor – tema central da Bíblia – é um mandamento de Deus para o homem, conforme Jesus ensina em Mateus 22.39 (Amarás o teu próximo como a ti mesmo), e deve ser vivenciado de maneira equilibrada e expresso de modo saudável. Nestes tempos de redes sociais, é comum ler postagens nas quais os usuários manifestam publicamente seu amor por pessoas próximas, como filhos, cônjuges, pais e avós. Há também posts em que os autores valorizam os sentimentos dos outros e menosprezam os próprios. Segundo especialistas, essas pessoas buscam aprovação na mídias digitais, por isso podem desenvolver uma dependência emocional da opinião alheia, prejudicando sua autoconfiança e distorcendo a percepção de seu próprio valor.

O Pr. Ronaldo Viana da Silva pontua: “Em uma foto que expressa alegria, na realidade, pode estar alguém infeliz. Definitivamente, não sabemos o que há por trás de textos e imagens nas mídias digitais”
Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Ronaldo Viana da Silva, líder da Primeira Igreja Batista de São João do Paraíso, em Cambuci (RJ), ressalta que a ordem do Salvador, em Mateus 22.39, vem depois de outra determinação, explicitada nos dois versículos anteriores (v. 37,38) – Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento –, uma vez que o amor a Deus é nossa prioridade. No entanto, o ministro frisa que, em segundo lugar, vem o sentimento voltado para o próximo e para nós mesmos. Perguntado sobre as manifestações de afeto virtuais, Silva sugeriu cautela, porque é praticamente impossível conhecer verdadeiramente o sentimento das pessoas na web. “Em uma foto que expressa alegria, na realidade, pode estar alguém infeliz. Definitivamente, não sabemos o que há por trás de textos e imagens nas mídias digitais”, pontua, esclarecendo que, quando se trata de amor ao próximo, seja nas redes sociais, seja presencialmente, não podemos depender da aprovação de terceiros. “Há pessoas que precisam disso para se sentirem felizes”, lamenta.

O Pr. André Haroldo Gomes Martins diz que “atualmente, a aprovação alheia parece ser essencial para algumas pessoas se sentirem bem”
Foto: Arquivo pessoal

Na opinião de Viana, é igualmente importante evitar o amor próprio exacerbado, o qual pode ser interpretado como narcisismo [transtorno de personalidade que se caracteriza pela sensação de superioridade, falta de empatia e necessidade de ser admirado]. “Quem tem esse perfil busca ser sempre o centro das atenções e se julga melhor do que os outros”, observa o pastor, enfatizando que pessoas assim possuem muita dificuldade de se conectar com os demais.

Pensamento semelhante tem o Pr. André Haroldo Gomes Martins, da Quarta Igreja Batista de Austin, em Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense. “Atualmente, a aprovação alheia parece ser essencial para algumas pessoas se sentirem bem”, diz ele, salientando que, na Bíblia, o amor é descrito de maneira mais íntima e profunda, sem a necessidade de reconhecimento público para ser considerado autêntico. Na visão de Martins, o ensinamento de Jesus sobre a importância de realizar boas ações e agir de modo sincero, sem esperar qualquer compensação e “publicidade”, é uma boa aplicação para o amor, conforme Mateus 6.1,2: Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

A Pra. Marlíria Marinho lembra que Cristo sempre será o melhor exemplo de amor ao próximo, uma vez que, em Seu ministério terreno, o Filho de Deus mostrou como cuidar do outro na prática
Foto: Arquivo pessoal

Para a Pra. Marlíria Marinho, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Santa Luzia, Boa Vista (RR), Cristo sempre será o melhor exemplo de amor ao próximo, uma vez que, em Seu ministério terreno, o Filho de Deus mostrou como cuidar do outro na prática. Esse sentimento envolveu todas as ações do Messias e está exemplificado pela parábola do bom samaritano (Lc 10.25-37). Segundo a pastora, esse texto bíblico deve nortear os trabalhos sociais das comunidades cristãs. “Mesmo não sendo visto com bons olhos pelos judeus, aquele homem que vinha pela estrada interrompeu a sua trajetória para ajudar um desconhecido”, destaca.

“Resposta ao amor” – O Pr. Welington de Oliveira, líder da IIGD no bairro Amoreira II, em Paracatu (MG), lembra que o amor próprio deve estar relacionadoao respeito e ao cuidado que uma pessoa tem consigo. Entretanto, reconhece que há quem tenha dificuldades de se autovalorizar por causa de experiências de rejeição, críticas e baixa autoestima. Oliveira pondera ainda que alguns correm o risco de viver a ilusão de um “falso amor próprio”, que, muitas vezes, esconde inseguranças e não gera satisfação duradoura. Para ele, esse problema acontece quando, em vez de cultivar um sentimento verdadeiro e respeitoso por si mesma, a pessoa busca preencher uma carência interna, apresentando comportamentos superficiais que só alimentam o ego e não produzem crescimento pessoal.

O Pr. Welington de Oliveira aponta que a falta de amor próprio “pode comprometer a forma como nos relacionamos com o Senhor e nos impedir de viver plenamente uma comunhão com o Pai celestial por nos julgarmos indignos”
Foto: Arquivo pessoal

No ponto de vista do ministro, a falta de amor próprio faz o indivíduo se tornar mais vulnerável a críticas que podem afetá-lo pessoal e espiritualmente. “A ausência desse sentimento pode comprometer a forma como nos relacionamos com o Senhor e nos impedir de viver plenamente uma comunhão com o Pai celestial por nos julgarmos indignos”, aponta Oliveira, citando o Salmo 139.14 como antídoto bíblico para tais sentimentos: Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.

Na visão do Pr. Ismael Matos da Silva, da Primeira Igreja Batista em Barra Mansa (RJ), é fundamental compreender o amor como um reconhecimento do valor que Deus atribuiu ao ser humano ao criá-lo à Sua imagem, permitindo-lhe viver plenamente com Ele. A partir dessa perspectiva, o amor próprio deve se manifestar por meio de atitudes responsáveis, que refletem o amor do Altíssimo com a Sua criação. De acordo com Silva, o cuidado com o corpo, a mente e o espírito “é uma resposta ao amor que recebemos do Senhor”, referindo-se à passagem de 1 João 4.19 (NAA): Nós amamos porque ele nos amou primeiro.

O Pr. Ismael Matos da Silva observa: “Cuidar de si mesmo não é apenas um ato natural, mas também um comportamento necessário para estar em condições de ajudar o próximo”
Foto: Arquivo pessoal

Ele destaca a importância do amor próprio mencionado em diferentes contextos da Bíblia. Citando Efésios 5.29 (Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes, a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja), o líder esclarece que o apóstolo Paulo fala do cuidado com o corpo para ilustrar o amor sacrificial de Jesus pela Igreja. “Cuidar de si mesmo não é apenas um ato natural, mas também um comportamento necessário para estar em condições de ajudar o próximo”, observa o pastor, explicando que essa passagem bíblica enfatiza que o amor próprio não é uma busca pela valorização pessoal acima de tudo, mas um ato fundamentado na verdade de que o cristão pertence a Deus. “Essa compreensão nos leva a viver em equilíbrio e gratidão, com zelo por nós mesmos como parte de nossa adoração a Ele.”

O Pr. Vinícius Guedes Gomes ensina: “A pessoa irá colher aquilo que ela plantar. O bem que quero para mim é o mesmo que devo desejar ao meu próximo”
Foto: Arquivo pessoal

Lei da semeadura – O Pr. Vinícius Guedes Gomes, líder da Igreja do Evangelho Quadrangular da Cacuia, em Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense, faz um importante alerta quanto ao perigo do falso amor próprio: “Muitos indivíduos mascaram esse sentimento para demonstrar ao outro que estão bem, enganando-se”, afirma ele, salientando que a lei da semeadura pode ser aplicada também à prática do amor. “A pessoa irá colher aquilo que ela plantar. O bem que quero para mim é o mesmo que devo desejar ao meu próximo”, ensina Gomes, acrescentando que, sem amor próprio, as pessoas tendem a ser infelizes.

Por sua vez, o Pr. Níger Silva Martins, líder da Igreja Nova Vida Ministério É de Deus, em Cascadura, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), declara que as redes sociais transformaram a maneira como as pessoas expressam os sentimentos e, por isso, tornou-se difícil saber o que é sincero. Por isso, destaca a necessidade de investir no contato pessoal. O pastor também aponta que alguns indivíduos se sentem mais à vontade para se expressarem nas mídias digitais, cabendo aos outros usuários da rede mensurar o quanto há de real em cada postagem. “Nosso desafio é saber separar as demonstrações genuínas daquelas motivadas por outros interesses, como ganhar mais visibilidade.”

O Pr. Níger Silva Martins afirma que as redes sociais transformaram a maneira como as pessoas expressam os sentimentos e, por isso, tornou-se difícil saber o que é sincero
Foto: Arquivo pessoal

Para Martins, ações motivadas pelo amor ao próximo não beneficiam apenas aqueles que recebem ajuda, mas também enriquecem a vida de quem oferece esse apoio, promovendo conexões. Ele afirma ainda que o amor próprio saudável capacita o indivíduo a amar as pessoas de modo mais pleno e autêntico. “É uma via de mão dupla, e é fundamental ter clareza de que um sentimento não deve se sobrepor ao outro”, atesta o pastor, ressaltando que amar ao próximo como a si mesmo é um mandamento bíblico tão essencial que está presente também no Antigo Testamento (ver Levítico 19.18), evidenciando a misericórdia, a compaixão e a graça do Senhor para com todos nós.


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