Jornal das Boas-Novas – 247
01/02/2020Educação
01/02/2020Reforma e contrarreforma
Com o advento da Reforma Religiosa no século 16, a tradição católica foi desafiada pelos reformadores. Estes se apegaram às Escrituras Sagradas e trouxeram à lume os grandes fundamentos da fé cristã – a autoridade suprema da Bíblia, a justificação pela fé, o verdadeiro significado dos sacramentos, o sacerdócio universal dos crentes –, tornando célebres as cinco proposições teológicas principais do Protestantismo: Sola Fide (somente a fé), Sola Scriptura (somente a Escritura), Solus Christus (somente Cristo), Sola Gratia (somente a graça) e Soli Deo Gloria (glória somente a Deus).
A Igreja Católica Romana, ao se ver ameaçada, organizou a sua contrarreforma principalmente pela convocação do Concílio de Trento, que se reuniu durante 18 anos (de 1545 a 1563). Naquele concílio, ficaram confirmados pela Igreja Católica todos os dogmas anteriormente aceitos. A tradição foi considerada de valor igual ao da Bíblia, e ainda juntaram-se ao cânon do Antigo Testamento os livros e aditamentos apócrifos.
Dos séculos 16 ao 19, poucas tentativas ocorreram no sentido de mudar a teologia romana. No entanto, com a revolução industrial e a alta crítica do Livro Sagrado, em fins do século 19, essa teologia passa por profunda renovação, retornando, entretanto, à doutrina escolástica de Tomás de Aquino (1225-1274), caracterizada pela tentativa de conciliar o aristotelismo com o cristianismo, como já vimos em edições anteriores de Graça/Show da Fé.
Embora Aristóteles (384-322 a.C.) ensinasse a eternidade do mundo e negasse a imortalidade pessoal, trazia em sua filosofia alguns pontos em comum com a teologia do catolicismo romano medieval. Tomás de Aquino modificou os conceitos aristotélicos e adotou em sua teologia os seguintes pontos do grande pensador grego: a doutrina de substância e acidente; a teoria hilomórfica (doutrina que define a essência dos corpos como resultado da união de dois princípios, chamados de matéria e forma); a distinção entre ato e potência, essência e existência e o conceito de que a alma é a forma do corpo.
Para provar a existência do Altíssimo, Tomás de Aquino não parte da ideia de Deus, mas dos efeitos por Ele produzidos. Para ele, há uma série de causas eficientes, causas e efeitos, ao mesmo tempo; não sendo possível remontar indefinidamente na série das causas, logo há uma causa primeira, não causada, que é Deus.