“Sinto-me feliz”
25/07/2024Olhar adiante
31/07/2024De Abraão ao Milênio
Sempre chamou a minha atenção a presença do número sete na Bíblia, bem como dos seus múltiplos, especialmente quando esse numeral aparece de modo exagerado, como nos casos que mencionarei neste artigo.
Os saduceus, na tentativa de argumentar com Jesus contra a doutrina da ressurreição, contaram a história de uma mulher que se casou, e seu marido morreu sem lhe deixar filho. Então, o irmão mais velho do falecido casou-se com ela e também morreu sem lhe deixar filho. Depois, veio o terceiro, o quarto, quinto, o sexto e o sétimo irmão e também nenhum desses lhe deram filhos, até que ela morreu (Mc 12.18-27). O exagero nesse relato está na quantidade: sete. Seria mais crível se fossem dois ou três irmãos, mas sete?
O algarismo também aparece na pergunta do apóstolo Pedro ao Messias em Mateus 18.21: Então, Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Em Lucas 17.4, Jesus fala sobre perdoar até sete vezes no dia: Se pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe.
Será que é possível uma pessoa pecar contra outra 490 vezes no mesmo dia e 490 vezes lhe pedir perdão? Quando o discípulo perguntou acerca de perdoar ao ofensor até sete vezes, o Mestre lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete (Mt 18.22).
Creio que a razão pela qual o Salvador menciona setenta vezes sete é a forte ligação que esse número tem com Israel. Desde a chamada de Abraão até o final da Grande Tribulação, há quatro períodos de 70 semanas de anos (70×7 anos, ou 490 anos) relacionados à Terra Prometida.
Primeiro período – De Abraão a Êxodo (total: 505 anos): Esse extenso período inclui o cativeiro egípcio, mas não os 15 anos da presença de Ismael no seio da família de Abraão (Gn 16.3,4). Abrão foi chamado por Deus aos 75 anos de idade, e Ismael nasceu quando o patriarca estava com 86 anos. Quando Abraão tinha cem anos, e Ismael, 15, nasceu Isaque. Portanto, Deus prolongou a permanência de Israel no Egito por mais 15 anos. Do total de 505 anos, menos os 15 anos da presença de Ismael na casa de Abraão, temos 490 anos.
Segundo período – De Êxodo a dedicação do Templo (total: 573 anos): No deserto: 40 anos; sob os juízes: 450 anos; sob Saul: 40 anos; sob Davi: 40 anos; sob Salomão: 3 anos: E sucedeu que, no ano quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, no ano quarto do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de zive (este é o mês segundo), Salomão começou a edificar a Casa do Senhor (1 Rs 6.1). No ano quarto, se pôs o fundamento da Casa do Senhor, no mês de zive (1 Rs 6.37).
Assim, temos: 40+450+40+40+3=573 anos.
Menos o cativeiro sob Cuchã-Risataim, 8 anos (Jz 3.8). Menos o cativeiro sob Eglom, rei dos moabitas, 18 anos (Jz 3.14). Menos o cativeiro sob Jabim, 20 anos (Jz 4.3). Menos o cativeiro sob os midianitas, 7 anos (Jz 6.1). Menos o cativeiro sob os filisteus, 40 anos (Jz 13.1).
São assim: 8 + 18 + 20 + 7 + 40 = 93 anos de cativeiro. 573 – 93 = 480 anos
Considerando os sete anos da construção do templo (1 Rs 6.38) mais os três anos de acabamento e provisão (1 Rs 7.13-51), são: 480 anos + 7 + 3 = 490 anos.
Terceiro período – Do templo até o regresso de Neemias (total: 560 anos): O texto de Neemias 2.1-10 trata da ida desse servo a Jerusalém a fim de reconstruir a cidade. O decreto de Artaxerxes foi assinado no vigésimo ano de seu governo. Menos os 70 anos de cativeiro (Jr 25.11; Dn 9.2).
Conclusão: 560-70=490 anos
Quarto período – De Neemias até a vinda de Jesus para o Milênio (total: 490 anos): Esse último período de 70 semanas de anos está dividido em três momentos: sete semanas para a reconstrução de Jerusalém, 62 semanas desde a reconstrução de Jerusalém até a morte e ressurreição do Messias, e uma semana do arrebatamento da Igreja até o retorno de Cristo para o seu reinado no Milênio.
Conclusão: 49+434+7=490 anos.
Durante o longo período que vai da morte de Jesus até o arrebatamento da Igreja, Israel está cortado. É como se o calendário dessa nação parasse para que o da Igreja entrasse em vigor. A partir do rapto, o calendário de Israel volta a funcionar, a fim de que a nação cumpra a última semana de anos, que, por sinal, está dividida ao meio: Tribulação e Grande Tribulação.
Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com