Minha Resposta – 307
31/01/2025
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31/01/2025

CASAMENTO LONGEVO

Mature couple man and woman jogging in the park

Foto: pucko_ns / Adobe Stock

CASAMENTO LONGEVO

Líderes enfatizam os desafios de manter uma união forte, feliz e duradoura, à luz da Palavra de Deus

Por Evandro Teixeira

Ao dizerem “sim” no dia do enlace matrimonial, os noivos se comprometem – diante de Deus, do celebrante e de familiares, padrinhos e convidados – a se manterem unidos até a morte de um dos cônjuges, tal como preconiza o texto de Mateus 19.6: Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem. No entanto, conforme dizem pastores, teólogos e conselheiros de família, tornar duradoura uma vida a dois requer dedicação e muita sabedoria.

O Pr. Isac Nunes de Moura e sua esposa, a dona de casa Maria José Pereira de Moura: 55 anos juntos, quatro filhos e cinco netos
Foto: Arquivo pessoal

Antes do sim, os futuros cônjuges deveriam, ao menos, informar-se acerca das experiências de alguns casamentos mencionados na Bíblia. Se por um lado, essas histórias narradas na Palavra de Deus registram as dificuldades experimentadas por diversos casais, por outro revelam maravilhosos “segredos” capazes de ajudar os nubentes na construção de uma união equilibrada. A vida conjugal de Abraão e Sara, por exemplo, é uma das mais conhecidas das Escrituras Sagradas. Chamados por Deus para cumprir uma grande missão, eles enfrentaram algumas dificuldades. Entre elas, a esterilidade de Sara (Gn 11.30), que, por causa disso, viveu momentos de tristeza e frustração. Entretanto, eles perseveraram juntos, e a promessa celestial na vida desses servos de Deus se cumpriu com o nascimento de Isaque (Gn 21.1-3).

É importante ressaltar, também, a história do casal mais apaixonado da Bíblia: Raquel e Jacó. O rapaz trabalhou por 14 anos para se casar com a mulher a quem amava profundamente (Gn 29.27,28). Embora enfrentassem grandes crises, desde o início, como o engano de Labão (Gn 29.21-23) e a rivalidade entre Raquel e Leia (Gn 30), Jacó continuou a demonstrar seu amor e compromisso à esposa esperada. Por isso, estava disposto a aceitar qualquer sacrifício que seu sogro lhe impusesse.

O Pr. Cleber Siqueira Trancozo orienta: “Dividir a manutenção e as tarefas da casa deve fazer parte da família desde o início”
Foto: Arte sobre foto de Reprodução / Facebook

União duradoura Em nossos dias, não faltam desafios a vencer por aqueles que desejam se amar, permanecer casados até o fim e testemunhar diariamente, a bênção de viverem aliançados com o Senhor. É o caso do Pr. Isac Nunes de Moura, 75 anos, e sua esposa, a dona de casa Maria José Pereira de Moura, 74 anos. Há 55 anos juntos, eles compartilham suas experiências em encontros de casais da igreja da qual são membros, a Assembleia de Deus da Penha, zona norte do Rio de Janeiro (RJ).

Quando começaram a namorar, tinham 15 e 14 anos, respectivamente. Seis anos depois, casaram-se. Ele, à época, já consagrado ao ministério pastoral, sonhava com o momento de firmar essa aliança de amor com “Nena” – a forma de tratamento carinhoso que Isac de Moura dá à esposa. “Éramos e ainda somos apaixonados. Por isso, queríamos nos casar logo”, recorda-se ele, assinalando que, ao contrário do que ocorre atualmente, naquele tempo, não era comum homem e mulher receberem orientações sobre namoro, noivado e casamento.

O Pr. Raimundo Nonato Silva, ao lado da esposa, a teóloga Maria Evana: 27 anos de casamento e dois filhos
Foto: Arquivo pessoal

Indagado por nossa reportagem sobre o segredo de uma união duradoura, o pastor refuta a ideia de que, “naturalmente” o amor e a paixão do tempo de namoro se esvaem. Para ele, não só podem permanecer como também melhorar à medida que os cônjuges amadurecem. Porém, segundo Isac, esse processo pode variar dependendo das vivências individuais. O ideal, ressalta o pastor, é que marido e mulher comecem do zero a construção de uma vida a dois, enfrentando os obstáculos cotidianos. “Assim que nos casamos, passamos por dificuldades financeiras. Mas nunca houve uma instabilidade a ponto de gerar desentendimento entre nós.” O casal conta, ainda, que, dessa longa união, vieram quatros filhos e, posteriormente, cinco netos.

