
FÉ FRUTÍFERA
13/10/2025

FESTA DAS PRIMÍCIAS (PENTECOSTE) E FRUTIFICAÇÃO
Nesta edição, falaremos da Festa das Primícias (Lv 23.15-21) – em hebraico, Chag Ha Bikurim –, que, por ocorrer 50 dias após a Páscoa, passou a ser chamada de Pentecoste (em grego, pentēkostḗ, que significa quinquagésimo).
Vejamos a tipologia dos animais ofertados a Deus nas Primícias: a) morrem sete cordeiros, que significam uma entrega perfeita, total e voluntária; b) morre um bezerro, símbolo de mansidão e serviço; c) morre um bode, símbolo da nossa natureza pecaminosa; d) morrem dois carneiros, que simbolizam uma maior convicção do sacrifício substitutivo de Cristo na cruz.
A partir do Novo Testamento, Pentecoste passou a significar unção, poder, capacitação. Jesus foi ungido com poder para desempenhar a Sua missão, como anunciou o profeta Isaías: O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, […] a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; […] a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua glória (Is 61.1-3 – ARA).

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Maior frutificação – Nesse estágio do seu desenvolvimento espiritual, o crente produz mais fruto em virtude da limpeza operada nele pela Palavra de Deus (Jo 15.2). No culto judaico, era impossível entrar no Lugar Santo sem se lavar na bacia de bronze, que ficava próxima do segundo véu. Se, no pátio, a pessoa dava fruto, ou seja, 30 por 1, agora passa a dar o dobro de frutos: 60 por 1 (Mc 4.8).
Mateus fala da frutificação na ordem decrescente, ao passo que Marcos usa a ordem inversa. Olhando a frutificação a partir do Santíssimo Lugar – onde Mateus coloca Jesus como Rei – temos 100, 60 e 30 por 1 (Mt 13.8). Olhando a partir do pátio – onde Marcos apresenta Jesus como Servo – a sequência passa a ser 30, 60 e 100 por 1.
É bom salientar que uma produção cem vezes maior do que a quantidade semeada era algo raríssimo, especialmente nos dias do Mestre na Terra, quando uma boa colheita não chegava sequer aos 30 por 1. Diz a Bíblia que Isaque formou lavoura em Gerar, e colheu, naquele mesmo ano, cem medidas, porque o SENHOR o abençoava (Gn 26.12).
O que nos surpreende nessa parábola é o fato de a frutificação variar tanto indevidamente, pois a terra e a semente são boas. Ficaria mais claro se Jesus dissesse: uma terra regular recebeu uma semente regular e deu uma produção regular: 30 por 1. Uma terra boa recebeu uma semente boa e deu uma produção boa: 60 por 1. Uma terra excelente recebeu uma semente excelente e deu uma produção excelente: 100 por 1.
No entanto, Jesus não está falando de três tipos de terra nem de três tipos de semente seguindo uma lógica humana: a variação ocorre pela maneira como cuidamos ou descuidamos da nossa terra boa e da boa semente da Palavra. Assim, a mesma pessoa que, no pátio do tabernáculo, frutifica 30 por 1, frutificará 60 por 1 no Lugar Santo e 100 por 1 no Lugar Santíssimo.

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Em João 15, o ensino do Mestre acerca do nosso crescimento espiritual é enfático quanto ao nosso papel na busca da maturidade. A decisão de crescer ou não está toda do nosso lado. Vemos isso em João 15.2 – ARA: Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. A nossa prioridade é estar em Cristo para crescer (v. 4, 5, 7 e 8) ou não estar nEle para ser lançado fora (v. 6). O Messias garante que seremos Seus amigos se fizermos o que Ele nos ordena (v. 14) e já não nos chama de servos: Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer (v. 15). É clara a nossa responsabilidade. O degrau ascendente que nos eleva da condição de servos para a de amigos é a obediência.
O apóstolo João registrou: Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno (1 Jo 2.14b). Pelo fato de o apóstolo também se dirigir em sua carta aos filhinhos e aos pais, percebemos que ele tem em mente não a idade de seus destinatários, mas o nível deles em maturidade. Assim, os filhos tiveram os seus pecados perdoados (v. 12) e conhecem o Pai (v. 14) – ou seja, são os novos convertidos. No versículo 13, João escreve aos pais, dizendo que eles conhecem Aquele que é desde o princípio – estes são os crentes maduros na fé.
Senhor de todos – Como amigo de Jesus, a intimidade aumenta, como cresce também o conhecimento do Filho de Deus. O nascimento de Jesus foi comunicado por um anjo aos pastores de Belém nas seguintes palavras: na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor (Lc 2.11). Note a sequência dos títulos de Jesus: Salvador, Cristo e Senhor. Inicialmente, conhecemos Jesus como o nosso Salvador, que é o significado de Seu Nome. No entanto, Ele é mais do que Salvador: é o Cristo; e mais do que Cristo, é o Senhor. Essa mesma sequência dos títulos de Jesus está registrada em Atos 10.36 (ARA): Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos. Jesus Cristo significa Salvador Ungido, expressão que vem sucedida de o Senhor de todos.
Os dois versos seguintes – Vós conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judeia, tendo começado desde a Galileia, depois do batismo que João pregou, como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele (At 10.37,38 – ARA), ensinam-nos que, quando conhecemos Jesus como Aquele que foi ungido pelo Pai celestial com o Espírito Santo e poder, a nossa fé aumenta.
Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com