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01/07/2020BRASIL MAIS EVANGÉLICO
Cristãos protestantes poderão ser maioria no país a partir de 2032
Por Ana Cleide Pacheco
Dados recentes, divulgados pelo instituto de pesquisas Datafolha, revelam que os evangélicos representam 31% da população nacional – de 211,7 milhões de habitantes, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual é 40% maior que o apontado pelo último Censo do IBGE, de 2010. Naquela ocasião, essa parcela religiosa correspondia a 22% dos 195,7 milhões de brasileiros.
Se o ritmo de subida permanecer, é possível que o rebanho protestante se torne o maior grupo religioso do país ainda no início da década de 2030. A estimativa é do demógrafo e professor aposentado da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, José Eustáquio Diniz Alves. “NoBrasil, a quantidade de seguidores da religião evangélica cresceu, em média, 0,8% ao ano, desde 2010. Já a de católicos diminuiu 1,2% no mesmo período. Desse modo, a progressão geométrica aponta que cada uma das duas religiões equivalerá a cerca de 40% da população em 2032”, calcula Alves. De acordo com o demógrafo, se a curva do crescimento evangélico se mantiver, a partir de 2032, esse grupo deverá se tornar maioria em nossa nação, desbancando os católicos, que são o maior segmento religioso nacional (50% da sociedade).
No entanto, isso se trata apenas de uma estimativa, podendo ou não se concretizar. “Projeções desse tipo são feitas por amostragem, portanto há uma margem de erro”, argumenta Maria Goreth Santos, doutora em Ciências Sociais, especialista em Sociologia da Religião e pesquisadora do IBGE. Ela lembra que o perfil religioso da população só pode ser determinado pelo recenseamento do IBGE, levado a efeito de dez em dez anos. Para haver números concretos, será necessário esperar pela nova sondagem populacional que ocorrerá em breve. “Os últimos dados censitários, em 2010, demonstraram um crescimento consolidado dos evangélicos, conforme vinham apresentando os censos anteriores. Em 2000, 15,6% da população se declarava evangélica. Dez anos depois, a proporção pulou para 22,2% do total de brasileiros”, contabiliza.
Maria Goreth menciona razões que contribuíram para o aumento do número de crentes no Brasil. “Os evangélicos nunca ficaram restritos aos templos, são conhecidos justamente por suas atitudes de evangelização, ações sociais e ajuntamentos externos, como encher estádios com grandes encontros evangelísticos.” Além disso, ela destaca que eles ocupam espaço na mídia, na cultura e na política há tempos. “Não há dúvidas de que a visibilidade dessa presença é maior agora, uma vez que as lideranças estão se posicionando mais abertamente sobre suas escolhas políticas e partidárias. E esses dirigentes fazem com que seus fiéis se manifestem de igual modo.”
Natureza orgânica – Outro fator relacionado a esse aumento é a multiplicação de igrejas, especialmente as neopentecostais. A cientista social e pesquisadora Christina Vital da Cunha vê como uma característica marcante do universo protestante as cisões e o correspondente nascimento de outras congregações. “Sendo assim, o surgimento de novos templos faz parte da dinâmica desse grupo religioso”, explica Christina, professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF). “Em artigo publicado no periódico científico Debates do NER [Núcleo de Estudos da Religião], expomos números de um estudo em que acompanhamos o surgimento de templos religiosos no Rio de Janeiro de 2006 a 2016. De todos os templos criados no período, 88,6% eram evangélicos. Nesse universo evangélico, 85% eram de denominações pentecostais e neopentecostais”, informa Cunha.
Contudo, o Pr. Rubens Muzio, missionário da SEPAL (Servindo Pastores e Líderes), a proliferação de igrejas ocorre dá apenas por divisões ou cismas, mas também pela natureza orgânica da igreja de se multiplicar. “O número dos evangélicos cresceu, e o número de templos também, visto que a maioria das igrejas tem, digamos, esse costume, essa tradição. É natural para as instituições a plantação das ‘igrejas filhas’.” Pastor sênior da Igreja Presbiteriana de Vila Judith, em Londrina (PR), e professor da Faculdade Teológica Sul Americana (FTSA), Muzio frisa a presença dos evangélicos na mídia como um ponto importante para essa ascendência. “As igrejas protestantes, nas últimas décadas, apropriaram-se de técnicas e das tecnologias dos meios de comunicação, o que foi positivo. Elas utilizam os mecanismos tradicionais, como a TV e o rádio, e as ferramentas mais novas, como a internet. A igreja evangélica brasileira tem esse perfil, e isso é um aspecto relevante a ser considerado.”
