Clamor atendido
14/05/2025
Clamor atendido
14/05/2025
Foto: Schmidt / Gerado com IA / Adobe Stock
Abraão de Almeida

A celebração da Páscoa

Em nossa caminhada rumo à maturidade espiritual plena, passamos por aflições. Mas, por meio da perseverança e da virtude da fé, tendo o caráter provado e aprovado, Deus nos infunde esperança e amor para continuarmos trilhando o caminho. Olhando sempre para Cristo, celebramos a Ceia do Senhor, a festa da Páscoa, a qual comemorava a saída do povo israelita do Egito e o livramento dos primogênitos hebreus pelo sangue do cordeiro aspergido nos umbrais e vergas das portas de suas casas. Jesus, na noite em que foi traído, comeu a última refeição (Páscoa) com os discípulos e, a seguir, instituiu a ordenança da Ceia do Senhor como uma comemoração da morte dEle, inaugurando, assim, a Nova Aliança. Vejamos aqui, querido leitor, alguns passos dessa celebração da Festa da Libertação, também chamada de Pessach, o nome hebraico da Páscoa judaica, que significa passagem (pelo mar Vermelho).

A separação do animal – Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada casa. Mas, se a família for pequena para um cordeiro, então, tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; conforme o comer de cada um, fareis a conta para o cordeiro. O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras e o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde (Êx 12.3-6).

Essa festa profética foi cumprida por Jesus. Ele esteve separado durante quatro dias, de segunda a quinta-feira, os quais podem ser considerados também os quatro milênios desde a criação do mundo até à morte de Jesus, com base nos escritos de Pedro: Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por amor de vós (1 Pe 1.19,20).

Sangue do cordeiro aspergido nos umbrais e vergas das portas das casas para livrar primogênitos hebreus
Foto: rudall30 / Adobe Stock

O valor do sangue – Em Êxodo 12.7 (ARA), está escrito: Tomarão do sangue e o porão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem. Em outra tradução, a Nova Versão Transformadora (NVT), registra-se: Em seguida, tomarão um pouco do sangue e o passarão nos batentes laterais e no alto das portas das casas onde comerem o animal. O sangue, que apontava para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, conforme João 1.29, não seria aspergido na soleira da porta, para que não fosse pisado por ninguém. O sangue não era visto pelo israelita, e sim pelo Senhor. O israelita tinha de exercer a perfeita fé.

Como comer a carne do Cordeiro – E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães asmos; com ervas amargosas a comerão. Não comereis dele nada cru, nem cozido em água, senão assado ao fogo; a cabeça com os pés e com a fressura. E nada dele deixareis até pela manhã; mas o que dele ficar até pela manhã, queimareis no fogo. Assim, pois, o comereis: os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a Páscoa do Senhor.

O pão da Ceia do Senhor representa Cristo crucificado, que deve ser comido com ervas amargas – em atitude de contrição e arrependimento. O pão sem fermento significa sinceridade, sem hipocrisia. A cabeça, as pernas e as vísceras indicam a mente de Cristo, o trabalho para Cristo e a nossa comunhão com Ele. Nada deveria sobrar: o Salvador é só para hoje, pois amanhã Ele será Juiz. Os israelitas deveriam comer a Páscoa prontos para deixar o Egito, deixar o mundo e seguir o Mestre. O cinto na cintura indica preparação para o trabalho; as sandálias nos pés e o cajado na mão indicam preparação para caminhar com instrumento de apoio, que é a marca do peregrino.

Foto: Pixel-Shot / Adobe Stock

É servo do Senhor – Em João 15.15, Jesus diz: Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Há muitos cristãos vivendo apenas na condição de servos. Servir a Deus é um privilégio, é verdade, mas há um momento em que é necessário deixar de ser criança na fé e amadurecer, assumindo, assim, uma nova vida em Cristo.

O apóstolo Paulo declara que, em Corinto, havia crentes carnais, ou crianças: E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis; porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens? Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não é evidente que andais segundo os homens? (1 Co 3.1-4). Uma pessoa que vive na condição de servo enfrenta ainda diversas limitações. Conhece Jesus como o Salvador, o Caminho e o bom Pastor, embora o Redentor seja mais que tudo isso. No entanto, mesmo vivendo na condição de servo, o crente sabe que foi vivificado em Cristo quando ainda estava morto em transgressões, conforme escreveu Paulo aos efésios: Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos) (Ef 2.5). Por isso, o cristão vive de modo sensato: Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente (Tt 2.12), bem como exerce domínio sobre a alma: Destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo (2 Co 10.5).

Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *