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01/08/2022Muitos desafios
Líderes cristãos explicam por que tantas pessoas têm dificuldade de compartilhar a fé em Jesus com parentes e amigos
Por Evandro Teixeira
Aordem de Jesus foi clara: […] Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Essa ordenança bíblica tem ecoado pelos últimos dois milênios, fazendo a fé cristã se espalhar pelos quatro cantos do planeta. Entretanto, não se trata de uma tarefa simples: muitos desafios se interpõem diante daqueles que abraçam o compromisso de compartir sua crença. Aqueles que decidem anunciar as Boas-Novas correm o risco de não serem compreendidos e sofrem preconceitos, discriminações e até perseguições. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pela Lifeway Research – organização cristã que estuda a realidade cultural norte-americana – mostrou que poucos cristãos estadunidenses compartilham a mensagem do Evangelho com não crentes. A maioria dos entrevistados (60%) afirmou que muitos de seus amigos que se dizem cristãos raramente falam com eles sobre fé.
Quanto ao desafio de partilhar a Palavra, não há muita diferença entre a realidade dos EUA se comparada com a do Brasil. Mesmo não havendo uma investigação semelhante aqui, é certo afirmar que, nas duas nações, há democracia e liberdade de culto, e é permitido falar de Jesus sem empecilhos. No entanto, assim como lá, é possível dizer que, em nossa nação, os cristãos precisam ultrapassar, diariamente, certas barreiras para anunciar a Mensagem. “Há quem tenha vergonha ou julgue a fé como um tema de foro íntimo”, pontua o Pr. Reinaldo Vieira Lima Júnior, líder da Igreja Batista 21, no bairro Casa Verde Alta, na zona norte de São Paulo (SP), acrescentando que alguns podem entender como desnecessário falar de Jesus, uma vez que o Brasil já é um país majoritariamente cristão e que muita gente já ouviu o Evangelho.
“Amor de Deus” – O Pr. Vinícius Guedes Gomes, líder da Igreja do Evangelho Quadrangular de Cacuia, em Nova Iguaçu (RJ), acredita que muitos cristãos temem se envolver em questões religiosas polêmicas. Segundo ele, atualmente, quando alguém compartilha o Evangelho, dependendo da forma como fala, pode ser mal interpretado e até acusado de intolerância religiosa. Gomes, porém, ressalta a importância de o cristão respeitar a crença das pessoas quando for compartilhar a sua fé. “A intolerância religiosa se configura quando não há respeito entre as partes. Temos de mostrar para as pessoas o amor de Deus”, pondera o pastor. Ele ressalta que o cristão precisa buscar no Todo-Poderoso sabedoria antes de abordar um não crente, pois, acima de qualquer circunstância, estão os planos divinos, que nunca serão frustrados. “O Senhor tem os Seus caminhos para fazer cumprir a Sua vontade. Somente o cristão movido pelo Espírito Santo não se mostra tímido na hora de falar de Deus.”
Já o Pr. Nelson Leomar Geweht, da Igreja Batista Central em Ilha Solteira (SP), acredita que a falta de amor a Deus e ao próximo seja o problema central. “Cristo deve ser o nosso maior amor. Enquanto não O amarmos acima de tudo, dificilmente teremos sucesso na vida cristã, muito menos no compartilhamento da nossa fé.”
A Pra. Laís Bessa, líder da Igreja Metodista em Santa Maria Madalena (RJ), concorda com o Pr. Nelson Geweht. Ela lembra que Deus é amor (1 Jo 4.8) e acredita que amar o semelhante é a melhor forma de testemunhar dEle. “Muitas vezes, por meio de nosso comportamento, as pessoas fazem uma espécie de leitura da Palavra”, observa Bessa, fazendo referência à famosa frase atribuída ao evangelista norte-americano Billy Graham (1918-2018): Somos as Bíblias que o mundo está lendo. Somos os sermões aos quais o mundo está prestando atenção. Tendo como pano de fundo o amor e o bom testemunho de vida, a pastora defende que a mensagem evangelística seja simples, focada no estímulo à fé. “Cristo é Aquele que Se preocupa com as dores dos seres humanos”, acrescenta.
Falar do Messias e de Seu amor não requer profundo conhecimento bíblico ou qualquer outra habilidade humana. Basta saber quem é Jesus, o que Ele fez na cruz (reconciliando o homem com Deus). É o que defende a Pra. Juliana de Sousa Barbosa, líder estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Goiás. “Temos de apresentar o Evangelho que realmente leva salvação, e não condenação”, diz ela, citando as palavras do Salvador em João 3.17: Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. A ministra lembra que a pregação será eficaz se o cristão estiver cheio do Espírito Santo. Isso porque é por meio dEle que os servos fiéis se transformam em instrumentos poderosos, usados pelo Senhor na missão de propagar o Evangelho.
Como Ele é – Foi assim que, ainda na adolescência, a secretária Laila de Oliveira Siqueira, 35 anos, levou a Cristo uma colega de classe, a também secretária Luciana Gonçalves Vieira, 35. Laila nascera em um lar cristão e, aos 12 anos, tinha feito sua pública confissão de fé, por meio do batismo nas águas. Na escola, sempre procurava dar bom testemunho e falar de Jesus aos colegas. Luciana era uma das ouvintes mais resistentes. Não escondia o que pensava acerca de qualquer conversa sobre o Messias: achava que era uma grande perda de tempo. “Esse tipo de reação não me fazia mudar de ideia. Continuava mostrando minha identidade cristã a quem quisesse saber. Dar um bom testemunho é essencial para convencer as pessoas acerca da fé que professamos”, defende Laila.
Algum tempo depois, Luciana aceitou Jesus como Salvador, por meio do testemunho da amiga de turma. “Apesar de ter sido muito crítica e resistente naquele tempo, Laila nunca desistiu de mim”, alegra-se Luciana, recordando-se de que, na época, ambas tinham 16 anos. Hoje, as duas continuam firmes na fé e são membros da Igreja da Graça de São Lourenço (MG). Luciana ressalta que, por intermédio da amiga, conheceu o Senhor como verdadeiramente Ele é. “Antes, fantasiava o Altíssimo como um ser velho e punitivo. A convivência com Laila me fez acreditar na existência de um Deus que Se importa com as nossas necessidades”, pontua.
O Pr. Danilo Gomes Rogério, líder regional da IIGD em Campos dos Goytacazes (RJ), defende que, ao compartilhar a fé, o cristão deve falar sobre suas experiências com o Senhor. “Uma das consequências de uma vida cristã de qualidade é receber bênçãos dEle”, assinala o ministro, destacando que desenvolver intimidade com o Senhor e com a Sua Palavra também é fundamental. “A alegria de servir ao Eterno faz o cristão se sentir naturalmente motivado a falar de sua fé.”
Entretanto, Danilo Rogério reconhece que sempre haverá aqueles que terão dificuldades de se engajarem no evangelismo e, por isso, acredita que cada congregação local opere de maneira a orientar seus membros a compartilhar a fé com os demais ao seu redor. “Em minha igreja, tenho procurado estimular essa prática para que tenhamos cada vez mais pessoas impactadas pelo poder de Deus”, pontua. O pastor destaca que essa tarefa deve ser realizada com sabedoria e discernimento. De acordo com o líder, os cristãos fervorosos devem inflamar os que estão começando na fé para que eles vivam verdadeiramente a Palavra e, assim, compartilhem o Evangelho com amigos e parentes. “Precisamos pregar a Palavra e mostrar, com obras, a nossa fé.”
Palavra de salvação
Ao falar de Deus com amigos e parentes, por vezes, o cristão pode não saber que referência bíblica usar. Veja alguns textos que podem ser citados na hora de compartilhar o Evangelho:
Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3.23,24).
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 6.23).
Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem, o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo (1 Tm 2.5,6).
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8,9).
Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus (Jo 1.12).
Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1 Jo 1.8,9).
(Fontes: Bíblia Sagrada)