Família – 253
01/08/2020Palavra dos Patrocinadores – 253
01/08/2020Para os neomodernistas, o pecado não é um ato revoltoso contra Deus, que exige perdão divino, mas algo que o psiquiatra pode arrancar do subconsciente. O sentimento de culpa não passa de um impulso psíquico, o qual deve ser suprimido, pois, ficando na alma, cria complexos. Quanto à salvação, entendem que ela se trata apenas de um ato intelectual de aceitação de um conjunto de ideias e ideologias dissonantes. O Redentor não passaria de um exemplo a ser imitado.
Os neomodernistas afirmam que o Deus do Antigo Testamento foi somente um Deus tribal, tão corrupto como os seus adoradores; que o texto bíblico é simplesmente a forma com que certos homens exprimiram suas experiências; que Cristo morreu a morte de um mártir, e não uma morte substitutiva por nós; que não há ressurreição dos mortos (o corpo do Mestre foi transportado do túmulo de alguma maneira, porém não ressurgiu) e que Ele não era todo-poderoso.
Em toda a sua volumosa obra, o teólogo alemão Karl Barth (1886-1968) defende ainda outros pontos de vista contrários aos claros ensinos bíblicos. Entre eles:
– O deísmo-filosófico: Deus está no Céu, e nada nos é possível saber acerca dEle.
– A Bíblia é, de capa a capa, um conjunto de palavras humanas falíveis; não é a palavra do Criador, mas a contém.
– Jesus não teve um nascimento virginal, o que equivale a dizer que não é Deus, e sim um homem como Moisés, Confúcio ou Buda.
– Cristo morreu em desespero e mostrou, com sua morte, que nenhum homem pode achegar-se a Deus.
– A morte de Jesus não foi vicária, e Ele não cumpriu a justiça divina.
– A ressurreição de Cristo é um mito: Ele não saiu do túmulo, não apareceu aos discípulos, não ressuscitou. Karl Barth concorda com seu colega alemão David Friedrich Strauss (1808-1874) quando este afirma que a ressurreição não passou de um embuste-histórico.
– Não haverá segunda vinda de Cristo. Para Barth, é egoísta o cristão que alimenta a esperança de uma vida melhor após a morte. Ele, quando é verdadeiramente crente, não precisa da imortalidade da alma, nem do juízo final nem do Céu.
Ideologicamente, o neomodernismo é também uma negação do caráter absoluto da verdade. Não aceitando a autoridade da Bíblia, os neomodernistas compreenderam que era preciso descobrir uma nova autoridade, no entanto sem renegar as teorias hipotéticas da Alta Crítica, fonte de muitos males.
Muito embora violasse a regra geral pela qual se estabelece se uma ideia é verdadeira ou falsa, Karl Barth conseguiu criar uma autoridade suspensa no vácuo entre o Céu e a Terra. Essa nova autoridade se originou da fusão de dois elementos extremamente adversos: o cristianismo histórico e o conjunto de hipóteses da Alta Crítica. Como esses elementos são reconhecidamente irreconciliáveis, a lógica recomenda que se aceite um e rejeite o outro. Contudo, os neomodernistas aceitam e negam ambos, ao mesmo tempo, servindo-se de uma linguagem dúbia e subjetiva que nunca define nada, para os incautos não perceberem tais absurdos.
Segundo eles, uma ideia pode ser paradoxalmente verdadeira e falsa. Verdadeira do ponto de vista religioso e falsa do ponto de vista histórico. No dizer do teólogo e filósofo cristão Francis A. Schaeffer (1912-1984): Neste sistema, recebem-se as contradições com complacência, e saúdam-se com alegria tanto as variantes do pensamento com os próprios paradoxos. As palavras dos neomodernistas parecem bastante profundas, mas vistas na justa perspectiva, revelam-se mais próximas da loucura que da genialidade.
Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com