Rubens Muzio acrescenta que uma análise mais profunda do assunto abordado teria de caminhar por outras três dimensões além da questão meramente numérica: a conceitual, a orgânica e a diaconal. Na dimensão conceitual, seria abarcada uma análise do estado de desenvolvimento da teologia bíblica, da cosmovisão, das igrejas e de outros elementos. Na orgânica, o crescimento seria avaliado quanto à saúde e à profundidade dos relacionamentos dentro das comunidades e como elas administram seus conflitos, entre outros aspectos. E, finalmente, seria necessária a verificação do crescimento da diaconia, que indica a sustentabilidade da ação social. “Então, quando pensamos na qualidade desse crescimento, temos de refletir sobre números e acerca de todos esses conceitos.”
Investimento em discipulado – Seguindo raciocínio semelhante ao de Muzio, o escritor e professor Magno Paganelli, pastor auxiliar da Assembleia de Deus Bereana em Vila Mariana, na cidade de São Paulo (SP), pensa ser primordial investir no ensino consistente da Palavra a fim de haver um crescimento qualitativo. “Estive em Santarém, no Pará, e observei que estão implantando um programa de discipulado eficaz”, exemplifica. O número de gente que aceitava o Evangelho naquela cidade, salienta Paganelli, e daqueles que efetivamente se batizavam era bastante diferente. Em 2018, cerca de duas mil pessoas se converteram a Jesus, entretanto só 120 desceram as águas. “Sendo assim, ‘ganhavam-se’ várias pessoas para Cristo, no entanto discipulavam-se poucas.” Para o pregador, o cenário mudou quando houve envolvimento e investimento da igreja no ensino e no acompanhamento dos novos convertidos. “Em 2019, pelo menos, 1.200 pessoas se converteram e 900 foram batizadas. Esse trabalho mais focado está fazendo quem foi para a igreja pelos mais variados motivos poder realmente se firmar na fé”, sublinha ele, o qual também é jornalista, doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Ciências da Religião pela Universidade Mackenzie.
O Pr. Fábio Luiz Joaquim da Silva, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Sapopemba, na zona leste de São Paulo (SP), acredita na força do discipulado. Ele lembra que Jesus é o maior modelo disso, pois dedicou grande parte do Seu ministério ao ensinamento do Reino. “Cristo mostrou aos Seus seguidores que existia o caminho da verdade, a Palavra, a qual operava naquilo que as pessoas precisavam. E o Mestre fez isso discipulando”, resume. O pastor sinaliza que o ensino faz o povo não ser mero ouvinte das Escrituras, e sim praticante do Evangelho. “Dessa maneira, o crescimento não será um ‘inchaço’, e as vidas alcançadas estarão firmadas em Deus.”
A opinião de Silva é compartilhada pelo Pr. Eduardo Galhardo, da IIGD em Limeira (SP). Ele acentua que esse movimento, rumo a um crescimento qualitativo, tem se tornado uma constante no país afora. “O discipulado e o acompanhamento são fatores significativos e têm sido observados pelas igrejas. As pessoas conhecem o Senhor e caminham com Ele. Quem ganha com isso é o Reino divino”, celebra. O líder crê que o avanço dos evangélicos nas estatísticas está sucedendo porque a sociedade, de modo geral, tem compreendido a necessidade de se voltar para o Altíssimo. “Muitos que se guiavam pelo próprio entendimento estão percebendo sua impotência diante dos problemas e das necessidades, reconhecendo, assim, que, sem Deus, não são nada.” O pastor enfatiza que há vários cristãos atuando em diversas esferas da sociedade, como educação, mídia e política. “Estamos testemunhando que só Cristo é o Caminho, e, com isso, está havendo uma propagação maior do Evangelho”, conclui.
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Daqui até la Jesus já voltou
Não sabemos o dia e a hora. Por isso, estejamos preparados para este dia glorioso! Amém?
Amém!