Foto: Phase4 Photography / Adobe Stock

Construção do lar – Líder da Primeira Igreja Batista da Palhada, em Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense, o Pr. Cleber Siqueira Trancozo concorda que é preciso cultivar o amor no casamento. Ao mesmo tempo, afirma ser importante atentar para as responsabilidades e obrigações inerentes à construção de um lar harmonioso. Ele acredita que, no matrimônio, é necessário estabelecer e cumprir acordos, que, quando necessário, podem ser revistos. “Dividir a manutenção e as tarefas da casa deve fazer parte da família desde o início”, orienta Trancozo, ratificando que a boa condução da vida conjugal só é possível por meio do diálogo entre marido e mulher.

O ministro batista pensa que o casal deve conversar bastante, inclusive sobre os planos de aumentar a família, pois ter filhos exige atenção especial. Se um dos cônjuges não se sentir pronto para assumir essa responsabilidade, convém adiar a decisão. “Os bebês não vêm acompanhados de um manual de como educá-los. Os futuros pai e mãe precisam estar prontos para a mudança de suas rotinas”, alerta.

O Pr. Frederico Alves Maia afirma que o amor entre marido e mulher tende a amadurecer com o passar dos anos e ressalta: “Mesmo que não tenha o mesmo furor da época de namoro, não significa que o sentimento tenha mudado”
Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Raimundo Nonato Silva, 50 anos, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no bairro Buenos Aires, em Teresina (PI), e sua esposa, a teóloga Maria Evana Pinheiro Viana, 52 anos, concordam com Trancozo. Com 27 anos de casamento, acumulam inúmeras experiências e apontam que, entre as mais marcantes, estão justamente as chegadas dos filhos, Braian Benilson Pinheiro Viana, hoje com 25 anos, e Ester Vívian Pinheiro Viana, 23 anos. “Enfrentar esse desafio foi essencial para o nosso amadurecimento. A criação dos filhos faz parte do propósito que temos com Deus. O cuidado dedicado a eles hoje irá gerar frutos amanhã”, testemunha o ministro.

Para o pregador, a comunicação aberta e honesta do casal fortalece a relação, cria um ambiente saudável no lar e gera as condições ideais para fortalecer a união. Ele acrescenta que, se existe um segredo para um matrimônio duradouro, certamente, é colocar Deus sempre em primeiro lugar. “Casamento é uma construção diária e deve ser regada pela vontade de fazer dar certo. Faz parte desse processo também reconhecer que não somos perfeitos e ter humildade de pedir perdão e perdoar”, pondera.

O Pr. Ricardo Rangel da Silva lembra que todos os casais podem enfrentar crises, mas aconselha: “Esse tipo de problema pode ser superado mais facilmente quando os casais se blindam com muita oração e comunicação”
Foto: Arquivo pessoal

Na opinião do Pr. Frederico Alves Maia, líder da Igreja da Graça de Florença, em Ribeirão das Neves (MG), o amor entre marido e mulher tende a amadurecer com o passar dos anos. “Mesmo que não tenha o mesmo furor da época de namoro, não significa que o sentimento tenha mudado”, esclarece o ministro, salientando, que, antes mesmo de se decidirem pelo casamento, os noivos devem definir as responsabilidades de cada um no futuro lar. “Se apenas o marido trabalhar fora, a esposa terá mais tempo para se dedicar ao lar, mas, caso ambos tenham seus respectivos empregos, terão de conversar e chegar a um acordo sobre a manutenção da casa, por exemplo.”

Maia frisa que os futuros cônjuges precisam, inclusive, ser francos sobre a questão de ter filhos, uma vez que há aqueles que optam por não aumentar a família. “Não julgo se estão certos ou errados, pois desconheço os reais motivos por trás dessa decisão”, pontua ele, destacando que a Palavra de Deus reserva um tratamento especial aos pequeninos, conforme registra o versículo 3 do Salmo 127: Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre, o seu galardão.

