Igreja
02/02/2020Carta do Pastor à ovelha – 248
01/03/2020Galileu, a Inquisição e a Bíblia
A descoberta do astrônomo e matemático polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) à teologia tradicional – que desenvolveu a teoria heliocêntrica do sistema solar – foi também assegurada pelo físico florentino Galileu Galilei (1564-1642) ao negar todos os antiquados conceitos astronômicos até então em voga. Sua obra foi considerada pelo Santo Ofício como sendo mais perigosa que as de Martinho Lutero e João Calvino.
Acusado de perjúrio e heresia pelos clericalistas, Galileu, já com 70 anos, foi obrigado a comparecer perante o Tribunal da Inquisição, em Roma. Na manhã de 22 de junho de 1633, ajoelhado diante de seus inimigos, ele, para salvar a vida, abjura seus “erros” e suas “heresias” e renega todas as suas sensacionais descobertas.
Hoje, depois de mais de 300 anos de observações astronômicas que confirmam, de forma indiscutível, o sistema heliocêntrico, surgiu, no seio do romanismo, um movimento pela reabilitação de Galileu Galilei. Em 1968, o cardeal Franz Koenig, arcebispo de Viena, referiu-se à possibilidade de ser criada uma comissão para rever o processo contra o sábio, que foi excomungado. Em 1981 foi elaborada a comissão, e, em 1992, Galileu foi reabilitado pelos católicos romanos.
Nos dias desse físico, quando mais se digladiavam teólogos que pretendiam ser cientistas e cientistas que pretendiam ser teólogos, que o papa Urbano VIII, pontífice de 1632 a 1644, assinou o seu decreto, pelo qual declarava que a afirmação de que a terra não é o centro do mundo e de que ela se desloca com um movimento diurno é coisa absurda, filosoficamente falsa; e errônea, quanto à fé.
No entanto, a dificuldade de os líderes religiosos acompanharem a evolução científica não se fez sentir apenas em relação à astronomia. O jurista e matemático François Viète (1540-1603), fundador da álgebra moderna, conseguiu, em poucos dias, decifrar criptogramas da Espanha, quando os espanhóis guerreavam contra a França. Apesar de fiel católico, Viète, acusado de necromante e feiticeiro, foi intimado pelo papa Xisto V a comparecer perante os inquisidores.
A Bíblia, a vítima – A mais grave de todas as divergências entre fé e ciência foi expor a Palavra de Deus ao cerrado ataque dos partidários da evolução científica, como se a Bíblia fosse a base da teologia medieval.
A Escritura Sagrada, todavia, jamais apoiou os erros de que estava manchada a doutrina romanista, pois, hoje, incólume, a Bíblia é o livro por excelência de milhões de pessoas em mais de duas mil línguas e dialetos, inclusive de luminares do saber que forjam a nossa era espacial nos sofisticados centros de pesquisas.
Como infalível Palavra de Deus, o Livro Santo está à frente da ciência moderna, pois esta, como tudo o que é humano, está rodeada de limitações. O homem culto e honesto conhece as fronteiras do seu próprio saber. O médico não deixa a faculdade conhecendo tudo sobre o corpo humano. Se desejar especializar-se em um ramo específico da Medicina terá de continuar estudando.
As bibliotecas do mundo inteiro guardam dezenas de milhares de livros científicos que se desatualizaram apenas algumas décadas depois de escritos! É a evolução natural do conhecimento humano. Das 50 mil publicações do século 17, apenas 59 foram reeditadas. Mas a Escritura foi completada há 19 séculos e permanece atual – moral, teológica e cientificamente! Na realidade, ela nunca apoiou as teorias absurdas dos vaidosos cientistas ou filósofos do passado e do presente, e muito menos os “dogmas” dos escolásticos dela divorciados.
Inúmeras verdades relacionadas com a terra, sobre as quais não se admite a menor objeção por estarem plenamente confirmadas, estão registradas no Livro dos livros, destacando-se as seguintes dentre elas:
– As pequenas dimensões da Terra, em relação ao Universo visível a olho nu, são uma prova da impossibilidade do geocentrismo (Jó 26.7-14).
– Os céus e a Terra foram criados na mais remota Antiguidade (Gn 1.1).
– A Terra é redonda, ou esférica, coisa negada pelos antigos (Is 40.22).
– O globo terrestre está suspenso sobre o espaço vazio (Jó 26.7).
– A crosta da Terra está assentada sobre um fogo interior (Jó 28.5), e essa crosta saiu das águas, sob as quais esteve muito tempo (Gn 1.9).
– A Terra está envolvida em uma atmosfera (Gn 1.7).
– As maiores montanhas do globo foram empurradas do interior da Terra pelo fogo (Sl 104.6-9).
– Os céus não são uma abóboda sólida, nem um firmamento, mas “a expansão” (Gn. 1.7).
– A luz existia e dava vida à vegetação do período primário (Gn 1.5).
– O ar, apesar de impalpável, tem peso (Jó 28.25).
– Os ventos andam em circuitos e voltam sempre ao ponto de partida (Ec 1.6).
– As estrelas são incontáveis, apesar de os antigos não enumerarem mais do que alguns milhares (Gn 22.17).
– Os astros são corpos materiais e não exercem quaisquer influências sobre os destinos de homens e nações, e não são divindades, como afirmavam os astrólogos do passado (Sl 8.3).
– As plantas existiam antes do homem (Gn 1.11).
– Os animais do mar e do ar foram criados antes que os da terra (Gn 1.21,22).
– As aves são contemporâneas dos peixes e dos animais marinhos, portanto são anteriores aos quadrúpedes e mamíferos (Gn 1.20).
– O homem apareceu muito tempo depois das plantas, das aves, dos animais marinhos, insetos, répteis e outros animais terrestres (Gn 1.26).
– A vida do corpo está no sangue (Lv 17.11).
– A diferença biológica e a citológica entre os vários grupos de seres vivos (1 Co 15.39).
Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com