Medicina e Saúde – 286
10/05/2023Igreja
18/05/2023Deus no controle
Pesquisa revela: maioria dos brasileiros crê que a saúde está nas mãos do Senhor
Por Ana Cleide Pacheco
Os brasileiros esperam grandes avanços em descobertas científicas na área da saúde nas próximas décadas. Eles desejam que novos tratamentos surjam para todas as doenças letais, principalmente o câncer. Contudo, estão convencidos de que o sucesso nesse campo depende mais de Deus do que de cientistas ou médicos. É o que revela um levantamento realizado em 2022 pelo instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC) a pedido do laboratório farmacêutico estadunidense Pfizer. Segundo o estudo 2092 – Como o brasileiro está construindo a saúde dos próximos 70 anos, para a maior parte dos entrevistados (39%), o futuro da saúde está nas mãos do Criador. Um percentual menor (34%) acredita que o bem-estar físico depende dos médicos e somente 27% confiam que os cientistas poderão contribuir de maneira relevante no campo da saúde nos próximos anos. Ao todo, foram ouvidas 2.337 pessoas de São Paulo – capital e região metropolitana –, e das regiões metropolitanas de Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Belém (PA), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS).
Cada estado representado na sondagem apresentou particularidades dignas de destaque. Na capital baiana, por exemplo, quase metade dos entrevistados (48%) atribuiu a Deus a responsabilidade pelo futuro da saúde, 28% citaram os médicos e 25%, os cientistas. Já 36% dos porto-alegrenses mencionaram a ciência; 33%, os médicos e apenas 23% imputaram ao Onipotente o futuro de nosso bem-estar físico.
O médico José Genilson Alves Ribeiro, 64 anos, professor e coordenador da disciplina Medicina e Espiritualidade, na Universidade Federal Fluminense (UFF), aponta uma razão para tantas pessoas confiarem mais no Altíssimo do que nos profissionais da área de saúde. Segundo ele, apesar do desenvolvimento tecnológico e do avanço da Medicina nos últimos 50 anos, o número de mortes por doenças não transmissíveis, como problemas cardiovasculares e câncer, têm aumentado em todo o mundo. “Nesse contexto, quando falamos no futuro, em relação à saúde, buscamos um pouco da espiritualidade. Afinal, as pessoas estão muito mais próximas do Criador do que dos cientistas. Por isso, pautam a vida delas mais na fé do que na ciência.”
De acordo com a psicóloga Denise de Alcântara Lourenço, 63 anos, não há dúvida de que Deus e a ciência caminham juntos, uma vez que é impossível separá-los, pois Ele é o Autor de tudo o que há nos Céus e na Terra. “Em Gênesis 1.28, lemos que o Senhor deu ao homem todas as coisas para que as sujeitasse. O domínio sobre a ciência foi uma delas. O Todo-Poderoso e as descobertas científicas destinadas a curar doenças andam lado a lado, e precisamos ser gratos por isso. Mesmo os descrentes usufruem dos incríveis avanços científicos, que previnem e curam milhares de pessoas diariamente.”
A especialista ressalta que os tementes a Deus devem buscar ajuda médica, mas também precisam ir a Ele, sem temor. “Não se acomodar diante das dificuldades nos leva ao início do processo de cura. O não conformismo diante da enfermidade nos faz clamar. A doença dói no corpo, na alma e no espírito”, assinala Denise, citando o cego de Jericó, o qual, sabendo que Jesus estava passando pela cidade, clamou em alta voz, pedindo ao Messias que o livrasse da cegueira (Mc 10.46-52). “O grito do enfermo é o primeiro passo em relação à sua cura. Ele incomoda as autoridades que querem o silêncio, a morte. O doente precisa ser cuidado, necessita de atenção e de cura”, ensina ela, que é pastora jubilada da Igreja Metodista do Brasil.
“Força sobrenatural” – Na opinião da psicóloga Mônica Sinfrone Amorim da Silva Azevedo, 45 anos, o resultado da pesquisa reflete uma amálgama formada pela humanidade ao longo de milênios: a junção da crença no sobrenatural com o conhecimento da Medicina desenvolvido paralelamente. Para ela, é inegável que as pesquisas em diversas áreas da saúde nas últimas décadas tenham impactado diretamente a vida das pessoas. Em contrapartida, a especialista salienta que a fé e a religião têm permeado a existência humana ao longo de toda a História. “O homem precisa entender que é uma engrenagem – parte do mundo – e que existe uma força sobrenatural muito maior do que ele regendo todo o Universo”, afirma, destacando que há muito a ser feito. “O corpo, que é o templo do Espírito Santo, envolve a saúde física; a alma, a saúde emocional; e o espírito, a saúde espiritual. Se há equilíbrio nessas áreas, a pessoa cumpriu ou está cumprindo seu propósito de vida. São campos paralelos, mas que caminham juntos.”
