
FÉ FRUTÍFERA
13/10/2025
Fotos: Arquivo pessoal
Por Evandro Teixeira
Casados há quase duas décadas, a dona de casa Patrícia Rosa Gomes, 38 anos, e o microempreendedor Leandro da Silva Gomes, 44, tiveram o primeiro filho em 2010. Atualmente com 15 anos, Yuri Gabriel conta que, durante a infância, pedia aos pais que lhe dessem um irmão. Em 2018, a família recebeu a notícia de que Patrícia estava grávida, mas a felicidade deu lugar à tristeza. No quarto mês de gestação, uma ultrassonografia mostrou o bebê já sem vida no ventre materno. Aquela experiência abalou o casal, porém, passado o luto, Patrícia e Leandro mantiveram o desejo de ter mais um filho. Eles só não imaginavam que enfrentariam tantos obstáculos para realizar esse sonho.
As dificuldades foram tão grandes que afetaram até o casamento. Ainda assim, em 2019, vivenciaram uma nova gestação. Entretanto, com apenas um mês de vida, a filha do casal faleceu. Essa perda devastadora desencadeou em Patrícia um quadro de depressão [doença mental que afeta o humor, o pensamento e o comportamento], que a fez buscar socorro em Deus. Em profunda crise emocional, ela notou que o marido não compartilhava dessa dor na mesma medida, o que a levou a cogitar a separação. De sua parte, Leandro reconhece que, antes mesmo da morte do segundo bebê, o relacionamento já passava por momentos delicados. Para ele, esse acontecimento trágico só agravou a situação. Nessa fase, o casal permanecia distante da fé cristã.

Embora frequentasse a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Imbariê, bairro de Duque de Caxias (RJ), na Baixada Fluminense, Leandro revela que não havia se reconciliado verdadeiramente com o Senhor. No entanto, ao ver o sofrimento da esposa, compreendeu que ambos precisavam enfrentar e superar aquela dor juntos. “Tive muita dificuldade para aceitar a morte da minha filha”, afirma Patrícia, relatando que, de acordo com o médico, a criança nascera com uma cardiopatia congênita [má-formação na estrutura do coração ainda na fase embrionária], um problema que não foi diagnosticado durante o pré-natal. Depois daquela fatalidade, Patrícia passou a consumir bebidas alcoólicas com frequência, tornando o momento muito mais difícil, segundo o marido.
Ainda em 2019, Leandro conseguiu levar a esposa à IIGD para um atendimento no gabinete pastoral. Naquele dia, o casal revelou todo o sofrimento que vinha enfrentando e recebeu uma Palavra de conforto, fé e esperança, mas Patrícia saiu de lá ainda cética. Na ocasião, ela já havia iniciado um tratamento psiquiátrico e fazia uso de diferentes remédios. Entretanto, em 2020, vivenciou mais uma crise depressiva, provocada por uma expectativa de gravidez que nunca se concretizava. Abalada, ela decidiu sair de casa e ir morar com uma sobrinha, onde permaneceu por dois meses. O que Patrícia não sabia é que estava grávida. Devido à manutenção do ciclo menstrual, ela não desconfiou, mas, ao parar de menstruar, decidiu ir ao médico, que confirmou sua gravidez de nove semanas. Ao ser submetida a um exame de ultrassonografia, descobriu que havia dois fetos.
Milagre de Deus – Em março de 2021, após uma gestação tranquila, nasceram os gêmeos Heitor e Emily, hoje com quatro anos. Para os pais, os primeiros dias ao lado dos filhos foram de muita alegria e reconhecimento de que eram fruto de um milagre, especialmente porque os antidepressivos que Patrícia usava poderiam ter comprometido a gravidez. Depois do nascimento das crianças, ela interrompeu o tratamento contra a depressão e, devido a isso, não dormia bem. “Dependia de remédio para pegar no sono e chegava a ter até alucinações. Foi quando percebi que se tratava de algo espiritual”, relata.

Sem o acompanhamento adequado, Patrícia passou a se irritar com facilidade, principalmente diante da rotina intensa de cuidado com os gêmeos. Com o acúmulo da pressão emocional, em 2023, ela apresentou um descontrole intenso. Em uma tentativa desesperada de vencer a depressão, ingeriu vários medicamentos de uma só vez, colocando sua vida em risco. Ao retornar do trabalho e tomar conhecimento da gravidade da situação, Leandro levou a esposa a uma unidade de emergência.
Durante o processo de desintoxicação, Patrícia se lembra de que, mesmo sem conseguir reagir, ouvia a voz do marido em oração, clamando a Deus por ela. Aquela experiência marcou um ponto de virada: ainda naquele ano, ela se reconciliou com Cristo — decisão que também tocou o coração de Leandro. A partir de então, eles passaram a congregar na IIGD em Imbariê, liderada atualmente pelo Pr. Alexandro Pereira dos Santos.
Livre do uso de medicamentos, ela conseguiu restaurar seu casamento e a harmonia de seu lar, reencontrando a alegria de viver ao lado do marido e dos filhos. “Minha família vive guiada pelo Espírito Santo. Deus é o Senhor da minha casa. Nossa vida tomou um novo rumo e ganhou uma nova história”, testemunha, citando João 8.32: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.