A Pra. Ana Lúcia Moreira Rodrigues cita, pelo menos, duas crises enfrentadas pelos casais: instabilidade financeira, geralmente causada pelo desemprego de um dos cônjuges, e conflitos que envolvem a educação dos filhos quando eles entram na adolescência
Foto: Arquivo pessoal

Superação das crises – O Pr. Ricardo Rangel da Silva, da Assembleia de Deus em Mesquita (RJ), na Baixada Fluminense (RJ), lembra que todos os casais podem enfrentar crises. Entretanto, faz questão de alertar para o fato de que existem as instabilidades internas – geradas pelos próprios cônjuges – e as externas, provocadas por terceiros ou por situações adversas. Segundo ele, a fim de não deixar que tais inconvenientes afastem marido e mulher, ambos precisam buscar a solução de imediato. “Esse tipo de problema pode ser superado mais facilmente quando os casais se blindam com muita oração e comunicação”, ressalta o ministro.

A Pra. Ana Lúcia Moreira Rodrigues, da Igreja do Evangelho Quadrangular de Santa Eugênia, em Nova Iguaçu (RJ), faz coro com Ricardo Rangel e cita, pelo menos, duas crises enfrentadas pelos casais: instabilidade financeira, geralmente causada pelo desemprego de um dos cônjuges, e conflitos que envolvem a educação dos filhos quando eles entram na adolescência. A pastora considera que, por vezes, nessa faixa etária, os menores, quando têm opiniões divergentes dos pais, tendem a entrar em uma espécie de confronto. “Ao lidarem com a situação, marido e mulher podem discordar sobre a melhor forma de contornar o problema, abrindo uma brecha para uma crise entre eles. O caminho para resolver esse tipo de instabilidade é sempre entender o ponto de vista do outro.”

O Pr. Zelino José Francisco recomenda que, ao superar uma adversidade no casamento, marido e mulher busquem ajuda, sobretudo na leitura da Palavra e na oração, para recuperarem a qualidade de diálogo que existia anteriormente
Foto: Arquivo pessoal

No entendimento do o Pr. Zelino José Francisco, líder da IIGD na Estrada do Portela, em Madureira, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), a superação de uma adversidade no casamento nem sempre significa pôr fim ao problema. Ele declara que, após o momento de instabilidade, há casais que passam a adotar comportamentos diferentes. “Embora tenham resolvido o conflito, pode ocorrer um desgaste, o que reflete em um distanciamento entre os cônjuges, por exemplo”, informa o pastor. Francisco recomenda que, nesse caso, os dois busquem ajuda, sobretudo na leitura da Palavra e na oração, para recuperarem a qualidade de diálogo que existia anteriormente.

Para o teólogo Marcelo de Castro Lodoro, independentemente do fator gerador, todas as crises vão exigir do casal uma mudança de atitude para superá-las, especialmente problemas mais complexos que envolvam a quebra da aliança, como a infidelidade conjugal. Ele entende que não tem como imaginar que alguém se una a outra pessoa, pelos laços matrimoniais, pensando que possa ocorrer o adultério. “Não é lógico, e muito menos saudável, alguém contar com essa possibilidade. Quem age assim não sabe o que é amor próprio nem confia no sentimento da outra pessoa.”

O teólogo Marcelo de Castro Lodoro observa que o fortalecimento da união se dá pelo tempo de convivência, quando os desafios próprios da vida a dois são vencidos juntos: “As afinidades do casal se tornam mais sólidas. Dessa maneira, ambos se completam à medida que convivem”
Foto: Arquivo pessoal

Lodoro observa que o fortalecimento da união se dá pelo tempo de convivência, quando os desafios próprios da vida a dois são vencidos juntos. “As afinidades do casal se tornam mais sólidas. Dessa maneira, ambos se completam à medida que convivem”, assegura o estudioso, deixando claro que o amor é capaz de permanecer mesmo quando marido e mulher estão casados há muito tempo, conforme está escrito em Cantares de Salomão 8.7: As muitas águas não poderiam apagar esse amor nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse toda a fazenda de sua casa por este amor, certamente a desprezariam.


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