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“Espiritualidade transformadora”

Pastor alerta: sem oração, o cristão é infrutífero e vivencia apenas um cristianismo nominal

Por Patrícia Scott

A oração é um dos pilares da fé cristã. O apóstolo Tiago, por exemplo, informa que ela pode muito em seus efeitos (Tg 5.16). O próprio Jesus Se retirava para ficar sozinho  com o Pai e ainda ensinou aos discípulos como convinha orar (Mt 6.5-15) e buscar o Senhor (Lc 11.9,10). Entretanto, versículos como esses podem ser mal interpretados e levar a uma visão equivocada a respeito desse tema.

Talvez há quem pense que orar é simplesmente dedicar tempo recitando uma lista de problemas e desejos. Na verdade, representa muito mais do que isso. “Trata-se de um momento de comunhão, de conexão com Deus”, afirma o Pr. Javan Ferreira, 59 anos, líder da Igreja Batista em Bela Vista, Osasco (SP), e diretor do Instituto Dókimos de Teologia e Liderança. “Além disso, é preciso crer que o Senhor é poderoso para realizar na vida da pessoa aquilo que, aos olhos humanos, é impossível”, assinala Ferreira, destacando, nesta entrevista à Graça/Show da Fé, outros importantes aspectos da oração.

À luz das Sagradas Escrituras, o que significa orar?

Vai além do falar com Deus, seja individualmente no quarto seja em uma comunidade reunida. A oração promove um estado de espírito que gera sintonia com o Senhor. Com o coração humilde e quebrantado, o fiel se rende à presença do Pai, exercendo a fé ao adorá-Lo em espírito e em verdade. Ele lança sobre o Altíssimo todas as preocupações e busca ouvir a voz dEle pela Palavra e pelo agir do Espírito Santo.

Qual é a importância da oração na vida do cristão?

A vida cristã sem oração está fadada a ser infrutífera. Será apenas um cristianismo nominal, de religiosidade. Talvez, repleto de misticismos ou tradições, porém sem a espiritualidade transformadora, que tem a ver com a prática do clamor diário, como testemunho de devoção, dependência e confiança em Deus, conforme orientaram Jesus e os apóstolos.

O que Cristo dizia a respeito da oração?

Jesus orou e ensinou a oração como meio de fortalecimento espiritual. O Mestre fez dessa prática o Seu momento de maior comunhão com o Pai, a oportunidade para demonstrar submissão e confiança no poder e na autoridade dAquele que O enviara para realizar a obra da salvação. Cristo orou em favor de Si mesmo e dos Seus discípulos, ensinando-lhes que fizessem o mesmo uns pelos outros. A oração os manteria firmes na fé e unidos para o cumprimento do chamado. Jesus disse: Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26.41). O Mestre sabia que, sem a oração, Seus discípulos se perderiam, pois eram presas fáceis para a própria carne e o diabo, e a missão deles seria comprometida.

Como explicar a orientação de Paulo aos tessalonicenses: Orai sem cessar (1 Ts 5.17)?

O apóstolo os encorajava a ter uma vida de oração constante e persistente e a perseverar na fé em qualquer circunstância. Paulo não estava preocupado com as orações formais feitas nos cultos, mas desejava que aqueles cristãos não negligenciassem o viver pela fé. Orar sem cessar significa levar todas as coisas, em todo tempo, à presença de Deus.

Quais são os benefícios da oração?

É o exercício da fé, pois, sem ela, é impossível agradar a Deus (Hb 11.6 – ARA). Longe da fé, não há confiança nem esperança. Podemos elencar muitos benefícios da oração: intimidade e comunhão com Deus (a pessoa que ora está na presença do Senhor e fica sintonizada com Ele), confiança no caráter e nas promessas do Todo-Poderoso, que cumpre os termos da aliança feita com quem O busca em o Nome de Jesus Cristo, paz de espírito por descansar no Altíssimo; iluminação para entender a Palavra, aplicá-la à própria vida e ensiná-la para os outros, vitória sobre a carne e o diabo; unidade com a Igreja pela fé, amor ao próximo quando oramos em favor dos outros e testemunho de fé para que as pessoas também creiam em Deus e clamem a Ele.

Como manter uma rotina de oração?

A oração é desenvolvida quando a pessoa se habitua a essa prática como algo indispensável. Para criar uma rotina, não basta começar: é necessário haver propósito, atitude, ações diárias e disciplina. No entanto, o mais importante é não ser uma rotina pela rotina, e sim uma experiência diária agradável. Sem dúvida, Deus sempre está pronto a ouvir aquele que O busca em verdade.

Quando o Senhor fica em silêncio diante de uma oração, o que pode significar?

Talvez Deus esteja dizendo: “Espere, pois o atenderei no Meu tempo; tenha paciência. Estou preparando você para receber a bênção”. Ou: “Examine-se, reconsidere a sua vida, conclua se o que está pedindo realmente faz sentido para você”.

O Criador responde a todas as orações?

É possível afirmar que o Senhor responde a todas elas, quando entendemos que, além de dizer “sim”, Ele também diz “não” e “espere”.

Qual deve ser a estrutura da oração?

Deve seguir a necessidade de quem ora, assim como as circunstâncias nas quais a oração é feita. É indispensável haver fé sincera em Jesus Cristo como o único Mediador entre Deus e os homens; um coração humilde e quebrantado, pronto a pedir perdão; um espírito de adorador, o qual bendiga o Altíssimo e a Ele se renda, bem como a confiança no poder e na autoridade do Senhor sobre todas as coisas.

Poderia explicar o que Paulo quis dizer em Romanos 8.26 e 27, a respeito da maneira que oramos?

Nessa passagem, o apóstolo ensina que não sabemos orar como convém, mas o Espírito Santo  intercede por nós. Muitas orações não são atendidas, porque não sabemos o que é melhor. No entanto, podemos descansar na providência e no cuidado do Criador, pois o Espírito de Deus conhece as nossas reais e profundas necessidades (Ef 3.20).

Como perseverar em oração quando as circunstâncias parecem não mudar?

É fundamental avaliar se o pedido feito a Deus está em conformidade com a vontade dEle e sujeitá-lo à soberania divina. Em nenhum lugar da Bíblia está escrito que o Altíssimo atenderá de acordo com o pedido e a perseverança. Basta observar as palavras do Mestre em João 14.13-15: E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. Em 1 João 5.14,15, reforçando o ensino de Cristo, lemos: E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos.

Javan Ferreira
Pastor e diretor do Instituto Dókimos de Teologia e Liderança