Para a Pra. Alexsandra Gualberto Costa, 46 anos, auxiliar na sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Minas Gerais, uma pessoa que não esteja completa no Altíssimo jamais terá sabedoria para cuidar bem de seu corpo, de sua alma e de seu espírito. “A correria do dia a dia e o excesso de afazeres nos transforma em ‘Martas’. Segundo o evangelista Lucas [Lc 10.40, 41], Marta estava ocupada e desatenta ao que, de fato, era importante. Assim como ela, não priorizamos os cuidados necessários com o nosso corpo, a nossa mente e o nosso espírito”, lamenta a pregadora, a qual acredita que o desequilíbrio dessas três áreas é prejudicial. “Devemos sempre estar conectados com o Senhor. Desse modo, nossa mente será renovada, e nosso corpo levado cativo à vontade dEle, como ensina o apóstolo Paulo em Romanos 12.1: Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
Livre do mal – A dona de casa Adriana Gomes Tricarico Cheble, 50 anos, tem certeza de que a ciência e a fé caminham juntas. Membro da Igreja Metodista em Cascadura, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), há 25 anos ela foi diagnosticada com linfoma de Hodgkin – um tipo de câncer que afeta o sistema linfático, parte importante do sistema imunológico. A doença já estava em grau avançado e havia se espalhado pelo pescoço, tórax, abdome e pela axila. Os médicos deram início ao tratamento quimioterápico, a fim de conter o avanço do tumor, mas o prognóstico era desanimador. Caso conseguisse passar da quarta sessão de quimioterapia, não poderia engravidar, pois o processo terapêutico a deixaria estéril. Ao saber disso, a tristeza tomou conta do coração de Adriana, na época com 25 anos e casada há menos de um ano com o operador de equipamento galley [profissional que conduz caminhões que carregam alimentos e bebidas para as aeronaves] Alexandre Edson Cheble, 50 anos.
Entretanto, diante daquela sentença, a dona de casa decidiu olhar para Cristo, o Médico dos médicos, e confiar nEle. “Era convertida havia dez anos, mas nunca tivera uma experiência tão marcante com o Senhor. Em meio àquela tristeza, Deus fez com que eu me visse no altar da minha igreja, curada e dando o meu testemunho. Em meu coração, ouvi Sua voz: Você vai acreditar no que o médico diz ou na minha Palavra e no que estou lhe mostrando?”, lembra-se. Assim, decidida a confiar no bom Pastor e em Seus planos, ela continuou o tratamento.
Foram 16 sessões de quimioterapia, ao longo de um ano, e algumas cirurgias. “Nesse período, tive muitos livramentos. Não foi fácil, mas mantive a minha fé em Deus, apegando-me às Suas promessas.” Porém, após a última sessão da quimioterapia, os exames mostraram que ainda havia uma massa em seu tórax. O médico informou que mais sessões de quimio seriam necessárias, e ela teria de fazer um autotransplante de medula óssea. “Esse foi um dos dias mais difíceis. Estava com minha mãe, e fomos até à igreja dela, onde recebi uma oração da pastora, que fortaleceu a minha fé. Deus nos direcionou a buscar outro médico para ouvir uma segunda opinião.”
Assim, Adriana procurou outros dois especialistas. Ambos discordaram do parecer do primeiro profissional e disseram que aquela massa no tórax não era câncer. E uma biópsia confirmou que ela estava realmente livre da mazela. “Fiquei cinco anos sendo acompanhada até receber alta definitiva. Acreditei e sempre vou crer no poder de Deus”, declara a dona de casa, mãe de Clara, 17 anos, e Miguel, 10 anos. “Meu coração é só gratidão ao Senhor por Sua bondade e fidelidade. Claro que a Medicina e as pesquisas são importantes, mas a fé move todas as coisas, e o Altíssimo é soberano sobre tudo e todos.”
A Pra. Cristiane Aparecida da Silva Pereira, 46 anos, da Igreja da Graça em São Vicente, na cidade de Itajubá (MG), no Sul de Minas, conhece muitos casos de pessoas consideradas em estado terminal que depositaram a fé no Senhor, sendo então curadas ou obtendo melhoras significativas. “Vejo que diante de diagnósticos desesperadores e sentenças que, aparentemente, são irreversíveis, muitos se apegam ao Rei dos reis e acreditam que a fé pode curá-los. Ela nos leva a enxergar o que está além do natural, dos nossos olhos, e nos faz alcançar o milagre.”
Para ilustrar sua opinião, a ministra citou uma passagem que demonstra a ação do poder da fé no Pai celeste: a cura do servo do centurião romano (Mt 8.5-13). De acordo com o relato bíblico, o empregado daquele homem estava enfermo. “Isso o motivou a ir até Jesus pedindo-Lhe que curasse o serviçal. O Mestre queria acompanhá-lo até a casa dele, onde o rapaz jazia doente, mas o patrão julgou tal ida desnecessária, pois bastava que o Altíssimo liberasse uma Palavra, e o servo ficaria curado”, relata a pregadora, a qual lembra que, depois de ficar maravilhado com a fé demonstrada por aquele romano, Jesus Lhe disse: Vai, e como creste te seja feito. E, naquela mesma hora, o seu criado sarou (v.13). “A fé daquele centurião era tão grande que, por meio da Palavra liberada, a cura aconteceu. Creio que, da mesma forma, quando recebemos a Palavra do Senhor, e ela produz fé no nosso coração, conseguimos alcançar o milagre. Por isso, para mim, o futuro da nossa saúde está em Deus, e não nos homens”, conclui.