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Crianças lendo Bíblias traduzidas para a língua materna delas
Foto: United Bible Societies
Abraão de Almeida

Sociedades bíblicas

Em 7 de março de 1804, alguns líderes evangélicos resolveram organizar uma associação dedicada à edição e distribuição das Sagradas Escrituras em todo o globo. Entre eles, estavam o político britânico e líder do movimento abolicionista, William Wilberforce (1759-1833), e o pastor metodista galês, Thomas Charles (1755-1814). Assim nascia a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.

Seguindo os passos da feliz iniciativa dos pioneiros ingleses, em 1816, evangélicos da América do Norte fundaram a Sociedade Bíblica Americana, organização que vem ocupando os primeiros lugares na circulação da Palavra de Deus.

Por sua vez, as Sociedades Bíblicas Unidas (SBUs ou UBS, a sigla em inglês) foram criadas no dia 9 de maio de 1946, em Haywards Heath (Inglaterra), com o objetivo de facilitar o processo de tradução, produção e distribuição do Texto Sagrado por meio de estratégias de cooperação mútua. As SBUs congregam 150 sociedades bíblicas, atuantes em 240 países e territórios, e são orientadas pela missão de promover a maior distribuição possível de Bíblias, em uma linguagem que as pessoas possam compreender e a um preço acessível.

Não há muita esperança no mundo, mas há muita esperança na Bíblia, observou o bispo luterano norueguês Eivind Josef Berggrav (1884-1959). Como primaz da Igreja da Noruega, ele ficou conhecido pela sua resistência inflexível contra a ocupação nazista da Noruega durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). É dele também a frase ainda atual: Paz e esperança são duas das principais palavras da Bíblia, e agora o mundo está perguntando como podemos encontrar nosso caminho para o novo futuro.

Além das 150 sociedades bíblicas, milhares de agências missionárias, associações e instituições dedicadas à tradução da Palavra de Deus estão empenhadas na grande obra de semear o Evangelho em toda a Terra. Com o auxílio de agências de tradução, atualmente o Livro Santo completo está disponível em 733 línguas faladas por 5,9 bilhões de pessoas.

Essa gloriosa semeadura está assumindo proporções gigantescas em nossos dias. Por meio de milhares de agências e instituições afiliadas, as SBUs distribuíram, em todo o planeta, mais de 1,8 bilhão de Bíblias de 2015 a 2019. Centenas de milhões de exemplares completos e porções bíblicas são distribuídas por ano, especialmente nos países islâmicos e em nações de orientação socialista.

A Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) participa ativamente dessa empreitada, distribuindo, no país e em outras nações de Língua Portuguesa, dezenas de milhões de Escrituras Sagradas na íntegra ou em partes. Fundada em junho de 1948, sob o lema “Dar a Bíblia à Pátria”, a SBB nasceu no Pós-Guerra, em um momento de otimismo e esperança – cenário favorável ao crescimento da distribuição do Livro Santo.

Traduções – Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a Bíblia tem superado largamente, em traduções, as obras do político russo Vladimir Lênin (1870-1924), do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), do escritor francês Júlio Verne (1828-1905) e do escritor chileno Pablo Neruda (1904-1973).

Além disso, a Escritura Sagrada – cuja primeira tradução completa remonta ao século 4 – vem mantendo a liderança mundial de vendas. É o que informa a Aliança Global Wycliffe com base em dados de organizações variadas, como a Summer Institute of Linguistics (hoje, SIL International) e as SBUs. Dados atualizados em 1º de setembro de 2022 indicam que o Novo Testamento se encontra traduzido completo para 1.617 idiomas; porções da Bíblia já foram vertidas para 1.248 idiomas e, ao todo, 3.589 idiomas contam hoje com pelo menos alguma parte da Palavra de Deus.

Tais números são surpreendentes justamente porque a Bíblia é um dos mais antigos livros conhecidos. Moisés, libertador do povo de Israel, escreveu o Pentateuco (de Gênesis a Deuteronômio) cerca de 700 anos antes de o poeta grego Homero (928-898 a.C.) ter escrito os poemas épicos Ilíada e Odisseia. O rei Davi escreveu seus Salmos pelo menos 600 anos antes do nascimento do historiador grego Heródoto (485-425 a.C.). Trezentos anos antes de Tales de Mileto (624-546 a.C.) começar a ensinar Matemática, Astronomia e Filosofia, o sábio rei Salomão já havia escrito Provérbios, Eclesiastes e Cantares.

Odisseia, de Homero
Foto: Wikipedia

Partindo da premissa de que 950 em cada mil livros caem no esquecimento após sete anos, a Palavra de Deus surpreende pela sua incomparável aceitação. Decididamente, a Bíblia Sagrada não pode ser comparada às demais obras – religiosas ou clássicas. Nações inteiras, religiosos fanáticos e pensadores céticos têm se levantado em vão contra ela, em uma satânica tentativa de fazê-la desaparecer da face da Terra.

O pensador francês Voltaire (1694-1778), depois de intensa campanha, afirmou: Dentro de cem anos, o cristianismo deixará de existir. O político britânico Thomas Paine (1737-1809), outro ferrenho inimigo da Bíblia, declarou aos quatro ventos que a demoliria. Pobre homem! Paine morreu em desespero, mas o Livro Santo permanece dando vida abundante a milhões de seres humanos.

Billy Graham
Foto: Divulgação / BGEA

Outra razão que torna a Bíblia a mais preciosa publicação do mundo é a sua atualidade. Como dizia o evangelista estadunidense Billy Graham (1918-2018), embora escrita há milênios, sua mensagem é hoje mais atual do que o jornal que vai circular amanhã.

Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com

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